Redação

O deputado Osmar Terra (MDB-RS), chamado por senadores de “ministro paralelo” do governo federal, negou que tenha “poder” sobre as opiniões do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19. Terra é alvo da CPI da Covid por defender a imunidade de rebanho como tese de controle do novo coronavírus no Brasil, medida também pregada pelo chefe do Planalto.

“Eu não tenho poder sobre o presidente de ‘o senhor vai falar isso, vai falar aquilo’. Se eu tivesse o poder, eu seria o presidente e ele, o deputado”, disse Omar Terra nessa terça-feira durante depoimento na comissão.

NEGANDO TUDO – Terra negou a existência de um “gabinete paralelo” para assessorar Bolsonaro. Uma reunião em setembro do ano passado, porém, com a presença do parlamentar, articulou a formação de um “gabinete das sombras” para subsidiar as decisões do presidente.

“Ele ouve todo mundo. Isso não significa que tem gabinete paralelo, que tem estruturas paralelas. Isso é uma falácia”, respondeu

Quanto à imunidade de rebanho, que vem sendo pregada por Bolsonaro, na CPI Osmar Terra voltou a defender a tese, negando porém que tenha sido uma “estratégia”. O deputado declarou ainda que a “quarentena vertical” – para todos os públicos – foi um termo cunhado pelo próprio chefe do Planalto. “Ele cunhou esse termo. É da cabeça dele.”

BOLSONARO INSISTE – Em live transmitida na última quinta-feira, 17, o chefe do Executivo afirmou que “todos que contraíram o vírus estão vacinados” e que a contaminação é mais eficaz do que a própria vacinação, porque (a pessoa) “pegou o vírus para valer”.

Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a tese da imunidade de rebanho, o deputado citou que isso pode ser alcançado no Brasil quando 60% a 70% da população tiverem contraído a doença. Esse porcentual significaria a infecção de mais de 120 milhões de pessoas no País. Até ontem, quase 19 milhões de casos foram confirmados oficialmente, com 502.817 mortes.

TOMOU CLOROQUINA – O deputado reafirmou que tomou cloroquina e mesmo hoje faria o uso de medicamentos sem a eficácia comprovada para tratar a covid-19. “Eu tomei, tomaria de novo se precisasse, se tivesse a doença, porque não tinha nada para fazer a não ser ficar esperando e tomar dipirona”, declarou.

Mas a cloroquina continua a não ser indicada contra a doença. Com relação a isso, Osmar voltou a defender o uso “off-label”, fora da bula, do medicamento, sob o argumento de que o médico deve ter autonomia para prescrever tratamentos.


Fonte: Portal Terra