Por Carlos Newton

Dava para notar o constrangimento do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro Paulo Guedes durante o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no salão do Planalto, perante todo o Ministério e um convidado especial, o deputado Hélio Lopes, também conhecido como Hélio Bolsonaro ou Hélio Negrão, uma espécie de ministro informal, se é que isso exista.

No início Mourão não aparecia na imagem amadorística transmitida pela Rede Brasil. Somente eram focalizados os que estavam ao lado do presidente, mostrando Onyx Lorenzoni e Damares Alves quase caindo no sono. Quando o cinegrafista enfim abriu a imagem, pegando quase todos os ministros (apenas Abraham Weintraub, da Educação, ficou fora de foco, talvez por estar sem paletó e gravata), o vice-presidente Hamilton Mourão enfim surgiu na telinha, visivelmente contrafeito.

BATEU PALMAS – Apesar do constrangimento, foi Mourão quem puxou palmas protocolares ao final do desastrado pronunciamento presidencial, que na verdade está destinado a ficar conhecido na História Republicana por marcar o início do fim do governo de Jair Bolsonaro.

O resultado catastrófico do discurso foi expressivamente sentido aqui na Tribuna da Internet, com grande número de antigos defensores de Bolsonaro jogando a toalha, como já acontecera com o ator Carlos Vereza, que afirmou: “Chega! Não dá mais para aguentar…”

Desde o início do governo, quando o presidente começou a botar os pés pelas mãos, ao preferir obedecer ao guru terraplanista Olavo de Carvalho e ouvir os três patéticos filhos, ao invés de se aconselhar com ministros competentes, como Gustavo Bebianno e Santos Cruz, assinalamos que o fato concreto é que Jair Bolsonaro é do tipo autocarburante. Não precisa haver oposição nem ninguém acender o fósforo, porque ele entra em combustão por si próprio. E foi rigorosamente o que aconteceu.

IMPEACHMENT INEVITÁVEL – Agora, vamos olhar para a frente, porque o impeachment é inevitável. O ministro-decano do Supremo, Celso de Mello, já deu prazo para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se manifestar sobre os vários pedidos que se acumulam na Mesa Diretora.

E nessa sexta-feira o mais jovem ministro, Alexandre de Moraes, proibiu que sejam removidos os delegados da Polícia Federal que estão investigando as fake news e a manifestação do último domingo, crimes que envolvem os filhos de Bolsonaro e o próprio presidente, que insanamente aceitou prestigiar o ato público golpista, realizado bem diante do intocável território do Forte Apache, Quartel-General do Exército, ousadia que os militares jamais perdoarão a Bolsonaro.

Em tradução simultânea, não haverá golpe. O presidente Bolsonaro sofrerá impeachment e a vida seguirá em frente, como dizia João Saldanha, com o general Hamilton Mourão à frente de um governo revolucionário e democrático, algo de novo na política universal.

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P.S.
 – Sempre atento, o jurista Jorge Béja nos manda mensagem fazendo a seguinte pergunta: “Moro falou dentro do Ministério da Justiça (instituição civil, portanto). Então, o que faziam aqueles dois paraquedistas fardados para o combate, de boina vermelha ao lado,  bem próximo à mesa onde Moro se sentou e falou? É uma simbologia grave. Ameaçadora”.

P.S. 2 – Como sempre, concordo com o Dr. Béja, que é uma espécie de guru da Tribuna da Internet. Realmente, foi uma simbologia grave, mas está tudo sob controle. Quando Bolsonaro for afastado, o vice Mourão vai assumir e o Brasil retomará seu caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, em  democracia plena. Podem acreditar.


Carlos Newton é jornalista, editor do blog Tribuna da Internet / Enviado por Paulo Peres da Silva – Rio de Janeiro (RJ)