Por Wladmir Coelho 

1 – A sra. Miriam Leitão confirmou em seu artigo dominical uma suspeita que vai ganhando forma a respeito da substituição no comando da Petrobras. Escreveu a jornalista de O Globo: “Eles [o general indicado e o presidente do Conselho da empresa um almirante] agora farão juras à economia de mercado e à governança da empresa. Será mentira. Alguns do mercado vão fingir acreditar.” Desta citação leitoniana destaco a expressão “alguns do mercado” e considerando o grau de exigências para pertencer ao elevado círculo das finanças e desta influir em questões como a gestão da Petrobas estamos, de forma evidente, nos referindo aos   muito ricos.

2 – A sra. Leitão a partir da frase em questão revela o tamanho da disputa envolvendo diferenças conflitantes entre frações dos muito ricos. E quais seriam as vantagens daqueles que “vão fingir acreditar”? a ilustre jornalista não explica, mas podemos começar a juntar os caquinhos e perceber os interesses no controle das empresas estratégicas, incluindo a Petrobras, seguindo o caminho óbvio do dinheiro, ou alguém acredita num capitalista a  fingir o lucro? Vejamos: o sr. Roberto Castello Branco foi conduzido à presidência da Petrobras para acelerar a privatização da empresa e assim procedeu atendendo as expectativas do dito mercado entregando a distribuidora BR, a refinaria Landulpho Alves aos apetites insaciáveis dos muito ricos representados nos fundos de investimentos entrelaçados estes, como sabemos, aos grandes bancos nacionais e internacionais.

3 – DÁ CÁ O MEU! Primeiro precisamos entender que o sr. Castello Branco não foi substituído pelo o sr. Castello Vermelho como está a sugerir a histérica reação dos comentaristas econômicos dos jornalões brasileiros criando a impressão de ter indicado, o sr. Jair Bolsonaro, um cavalo dos generais Horta Barbosa ou Estilac Leal para a presidência da Petrobras. Calma minha gente, o sr. general Joaquim Silva e Luna foi apontado para manter, ou melhor, incluir no seleto grupo de beneficiários do saque ao Estado brasileiro os setores da burguesia auriverde ainda não contemplados colocando em prática o combinado na última eleição. As alterações nas administrações das empresas controladas pelo Estado atingem, por isso mesmo, um segundo setor estratégico anunciando o sr. Bolsonaro, depois de concordar com a nomeação de um psiquiatra defensor eletroconvulsoterapia para a coordenação de saúde mental do SUS, que vai “meter o dedo na energia elétrica”.

4 – O sr. general Luna estudou na mesmíssima cartilha do sr. Castello Branco  e seu ardor nacionalista apenas representa uma fração diferente dos muito ricos e segue a tradição entreguista do Marechal Eurico Dutra, do general Juarez Távora sistematizadas pelo gênio da subserviência ao imperialismo o general Golbery do Couto e Silva e não podemos  esquecer daquele militar, homônimo do presidente demitido da Petrobras, a ocupar o posto de primeiro ditador após o golpe de 1964. Estes ilustres senhores defenderam a subserviência do Brasil aos interesses do imperialismo estadunidense e ao longo da ditadura suas ideias e práticas travaram a consolidação da Petrobras como detentora do monopólio estatal do petróleo submetendo a empresa aos limites de um nacionalismo dito “responsável”, ou seja, sem desequilibrar a segurança continental em favor dos Estados Unidos este a defender, conforme a doutrina ainda vigente nas forças armadas, o mundo da guerra total traduzida na mítica do “perigo comunista”.

5 – O sr. Bolsonaro conseguiu, em termos eleitorais, mais uma cortina de fumaça e vai utilizá-la como forma de manter a imagem – junto ao seu eleitorado – de vítima de um sistema contra o qual não possui suficiente forças para derrotar enquanto a dita democracia continuar em prática.

Agrada o dito senhor os ingênuos e os sabidões arcando aqueles com a carga dos constantes aumentos dos combustíveis e gás de cozinha em nome da maior lucratividade possível aos trilionários sejam estes nacionais ou estrangeiros encontrando os interesses destes entrelaçados nos fundos de investimentos de Nova Iorque.


WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG; Superintendente de Juventude da SEE-MG; Editor do blog Política Econômica do Petróleo e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2018 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ