Redação

O número de Relatórios de Inteligência Financeira produzidos pelo antigo Coaf, atual Unidade de Inteligência Financeira ( UIF ), atingiu em novembro o menor número em quase oito anos. No mês passado, 121 documentos foram feitos pela UIF, patamar que superou neste período apenas o de janeiro de 2012, quando 55 relatórios foram disseminados. O resultado ainda é um reflexo da liminar concedida em julho pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, condicionando o compartilhamento dos relatórios com órgãos de controle à prévia autorização judicial.

A decisão de Toffoli foi suspensa apenas na semana passada, em votação no plenário do Supremo.

MÉDIA ALTA – Entre janeiro e junho deste ano, a UIF produzia, em média, 741 relatórios por mês. De agosto, primeiro mês atingido inteiramente pela decisão de Toffoli, a novembro, a média mensal foi de 151, uma queda de 79,6%.

Os relatórios são produzidos quando há indícios de lavagem de dinheiro ou outros crimes em transações financeiras. Bancos e outros setores regulados são obrigados por lei a comunicar à UIF quando as movimentações fogem aos parâmetros estabelecidos pelo Banco Central.

Podem ser enquadradas nestes critérios operações com dinheiro em espécie (depósitos superiores a R$ 10 mil, por exemplo) ou outras transações com características suspeitas (transferências sequenciais de valores mais baixos para uma mesma conta, por exemplo).

INDÍCIOS DE CRIMES – Caso a UIF encontre indícios de crimes nestas transações, os relatórios são elaborados e direcionados para o órgão responsável por investigar aquele suposto crime, como Polícia Federal e Ministério Público.

Os órgãos de controle também podem requisitar relatórios, por meio de um sistema de troca de informações, caso já haja uma investigação formal em andamento. Neste caso, a UIF avalia se os dados fornecidos são consistentes o suficiente para justificar a produção de um relatório.

Os relatórios não reproduzem um extrato bancário, mas trazem as informações referentes às transações tidas como suspeitas – valores, agência bancária, data, além de nome e CPF ou CNPJ das partes envolvidas.

PRODUTIVIDADE – A produção de relatórios vinha crescendo ano a ano desde 2010. Em 2019, até agora, foram 5.586, o que torna bastante improvável que os números do ano passado, 7.350, e de 2017, 6.609, sejam ultrapassados.

Na semana passada, foi derrubada pelo plenário do Supremo a liminar de Toffoli que suspendeu processos, inquéritos e procedimentos de investigação criminal que usaram dados do antigo Coaf sem prévia autorização da Justiça. A maioria dos ministros votou a favor do compartilhamento sem a necessidade de aval da Justiça.

Na sessão desta quarta-feira, os ministros devem fixar a tese do julgamento e estabelecer exatamente o procedimento que será adotado para o repasse de informações.

Fonte: O Globo, por Marco Grillo