Por Osvaldo González Iglesias –
No mundo sombrio e provocativo de “Black Mirror”, a série antológica criada por Charlie Brooker, a inteligência artificial (IA) é frequentemente apresentada como uma força perturbadora e ameaçadora. Dos implantes cerebrais aos algoritmos que determinam a nossa vida social, a IA em “Black Mirror” é um reflexo aterrador dos possíveis rumos que poderíamos tomar no nosso futuro tecnológico. Mas e o mundo do cinema e da simulação? Como poderia a IA influenciar estas áreas e o que isso significa para a indústria e os trabalhadores?
Uma olhada no Black Mirror
Antes de nos aprofundarmos no mundo real da IA e seu impacto no cinema e na simulação, vamos dar uma olhada em alguns dos retratos mais memoráveis da IA em “Black Mirror”. Episódios como “Be Right Back”, onde uma viúva usa uma versão virtual de seu falecido marido através de seu perfil de mídia social, ou “White Christmas”, onde a consciência de um homem se torna um assistente virtual, exploram como a IA pode afetar nossas vidas e emoções em maneiras surpreendentes e muitas vezes aterrorizantes.
IA no Cinema
Hoje, a IA começa a desempenhar um papel crucial na indústria cinematográfica. A IA é usada para auxiliar na tomada de decisões na pré-produção, desde o elenco até a previsão de sucessos de bilheteria. Também tem sido utilizado para criar efeitos visuais e personagens digitais, reduzindo custos e tempo de pós-produção.
Um exemplo notável é o uso de IA no filme “O Irlandês”, de Martin Scorsese, onde os atores Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci foram rejuvenescidos digitalmente para representar diferentes idades ao longo do filme. Isto marcou um marco na aplicação da IA na indústria cinematográfica, mas levanta questões sobre o futuro dos atores humanos e a ética por trás destas performances digitais.
IA em Cinema e Simulação: Amigos ou Inimigos?
A inteligência artificial tem o potencial de mudar drasticamente o mundo do cinema e da simulação. Por um lado, pode tornar a criação de efeitos visuais mais acessível e eficiente, o que poderá reduzir os custos de produção e abrir novas possibilidades criativas. Por outro lado, a IA também pode ameaçar empregos na indústria do entretenimento.
Algoritmos de geração de scripts, por exemplo, podem criar histórias atraentes em pouco tempo. Isso poderia simplificar a escrita do roteiro, mas também poderia levar à saturação do conteúdo e à perda de originalidade. Além disso, a IA poderia gerar música e efeitos sonoros, o que impactaria compositores e designers de som.
Quanto à atuação, a IA poderia recriar atores digitais de forma tão realista que seria difícil distingui-los de humanos reais. Isto poderia ser uma vantagem para a indústria em termos de redução de custos e da capacidade de manter os atores seguros em cenas perigosas, mas levanta preocupações sobre a substituição de atores humanos e a perda de empregos de atores.
Alternativas para sustentar a fonte de trabalho
Para mitigar o impacto negativo da IA na indústria cinematográfica e de simulação, é essencial considerar estratégias alternativas. Uma opção é capacitar profissionais para trabalhar com IA e utilizá-la como ferramenta complementar e não como ameaça. A criatividade humana continua insubstituível e a IA pode ajudar a melhorá-la.
Além disso, a indústria pode se concentrar na criação de conteúdo exclusivo e de alta qualidade que seja difícil de ser replicado pela IA. Os criadores podem procurar oportunidades para contar histórias e desenvolver experiências que explorem a singularidade e a emoção humana, aspectos que a IA ainda não consegue igualar totalmente.
Em suma, embora a inteligência artificial possa ser uma força disruptiva no mundo do cinema e da simulação, também pode ser uma ferramenta poderosa e criativa. O segredo é encontrar o equilíbrio entre eficiência e originalidade e formar profissionais para aproveitar ao máximo essa tecnologia. Em vez de temer a IA como faz “Black Mirror”, podemos usá-la para alimentar a criatividade e proporcionar experiências únicas que continuam a cativar públicos em todo o mundo.
Tradução: Siro Darlan de Oliveira.
OSVALDO GONZÁLEZ IGLESIAS – Escritor e Dramaturgo. Director do jornal eletrônico Debate y Convergencia, correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre na Argentina.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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