Por Isa Colli –
Sofrer atos de violência física ou psicológica é mais comum do que se imagina, especialmente no ambiente escolar. Muitas crianças e adolescentes sofrem com esse tipo de tortura física ou verbal, o que prejudica o desenvolvimento e impede a interação e convivência respeitosa entre os estudantes. Já foram inclusive divulgados casos em que vítimas de bullying cometeram suicídio.
A solução para esse grave problema é a conscientização das crianças desde as primeiras turmas, pois nesta fase ela está receptiva ao aprendizado e pode ser uma muitiplicadora de atos de empatia. Isso é importante principalmente porque as agressões geralmente são praticadas longe do olhar do corpo docente, por mais preparado que ele seja.
Então, a entrada ou saída das aulas é desafiadora e triste para aqueles que sofrem assédio moral e humilhações que podem interferir no desenvolvimento emocional e abrir feridas difíceis de cicatrizar. Alguns agressores mais ousados chegam a humilhar a vítima durante as aulas, de forma velada, mas cruel, com gestos, bilhetes e olhares maldosos. Percebem a fragilidade da vítima de bullying e querem mostrar poder. Muitos psicólogos afirmam que alguns praticantes de bullying podem esconder problemas sérios de insegurança e autoafirmação inerentes à idade e alguns transferem para os colegas as agressões que sofrem no seio familiar.
Mas existe ainda uma minoria de mente perversa, e às vezes doentia, que sente prazer na maldade. Geralmente indisciplinados, criados sem limites e protegidos pelas costas quentes de seus tutores, agem com consciência de seus atos e convencidos da impunidade e da certeza de poder reincidir. Eles sabem que suas vítimas não gostam de suas atitudes, mas agridem como forma de se destacarem no grupo de convívio e assumirem uma falsa liderança, acreditando que o poder dos seus atos vai torná-los mais populares.
A maioria das vezes são inseguros e escondem a insegurança através dessas agressões estúpidas e descabidas.
Muita gente diz que sempre existiu bullying e que ninguém nunca morreu por isso, mas essa é uma afirmação leviana. Muitos adultos trazem na alma as cicatrizes, muitas delas ainda sangrando, por causa da violência que sofreram na infância. A sala de aula é um lugar onde coisas boas e ruins acontecem, marcando para sempre a vida das pessoas, e cabe aos educadores garantir que seja um lugar de inclusão e empatia . É realmente preciso ir além do ensino pedagógico convencional e orientar para a convivência harmoniosa e respeito às diferenças. O maravilhoso de tudo isso é que a escola pode ser agente de mudanças. Olha que coisa maravilhosa!
Ensinar sobre o bullying na escola é preparar homens e mulheres do futuro para encararem essa violência que pode acontecer em qualquer ambiente onde existe o contato interpessoal, seja no clube, na igreja, na própria família ou na escola. É fortalecer toda uma geração para exigir o tratamento que merece.
Considerando sua proliferação nos últimos anos no Brasil e no mundo, o bullying está em pauta e vem ganhando importância na mídia e colocando a sociedade em alerta para esses acontecimentos. Há cada vez mais ações e campanhas que alertam para a inadequação dessa prática excludente e dolorosa.
Na escola, as principais vítimas são os alunos novatos, os tímidos, os que se destacam pelas boas notas, os negros, índios e estrangeiros, além das pessoas com deficiência, os gordos ou excessivamente magros. Enfim todos aqueles considerados fora de um padrão estúpido que querem impor.
Geralmente, as vítimas do bullying têm vergonha e medo de falar à família sobre as agressões que estão sofrendo e, por isso, permanecem caladas, sofrendo num silêncio doloroso e avassalador.
Se o seu filho se recusa a ir para a escola, vive isolado, não quer mais comer, não dorme direito, reclama de dores de cabeça, diminui o rendimento na sala de aula, apresenta febre e tremor com frequência, perdeu a alegria e está cada dia mais isolado, é hora de agir. Comunicar à escola imediatamente é o correto. Ele pode estar sofrendo bullying.
Caso as agressões continuem, transfira seu filho para outra escola. O educador incapaz de perceber, reprimir e extinguir esses atos agressivos das suas dependências não tem condições de ensinar o seu filho. Ficar atento é o caminho.
***
O livro da jornalista e escritora Anete Lacerda aborda o tema de forma clara e objetiva. Vale a pena conferir a história no YouTube com o macaquinho Micolino https://youtu.be/epATgfWhgIM
ISA COLLI – Escritora ítalo-brasileira, de Presidente Kennedy, Espírito Santo, atualmente reside em Bruxelas, na Bélgica. Jornalista, membro do Conselho Consultivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Começou a escrever aos 12 anos, sempre preocupada com o futuro do meio ambiente, e como ensinar as crianças a preservá-lo, atenta aos anseios humanos e às suas dúvidas em relação à vida. Seu primeiro livro foi editado em 2011. O romance, ‘Um Amor, um Verão e o Milagre da Vida’. Porém a partir de 2013, consagrou seu tempo à literatura infantil e conta em 2019 com mais de dez títulos editados, que abordam temas como a sustentabilidade e a necessidade de proteção ao meio ambiente, o respeito pelo próximo, a tolerância às diferenças e a valorização do consumo de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. A autora tem por alicerce a família, em especial, o esposo José Alves Pinto e os filhos Valdeir e Philip. E o sonho de transformar o mundo por meio da escrita, que é o seu principal combustível.
MAZOLA
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