Por Sérgio Vieira –

Portugal / Europa – Séc. XXI.

Nos meus raros eventos sociais tenho tentado colher opiniões de amigos oriundos das mais diversas classes sociais, profissionais e políticas, sobre o tema: “O que vocês acham do Bolsonaro”?. E inexoravelmente ouço as piores das opiniões, ou seja, unanimemente motivo de críticas sob os adjetivos mais variados e observações que me envergonham enquanto cidadão brasileiro. Quanto aos adjetivos, e sem exceção, são pejorativos passando por: escroque, miliciano, populista, demagogo, ditador, retrógrado, reacionário, negacionista, verme e mais alguns que vou omitir por falta de espaço nesta crônica.

Quanto à observação, é sempre a mesma. Como vocês puderam eleger tamanha abantesma (monstro) para governar um país daquele tamanho, com tantas riquezas. País em que não falta nada em termos naturais, que é dono do pulmão do planeta, que tem o maior lençol freático do mundo, país que chega a ter três colheitas por ano, quando nós por aqui para termos somente uma colheita perfeita por ano precisamos que as condições climáticas corram muito bem.

Charge do Bruno Aziz (A Tarde – BA)

Pelo lado mal das observações, vem à baila inevitavelmente a violência. Violência essa, que graça por todo o país, principalmente pelas grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, mas que deixa e tem rastos por todo o país, espantando aquilo que poderia ser fonte de grande riqueza para os cofres de cada região, o turismo.

Sou obrigado a concordar com tudo o que ouço e abano a cabeça numa afirmação triste e positiva ao que me dizem.

Outro fato que não entra na cabeça de pessoas civilizadas é a proliferação das favelas nas grandes cidades. Noutro dia, fui confrontado com uma pergunta feita por um amigo espanhol que me perguntava meio confuso se era real que o Rio de janeiro tinha mais de setecentas favelas. Não soube responder. Não soube responder! por que na realidade não sei quantas são. Ele disse que viu/leu num jornal espanhol esse número, e então foi tentado a me perguntar se tal era verdade, e como era a vida de milhares e milhares de pessoas amontoadas em guetos putrefatos e violentos. O mais difícil foi explicar para esse amigo o que era a “milícia”. Então, depois meio confuso e atônito, esse amigo disse que entendeu (coisa que duvido!), mas que era uma coisa tão surreal e fora da caixa que não dava para saber como pessoas normais viviam em tais condições.

Charge do Genildo. (Arquivo Google)

Outra coisa que vem à tona, é que sempre que viajam para o Brasil, no regresso às suas origens são literalmente encharcados de perguntas feitas nos seus aeroportos por qual motivo de suas idas ao Brasil, e que são inevitavelmente revistados até à “alma”, dando a eles nos aeroportos a explicação de que o Brasil é um país de risco para contrabando de drogas, sendo uma das rotas mais visadas na Europa.

Fico envergonhado. Apesar de nenhum desses amigos terem passado por situações mais constrangedoras, porque na sua maioria ficam trancafiados em hotéis de luxo com tudo pago antecipadamente não necessitando de nenhuma aventura fora dos muros dessas fortalezas turísticas a não ser em passeios devidamente controlados pelos próprios hotéis e com guias locais.

Normalmente procuram o nordeste do Brasil, destinos como: Fortaleza, Recife, Rio Grande do Norte, Alagoas e outros. São unânimes em realçar a simpatia dos nordestinos quer dentro e fora dos hotéis. Vêm literalmente encantados e mais confusos ainda porque um país daqueles não dá certo. É verdade caros leitores, pergunta esta, que faço para mim mesmo e que para mim mesmo dou a resposta. Falta educação, civismo, governo credível, e combate à corrupção, sendo esta última o grande câncer do Brasil.

Charge do Angeli. (Folha de SP)

Tenho amigos que frequentam com assiduidade minha casa, e como já disse dos mais diferentes quadrantes socias, culturais e até políticos. Mas vindo o assunto Brasil à tona ouço quase sempre as mesmas coisas: Bolsonaro (o pior de …), favelas, traficantes, milícias, miséria, corrupção, riquezas naturais, Amazônia, ouro, diamantes, subsolo riquíssimo, clima excelente, nordeste fabuloso, simpatia dos “nativos” etc…

Peço perdão se me desviei um pouco do eixo central do texto. Mas quando escrevo, escrevo assim de um só jorro, e à medida que as ideias vão fluindo, vão caindo no papel.

Aguardemos serenamente por outubro, para ver no que ficamos, e se viramos esta página negra da nossa história.

…Terra adorada. Dentre outras mil és tu Brasil, ó Pátria amada!

SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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