Por Mauricio Salkini –
Sou um observador de personalidades e comportamentos, costumeiramente faço correlações entre essas características e atividades profissionais. O empreendedor precisa entender de gente, e mais que isso, precisa gostar de gente. Esse é o meu modo de desenvolver a ciência humana.
Certo dia, peguei o Uber na cidade vizinha de São Gonçalo, e o motorista não seguia o mapa em tempo real, que identificaria potenciais problemas, acidentes e/ou engarrafamentos à frente, no caminho do meu compromisso com horário apertado. O trânsito no grande Rio de Janeiro anda (ou para) cada dia pior. Quando eu questionei a ele sobre seguir o mapa, a resposta foi imediata, intransigente e cheia de convicções: “eu conheço este caminho. O faço há mais de 20 anos”.
“Meu caro piloto, você não consegue saber o que está acontecendo neste momento, à frente. Seus 20 anos de experiência ainda não te levam ao futuro sem um aplicativo gratuito e disponível neste smartphone que solicitei a corrida”, foi a resposta produzida internamente, sem proferir para não ferir. Diante da minha intolerância preferi o silencio.
Quem explica ao franqueado que paga (e não é barato), a taxa de franquia e por ela recebe todos os manuais, procedimentos, fornecedores, produtos, insumos, equipamentos definidos, mas constrói teses de resistência?
Quem explica ao motorista que tem eletronicamente todas as suas relações de consumo estabelecidas com o passageiro, mas se nega a seguir a rota curta e rápida proposta pelo mesmo aplicativo?
Outro dia, num podcast, levantaram a possibilidade dos fornecedores homologados pelas franqueadoras serem mais caros, porque teoricamente teriam que pagar para entrar na rede. Quem escolhe entrar para o franchising estará participando de um coletivo que compra em volume, logo me parece obvio que terão preços mais competitivos, comparados aos encontrados individualmente no mercado.
Existem exceções no sistema de franquias, como qualquer outro sistema.
Já teve franqueador que determinava os fornecedores, e era sócio, de empresa de obras/construção. A obra custava caro e o atendimento era o pior possível. Exceção! As regras apontam para a escolha dos fornecedores com menores preços, desenvolvimento de produtos exclusivos e com qualidade superior, prazo maior de pagamento e atendimento melhor, simplesmente por termos mais volume. As regras do jogo são os benefícios para o franqueado, porque pagamos royalties para usufruí-los.
As convenções são patrocinadas por grandes players, custam caro e certamente rateiam este investimento no volume vendido à rede de franqueados. Não existe almoço grátis. O franqueador que consegue melhores taxas, produtos personalizados, preços baixos, atendimentos ágeis e prazos, deve remunerar-se por um percentual das compras da rede. É justo! Não vejo nenhum problema, parabéns para o franqueador.
Pensar nos ganhos da franqueadora não te fará mais rico, inclusive desejo que a rede esteja saudável financeiramente, com ótimos retornos para os sócios. O que garantirá o sucesso no franchising será a SUA (no maiúsculo para te responsabilizar) escolha por redes sérias e a dedicação do franqueado na operação.
Também já fui questionado quanto a utilização dos aplicativos de mapa em tempo real, me dizendo que nos colocaria dentro de comunidades. Ora, o carro dirigido por mim só vai até onde eu decido ir. Os carros autônomos ainda estão em testes. O mesmo poderia ocorrer com os mapas impressos (off-line) que comprávamos nas bancas de jornal para rodarmos onde não conhecíamos.
Definitivamente no Rio de Janeiro eu só trafego nas ruas e estradas que conheço ou onde avalio não me colocar em risco. A decisão que tomo, privilegia a minha segurança em detrimento da possível rapidez em fugir do engarrafamento. Nas franquias a dica é pela pesquisa e por consultas aos franqueados já estabelecidos para prestigiar a prática em detrimento da teoria do vendedor da taxa de franquia.
O “on” ou “off” pode descrever rotas, que só serão percorridos se VOCÊ resolver faze-las. A escolha será sua! No entanto, você pode decidir com mais informações (ajuda dos aplicativos e de pesquisas) ou com certezas do passado, que no meu caso foram literalmente paradas em um acidente que “acabara de acontecer”, me impedindo de chegar na hora.
As estradas do passado (experiências) podem não te avisar dos acidentes a frente. Contem com a tecnologia, com esta coluna, com o Clube Empreendedor, com a ABF e comigo para o percurso no ecossistema das franquias, mas não abra mão do seu protagonismo e responsabilidade.
MAURICIO SALKINI é administrador, poeta, palestrante e empreendedor desde de 1994, com experiência em franquias: Bobs, Kopenhagen e Rei do Mate. Participa do Conselho de franqueados (RM) do Rio de Janeiro. Implantou mais de 15 negócios no franchising, localizados em shopping, supermercado, rua e estação de transportes – barcas, trem e metrô. Inovou na operação de franquias dentro das embarcações Rio X Niterói, um verdadeiro desafio marítimo, e em projetos vencedores do Prêmio Ser Humano ABRH-RJ: Treinamento Cult (2019) e Primeiro Trabalho Decente (2021). Reconhecido (2022) pelo Selo Diversidade/ Prefeitura Municipal de Niterói (RJ), na área de Direitos Humanos, pelo desenvolvimento de trabalhos com a juventude preta e mulheres em posição de destaque na empresa. Produz conteúdo diariamente no Linkedin, conciliando Empreendedorismo com questões sociais, propondo para os franqueados/ Varejistas avanços práticos e sustentáveis na pauta ESG, debatendo sustentabilidade, DEI e greenwashing. Tem artigos publicados na revista RPS/ Universidade Federal Fluminense, e nos portais: Central da Franquia e Grupo RH-LF. Escreveu artigos para os livros: “Pedagogia Social – Educação sem fronteiras” e “As melhores práticas em Gestão de Pessoas” (org. ABRH-RJ). Colunista semanal do jornal Tribuna da Imprensa Livre. https://linktr.ee/msalkini
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