Por Bolivar Meirelles

Não, militar não foi feito para matar. Qualquer pessoa sabe que militar foi feito para defender a Pátria, seu Povo, suas Riquezas. O ato bélico é em função das atividades inerentes às Forças Armadas.

Exército, Marinha de Guerra e Aeronáutica Militar são produtos do Estado Nacional. Serão extintos quando os Estados Nacionais perderem a razão de sua existência.

O protagonismo das Forças Armadas no Brasil não surgem no Governo do Capitão Fascista Jair Bolsonaro. Bolsonaro é fruto da irresponsabilidade civil. Produto do voto antipetista. Na realidade anticomunista cevado na ditadura de Getúlio Vargas e realimentada pela Guerra Fria onde Estados Unidos da América do Norte e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas polarizavam suas divergências e envolviam, pós e contras. O infeliz Povo Brasileiro, de uma forma ou de outra, subordinados aos interesses norte-americanos. Não, as Forças Armadas não são feitas para matar. Nem a medicina também, plena de exemplos de médicos incompetentes e desejos de enriquecimento fácil, cobrando, por vezes, mais que um salário mínimo por consulta. Não, educação não foi feita para matar, no entanto existem colégios caríssimos, faculdades caríssimas e péssimas que afastam potenciais excelentes alunos de “bancos escolares” bem estruturados para participar de aulas com bons professores e infra estrutura escolar de primeiro mundo, nem sempre os melhores professores, as redes públicas os tem mal remunerados e sem recursos. Não, nem militares nem civis foram feitos para matar.

O Estado Novo de Getúlio Vargas sim, foi feito para prender, torturar e exterminar adversários transformados em inimigos. A ditadura dos Governos Militares estabelecidos pelo Golpe de Estado de 1964 no Brasil sim, além do que, reforçado pelo “Ato Institucional número cinco” sim, máquina de mortes, torturas, estupros e assassinatos. Alguns médicos, ressuscitadores para a tortura continuar. Médicos e enfermeiros. Médicas e enfermeiras incompetentes matam. Muitas pessoas morrem mal assistidas por profissionais desqualificados embora que formados. Alguns formados nessas “boates” de ensino, caras e preparadoras de maus profissionais. Auxiliares de enfermagem substitutas sistemáticas de enfermeiras. Saúde vista como indústria de cadáveres. Os profissionais de saúde deveriam ter formação de alta qualidade, nem todos os tem. Serviço de saúde deveria ser único e público, não o é.

Saúde e Educação não deveriam ser objeto de comércio.

As escolas públicas do primeiro, segundo grau e todos os graus sofrem concorrência privada, o mesmo acontece com a saúde, o SUS sofre concorrência negocial. Quando educação e saúde forem, totalmente públicas a distribuição seria planejada onde as necessidades se fizessem. Hoje temos muitos brasileiros morrendo em cidades do interior quando sobram médicos e demais profissionais de saúde em grandes Metrópoles. Não seria isso uma maneira descuidada de matar? Profissionais de saúde não matam? Claro que sim. Só deveria existir o SUS, todos os hospitais específicos de categorias deveriam ser administrados e encampados pelo SUS.

Medicina, saúde também tem matado e muito.

Sabe o que mata? Sistemáticas idas de civis às portas dos quartéis mendigando Golpes de Estado. Militar não dá Golpe sozinho. Os Grandes Monopólios, nacionais e internacionais constroem os Golpes de Estado. O Império estadunidense deu, fundamentalmente o Golpe de Estado em 1964, muitas vivandeiras estavam nas ruas, de São Paulo principalmente, católicas reacionárias, “lacerdistas mal amadas” de plantão. Camadas médias altas da Sociedade Brasileira. Grandes contingentes civis. Energúmenos solicitadores de intervenção militar. Civis matam. Não só militares exercitadores de demandas civis. O Militar é uma categoria, mas é um civil também. Não é mais nem menos. A Proclamação da República foi um “Golpe de Estado”. A meu entender mais avançado do que o terminal Império Brasileiro, vários bons civis demandavam, cito um bem simbólico, José do Patrocínio, jornalista negro. O Império estava no chão. Guerra do Paraguai e Libertação dos Escravos. A Inglaterra não queria concorrência Escravocrata. Esses foram os motivos da Proclamação da República. A Questão Militar, pouco antes, “os militares não são Capitães do Mato para prearem escravos foragidos”, o episódio do Coronel Sena Madureira ao receber em seu quartel o jangadeiro nordestino,'” Dragão do Mar’ que se negara transladar negros de navios negreiros para servirem de Escravos. As Forças Armadas sabem matar, os dois, médicos e os demais profissionais de saúde também, os políticos também, os civis quando vão as ruas pedindo golpe de estado, AI-5 e outras excrecências também sabem matar. No entanto, nem as Forças Armadas foram feitas para matar, nem os profissionais de saúde, nem as camadas médias altas da Sociedade nem Jesus de Nazaré, este tão usado por maus “cristãos”, hoje neopentecostais apoiadores do Governo assassino do Capitão Presidente Jair Bolsonaro. Quem mata mesmo é a Sociedade de Classes que gera privilegiados e explorados. Essa Sociedade é que precisa ser superada. Por uma Sociedade Igualitária! por Forças Armadas de um Marechal Rondon! por medicina de um Osvaldo Cruz! por cristãos como Hélder Câmara e Luther King! por uma Sociedade que não vá às portas dos quartéis nem as ruas solicitando Golpe de Estado e AI-5 !

Viva o sentido da luta por uma Sociedade Igualitária, um mundo sem fronteiras, não racista, não misógino, sem discriminação de gênero e nem das opções de amor, sem qualquer discriminação. Quando o mundo não tiver fronteiras, quando os direitos e deveres forem igualitários, quando a medicina, saúde, educação forem públicas… quando a riqueza, produto natural ou do trabalho humano for socializada, os militares serão dispensáveis e, os profissionais de saúde, falsos cristãos e Sociedade Péssima… não matarão mais.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do Caminhando Jornal TV (TVC-Rio).