Por Sérgio Cabral Filho –
Somos anfitriões do G20, o grupo das nações mais ricas do planeta. Os chefes de estado, seus assessores e ministros estão no Rio, a cidade mais bonita construída por Deus.
Espero que o Rio, “cidade da beleza e do caos”, como nos versos cantados pela cantora carioquíssima e vascaína Fernanda Abreu, inspire as decisões dos poderosos governantes.
O mundo é injusto, assim como o Brasil e o Rio, na sua distribuição de riquezas. O fenômeno da globalização pós queda do bloco socialista patrocinado pela ex-União Soviética, que também desmoronou pela ineficácia do estado desejoso de controlar os meios de produção, levou o capitalismo ocidental ao seu ápice.
O que houve de novo no planeta nas últimas décadas, em termos de paisagem humana, foi a revolução chinesa em incluir mais de 600 milhões de pessoas no mercado de consumo. Fora isso, pelo mundo só concentração de riquezas nas mãos de poucos agravada pela explosão disruptiva da tecnologia da informação e seus poucos proprietários, novos barões do ocidente. Até nesse aspecto a China se protegeu de Elon Musk , Zuckerberg, Bezos e cia, impedindo o domínio de aplicativos e serviços nas mentes de mais de 1,2 bilhão de chineses. Deng Xiao Ping, o maior gestor público do mundo nos últimos 50 anos, afirmava que “não importa a cor do gato, desde que comam os ratos”. E assim a China traçou suas relações com o mundo capitalista.
Centenas de milhões de pessoas no mundo passam fome extrema todos os dias. Gente que não tem o que comer, muito menos obter trabalho e remuneração minimamente dignas. A África foi esquecida pelas nações ocidentais. Ditadores africanos extraem as riquezas do solo africano para benefício próprio e de seus aliados e apaniguados. Não se vê uma ação significativa de enfrentamento por parte dos países ricos para mudar a vida do povo preto da África. A China é, hoje, o único país com presença significativa e marcante no continente, com investimentos tanto na exploração de commodities como em portos, estradas e logística.
Na América Latina há bolsões impressionantes de miséria e desesperança. As cenas chocantes de caravanas de famílias que vagam por cidades e países da América Central em direção ao México e sua fronteira com os Estados Unidos em busca de novas oportunidades não chocam mais, a não ser cenas muito, mas muito desumanas que ocupam minutos do noticiário e das redes sociais, para em seguida ser esquecidas. E o que é pior: Trump teve entre seus highlights de campanha eleitoral o racismo explícito aos nossos irmãos latino-americanos em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos, e o povo americano o aplaudiu e deu a ele um cheque em branco para ocupar a Casa Branca e o Capitólio. Eleitores norte-americanos de origem hispânica o aplaudiram em estados cuja formação étnica dos últimos 100 anos é oriunda da América Latina. Inacreditável o egoísmo humano e a falta de empatia.
Xi Jinping acaba de liderar a abertura da América do Sul pelo Peru. Corredor logístico que dará outra dinâmica às relações comerciais, culturais e humanas com o gigante asiático e nosso continente.
O mar Mediterrâneo é singrado por iates de bacanas no verão, e o ano inteiro por barcos precários com seres humanos desesperados e amontoados, oriundos do Oriente Médio, da Ásia e da África em fuga de salvar-se de guerras fratricidas e da miséria de seus países de origem. A direita cresce ao amplificar pânico na classe média de países médios e ricos assustada pela possibilidade de ter que compartilhar e, eventualmente, perder espaço para novos imigrantes. Esquecem de onde vieram seus pais, avós e ancestrais. Empatia zero!
Dois dias de G20 com Biden, derrotado e, portanto, manco, com os dias contados para passar o bastão ao vitorioso republicano Donald Trump, no dia 20 de janeiro. Já Xi Jinping tem o dever de liderar o G20, junto com Lula, e os demais líderes na direção de um mundo mais justo.
PS: em 1981, o capitão Machado e o sargento Rosário, do exército brasileiro, se explodiram com bombas endereçadas a 20 mil pessoas que se encontravam dentro do Riocentro no show Primeiro de Maio.
2024, o psicopata extremista Francisco Wanderley se explodiu com bombas endereçadas ao Supremo Tribunal Federal.
Graças a Deus, os idiotas extremistas da direita brasileira se explodem por si mesmos.
SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.
Instagram @sergiocabral_filho
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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