Por Sérgio Ricardo

O navio tanque IRMÃ DULCE da TRANSPETRO que afundou parcialmente no estaleiro Mauá, Niterói (RJ) está a 6 anos atracado e abandonado e sem perspectivas de continuação de suas obras.

Durante o último “boom” da construção naval, houve a contratação pela TRANSPETRO de 42 navios nos estaleiros nacionais, sendo 4 do tipo Panamax (como o da foto afundando), como parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). Ele foi lançado ao mar em 2014 e hoje tem cerca de 95% de suas obras concluídas. Em 2015, com a crise econômica no país, a TRANSPETRO cancelou o contrato de construção dos navios: neste período, a indústria naval fluminense perdeu 50 mil empregos diretos e 30 mil indiretos.

O Panamax é usado no transporte de petróleo e derivados escuros, têm 228 metros de comprimento e sua capacidade de transporte é de 90,2 milhões de litros.

Nesta sexta-feira (8/5), o Movimento Baía Viva solicitará da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil), a realização de uma vistoria técnica ao navio para averiguar as condições de segurança em relação à eventual presença de combustível ou outros produtos que possam gerar riscos impactos ambientais nas águas da Baía de Guanabara.

PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DO BAÍA VIVA

Rio de Janeiro. 8 de Maio de 2020.

À
CAPITANIA DOS PORTOS (MARINHA DO BRASIL)
COMANDANTE RICARDO JAQUES

Assunto: PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO EMERGENCIAL NO NAVIO “IRMÃ DULCE” DA TRANSPETRO PARA AVERIGUAR SE HÁ RISCOS DE SEU AFUNDAMENTO E DE VAZAMENTO DE ÓLEO E DE OUTROS PRODUTOS NAS ÁGUAS DA BAÍA DE GUANABARA E DE ACIDENTES COM A TRIPULAÇÃO.

Prezado Comandante:

O Baía Viva, movimento socioambiental fundado nos anos 1990, solicita a imediata atuação desta Capitania dos Portos, no sentido de Vistoriar juntamente com a presença dos competentes Órgãos Ambientais Federal (IBAMA) e
Estadual (INEA-RJ), o navio tanque “IRMÃ DULCE” da TRANSPETRO que, segundo as fotos em anexo, afundou parcialmente no estaleiro Mauá, na Ponta da Areia, Niterói.

A informação disponível, segundo relatos de pescadores artesanais e moradores que estão preocupados com a possibilidade de ocorrência de um novo desastre ecológico, é o de que este grande navio petroleiro encontra-se a 6 anos atracado e abandonado e que estaria com suas obras de construção inacabadas.

A obra teria sido iniciada durante o último “boom” da construção naval no país, quando houve a contratação pela TRANSPETRO de 42 navios nos estaleiros nacionais, sendo 4 do tipo Panamax (como o da foto afundando), que fazem parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). Ele teria inclusive sido lançado ao mar em 2014 e hoje teria cerca de 95% de suas obras concluídas. Caso isso se confirme, estariamos diante de mais um caso exemplar de desperdício de dinheiro público, cujo volume é de alguns milhões de reais!

A partir de 2014/2015, com a crise econômica que se abateu sobre o país, a TRANSPETRO teria cancelado o contrato de construção dos navios: neste período, estima-se que a indústria naval fluminense perdeu mais de 50 mil empregos diretos e cerca de 30 mil indiretos.

O navio petroleiro Panamax é usado no transporte de petróleo e derivados escuros, têm aproximadamente 228 metros de comprimento e sua capacidade de transporte é de 90,2 milhões de litros.

Neste sentido, o Movimento Baía Viva solicita a realização de uma vistoria técnica ao citado navio para averiguar as condições de Segurança Ambiental em relação à eventual presença de combustível ou outros produtos que possam gerar riscos impactos ambientais nas águas da Baía de Guanabara; assim como averiguar as condições de segurança no trabalho da tripulação.

Em novembro de 2019, ocorreram 4 vazamentos de óleo nas águas da Baía de Guanabara.

Há poucos dias, a balsa “Rio Star” afundou no interior da Baía e ainda encontra-se submersa. Neste episódio, a ação de pronta-resposta por parte desta Capitania dos Portos foi bastante eficaz e efetiva, ao exigir o acionamento imediato do Plano de Contingência e Emergência da Baía de Guanabara que é operado por grandes empresas e a Companhia Docas, o que contribuiu decisivamente para que, até o momento, felizmente, não tenha ocorrido vazamento de óleo, assim cono não há registro de acidentes com a tripulação neste caso.

No aguardo de Vossas providências com a urgência que o assunto requer, nos despedimos desejando votos de elevada estima e consideração.

Atenciosamente,

Pede Deferimento,

Sérgio Ricardo Verde
Pela coordenação operativa do Movimento Baía Viva (RJ)

#BAIAVIVA


SÉRGIO RICARDO – Ecologista, coordenador do movimento BAÍA VIVA, gestor e planejador ambiental, produtor cultural, engajado nas causas ecológicas e sociais, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.