Redação

Deveríamos mostrar mais empatia, diz campeã olímpica Hayley Wickenheis. Tetracampeão também defende suspensão dos Jogos e critica COI: “Surdos”

Dia a dia, a insistência do Comitê Olímpico Internacional (COI) de não alterar as datas de realização dos Jogos de Tóquio recebe novas críticas. Nesta quinta (19) a canadense Hayley Wickenheiser, campeã olímpica no hóquei no gelo nos Jogos de Inverno, afirmou, em entrevista à Agência Reuters, que neste momento é necessário mostrar mais compaixão e empatia.

Hayley, que é membro da comissão de ateltas do COI, e que atualmente está em auto-isolamento em Toronto (Canadá) por conta do avanço do coronavírus em seu país, diz: “Apenas sinto que a insistência de que os Jogos aconteçam em julho está prestando um desserviço às pessoas do mundo em primeiro lugar, e depois aos atletas que tentam se preparar”.

Além disso, quatro vezes medalha de ouro no hóquei no gelo, afirmou que, no atual contexto, o movimento olímpico deveria mostrar “mais compaixão e empatia”.

Na entrevista, Hayley também comentou a dificuldade dos atletas se prepararem de forma adequada em um contexto de pandemia do coronavírus: “Se você estiver indo para as Olimpíadas, você quer ir lá da melhor maneira possível, sabendo que foi capaz de fazer todo o treinamento que pôde. Muitos atletas não terão essa chance”.

Pandemia do novo coronavírus preocupa ex-atleta britânico

Tetracampeão olímpico de remo, o britânico Matthew Pinsent pediu a suspensão dos Jogos de Tóquio 2020, no Japão, em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Em entrevista à agência Reuters nesta quinta (19), o ex-atleta de 49 anos disse que há “coisas maiores” a se preocupar no mundo e criticou o discurso do Comitê Olímpico Internacional (COI), que tem mantido a realização do evento na data prevista inicialmente (24 de julho a 9 de agosto).

“Temos outras prioridades e acho que a Olimpíada deveria ser a última delas. Devemos adiá-la ou simplesmente cancelá-la por agora e pensar em remarcá-la para outro momento. Em muitos países europeus, assim como asiáticos, o esporte parou de forma significativa. Não há como um atleta olímpico treinar eficientemente, não só em modalidades individuais, mas também coletivas. Considero injusto para o movimento olímpico dizer que vamos seguir em frente, que os Jogos ocorrerão normalmente e que estamos comprometidos com o evento em julho quando há duas forças, ‘estar na Olimpíada’ e ‘todo o resto’, puxando o atleta em sentidos distintos, provocando uma enorme tensão”, declarou.

Pinsent esteve em uma videoconferência do COI com atletas e ex-esportistas na última quarta (18). O britânico, medalhista de ouro no remo em quatro edições consecutivas da Olimpíada (1992 a 2004), disse que o comitê e seu presidente, Thomas Bach, estão agindo como “surdos” às demandas dos competidores em meio à pandemia.

“A decisão de restabelecer [os Jogos], seja no fim do ano, no próximo ou daqui dois, quatro anos, não precisa ser tomada agora, pode esperar. O ideal é você avisar com antecedência que a Olimpíada não acontecerá conforme planejado, que em julho a situação será reavaliada e, então, será anunciado o que ocorrerá. Para ser honesto, é como a maioria dos esportes lidou com isso [pandemia do novo coronavírus]”, concluiu.


Fonte: Agência Brasil