Por Miranda Sá

“Eu sabia que seria cassado. Só não sabia que ia ser por esse número cabalístico. Foram os 300 picaretas do Lula mais os treze do PT” (Roberto Jefferson)

Tempos atrás (aliás, muito tempo atrás…), quando iniciei meus trabalhos em redação de jornal, os repórteres que recebiam “agrados” (propinas) de pessoas que queriam influenciar matérias, eram chamados de “picareta”.

Era uma alusão à ferramenta usada para arrancar pedras, escavar a terra ou derrubar paredes e muros. Dicionarizado, o verbete Picareta é um substantivo feminino de diversos significados abrasileirados que vão do enxadão e chapéu de palha ao vigarista, mas a versão, em sua origem, é portuguesa.

Vem da formação do idioma e é usada até hoje em Portugal na forma de “pícaro”, referindo-se a bêbado, irresponsável, vagabundo e velhaco. Do “pícaro” veio o “picareta”, e foi incorporada à gíria brasileira como aproveitador, embusteiro, marreteiro, mentiroso e safado.

Os ardis dos picaretas deram origem ao termo “picaretagem”, ação que visa burlar, enganar, fraudar, iludir, trapacear… Desde as capitanias hereditárias a História registra casos de picaretagem dos capitães, dos governadores-gerais, nas câmaras do Império e na República em todas as suas fases, antiga, nova e novíssima…

O expediente para obter vantagens na política é praticado de todo lado nos três poderes republicanos, sendo mais visível no Legislativo. Quando ainda conseguia enganar a população brasileira, o pelego sindical Lula da Silva fez uma referência aos “300 picaretas do Congresso Nacional” – com os quais, ao assumir a presidência da República, se aliou e aprimorou o assalto ao Erário.

A picaretagem se refere, também, a ações políticas e jurídicas questionáveis. O próprio Lula quando presidente editava medidas provisórias com brechas para favorecer banqueiros e empreiteiros e com elas usufruir propinas, segundo delação do seu ex-ministro Antonio Palocci.

Tudo o que é feito de maneira a proporcionar vantagens aos que ocupam cargos públicos é picaretagem, e o maior exemplo disto está no STF, com alguns ministros interpretando a Lei conforme o interesse dos seus bandidos de estimação; nas casas do Congresso, parlamentares legislando em causa própria com os criminosos fundos partidário e eleitoral.

Estes “fundos” são realmente criminosos. Pena que não se leve um questionamento ao Supremo sobre isto: o contribuinte ser extorquido por partidos e políticos com os quais não concorda; agora mesmo, o relator do Orçamento de 2020, o deputado cearense Domingos Neto está propondo ampliar valor do “fundo eleitoral” para R$ 3,8 bilhões. TRÊS BILHÕES!

Quer dizer que os picaretas dos treze partidos que apoiam este assalto, PP, MDB, PTB, PT, PSL, PL, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, DEM e Solidariedade querem que a gente financie a sua campanha eleitoral, além de chuparem as verbas do famigerado e não menos criminoso “fundo partidário” que nós pagamos para mordomias dos donos de partidos.

Esta outra mamata revoltante é fruto da leniência feita em nome da Democracia pela execrável Constituição de 88 – que deve ser mantida, sem dúvida, até que tenhamos outra -, o tal “fundo partidário” que tem a previsão no orçamento para 2020 de outros TRÊS BILHÕES.

Os brasileiros pagarão para o PT vender o País para Cuba e Venezuela R$ 350 milhões e para o PSL, partido que cresceu às custas do presidente Jair Bolsonaro, terá R$ 359 milhões. É a polarização da roubalheira.

O roubo oficial, legalizado, se mantém sob a capa leniente dos três poderes republicanos e o silêncio dos seus cúmplices levando-nos a pensar como o anarquista Piotr Kropotkin que dizia haver duas correntes de pensamento em conflito na sociedade humana: uma pela liberdade e bem-estar do povo; outra, das elites e dos governantes dominadores para explorá-lo”.