Por Sérgio Alves de Oliveira –

“Os cafajestes” foi um sensacional filme (drama) brasileiro, produzido em 1962, escrito e dirigido por Ruy Guerra. Foi estrelado por Norma Benguell, interpretando “Leda”, que protagonizou o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, e mais Jesse Valadão (Jandir), e Daniel Filho (Vavá).

Foi um dos filmes brasileiros de maior bilheteria de todos os tempos, obtendo, durante os primeiros dez dias em que foi exibido nos cinemas, até ser cancelado pela censura, um público de dois milhões de pagantes. Após a censura, o filme foi liberado.

Jandir era um jovem carioca de origem humilde. Seu amigo, Vavá, um “playboy”, dos mais “autênticos”. Ambos vivem no submundo das drogas e da exploração de mulheres, em Copacabana. Mas a situação de Vavá acaba se tornando crítica. Seu pai, um banqueiro, está prestes a falir. Para o folgado  “playboy”, isso representaria também a “quebra” das suas generosas mesadas.

Durante um fim de semana, os dois amigos planejam chantagear o tio de Vavá, tirando fotografias comprometedoras de Leda (Norma Benguel),que era sua amante.

A seguir eles se dirigem à Barra da Tijuca, com  Jandir dirigindo o carro, e Vavá escondido no porta-malas. Após a sessão de fotos, com Leda vestida só de “areia”, ela acaba sendo estuprada.

“Os cafajestes”, portanto, eram os “gigolôs” Jandir e Vavá.

Certamente, na década de sessenta, esse filme teve grande sucesso  de bilheteria  e despertou enorme  curiosidade do público, em virtude do personagem “cafajeste” não ser nada comum na época, o que forçou o autor a fazer “milagres”, inúmeros “malabarismos”, e ter muita criatividade para  construir os seus  personagens “cafajestes”.

Mas passados  58 anos desse  filme, a riqueza dos novos “cafajestes”, dessa vez “reais”, que surgiram nesse período, especialmente  dentro da política e dos Três Poderes da República Federativa do Brasil, forneceria, se fosse o caso, a Ruy Guerra, que escreveu e dirigiu “Os cafajestes”, uma gama infindável de “personagens” novos, mesmo um “exército” deles, e seu filme jamais teria o impacto e sucesso que teve antes, em virtude da “vulgarização”e “massificação” da “cafajestada”, das pessoas sem caráter, dos que se comportam de maneira vil, dos  desprezíveis, e dos canalhas, que surgiram de lá para cá, e das suas tranquilas acomodações na sociedade brasileira.


Sérgio Alves de Oliveira é Advogado e Sociólogo. Enviado por Antonio Duarte da Costa – Campinas – SP.