Redação

Deputada também quer levar à Justiça pessoas que espalharam versão sobre agressão doméstica.

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou neste domingo (25.jul.2021) que irá processar quem está divulgando informações falsas sobre a suposta agressão que sofreu na semana passada em seu apartamento funcional em Brasília. Uma das autoridades citadas por ela é o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno.

Joice citou também o cantor Roger Moreira e a apresentadora Antônia Fontenele.

Na madrugada de 18 de julho, a deputada acordou ensanguentada no chão de seu quarto, com lesões no rosto e no corpo e sem se lembrar de nada. Seu marido, o neurocirurgião Daniel França, dormia em um cômodo a 10 metros do dela.

Em entrevista coletiva, Joice acusou o GSI de estar envolvido em uma publicação nas redes sociais que dizia ter ela sofrido um acidente de carro por dirigir bêbada e drogada depois de ter participado de uma festa rave. O jornal O Estado de S Paulo informou no sábado (24.jul) que seu logotipo foi usado indevidamente em um post com o mesmo conteúdo que circulou pelo Facebook e o WhatsApp.

“Eu recebi uma mensagem de uma fonte ligada ao GSI ] dizendo que eles estavam em busca de um carro semelhante ao meu para amassar esse carro e dizer que eu tive um acidente de trânsito bêbada e drogada”, disse, ao referir-se a texto enviado na 6ª feira (23.jul). “Eu nunca fumei um cigarro, nada.”

Segundo a deputada, pouco tempo depois, Heleno publicou em suas redes sociais uma mensagem em que lamentava os ferimentos sofridos por ela. Mas o post dizia também que suas declarações sobre o GSI seriam fruto da “perturbação consequente da pancada que levou na cabeça”.

Para Joice, foi um deboche do general sobre sua situação. Ela já havia mencionado sua suspeita sobre a ação do GSI em entrevista à imprensa na 6ª feira. Procurada, a assessoria do GSI não retornou até esta publicação.

“Eu não sei qual é a instância ainda, se é via Aras [Augusto Aras, procurador-geral da República], se é via Ministério Público ou Justiça, mas eu vou acionar o Heleno para que traga explicações, se existe um GSI também paralelo”, afirmou neste domingo.

“Porque isso foi tramado. Eu tenho isso por escrito, é uma prova.”

Joice afirmou ainda que suspeita de duas pessoas como autores das agressões contra ela. Acrescentou que, diante da reacão do general Heleno e de outros bolsonaristas, um deles ganhou mais força. A deputada defende que Heleno seja ouvido nas investigações conduzidas pela Polícia Legislativa.

“Por que esse medo todo? Por que inventar um acidente de carro? Por que esse desespero? Isso coloca uma pulga do tamanho de um elefante atrás da orelha”, disse.

A deputada também irá processar quem está acusando o seu marido, o médico neurocirurgião Daniel França, de tê-la agredido. “O estado que eu vi o meu marido ficar emocionalmente, é muito pior do que eu estou. Ontem, ele passou o dia inteiro na internet olhando comentários asquerosos e nojentos”, disse ela, emocionada.

“Hoje, a minha preocupação é mais com ele do que comigo. Não vou permitir isso porque é colocar o meu caráter e a minha história em suspeita”, completou.

As investigações sobre o caso começaram a ser investigadas pela Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados (Depol) na 4ª feira (21.jul.2021), mas as informações coletadas foram compartilhadas com a Polícia Civil do Distrito Federal. Joice disse que fará o exame de corpo de delito nesta 2ª feira (26.jul.2021) e terá uma conversa com o delegado-geral da PCDF, Robson Cândido. A Delegacia da Mulher também analisa a ocorrência.

Joice explicou que ainda não fez o exame de corpo de delito por achar que não dava mais tempo, visto que o caso aconteceu no último domingo (18.jul.2021). Porém, tanto a polícia quanto o seu marido explicaram que é possível realizar o exame até um mês após o incidente.

A deputada também encaminhou o caso à Ouvidoria da Mulher no Conselho Nacional do Ministério Público. Ela disse novamente não ter procurado a Polícia Federal por temer que integrantes do Governo Bolsonaro pudessem interferir nas investigações.

“Eu confio na instituição Polícia Federal, mas não confio em algumas pessoas específicas e na interferência do governo. Eu tenho receio que o Palácio do Planalto faça interferência via PF para qualquer outro tipo de coisa”, disse.

Com a entrada da Polícia Civil no caso, Joice acredita que será possível analisar imagens da rua e dos arredores do prédio em que reside. Os vídeos internos já estão sendo analisados pela Polícia Legislativa.

Ela diz não se lembrar do que aconteceu durante a madrugada de domingo -apenas do momento em que acordou, por volta das 7h, e se viu envolta em uma poça de sangue. Embora não descarte a possibilidade de ter sofrido um acidente em seu quarto, a deputada acredita que alguém teve acesso ao seu apartamento para ataca-la.

“Um grande desafeto político que tem acesso muito fácil a este prédio. Se alguém entrou aqui, não é coisa de amador”, disse em relação a um de seus suspeitos. Ela prefere não dizer os nome s para não prejudicar as investigações, mas afirmou ter confirmado as identidades ao Depol. Um deles, de acordo com Joice, seria um congressista.

A deputada citou que moram em seu bloco o deputado Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela disse ainda que o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, também tem um apartamento funcional no seu prédio. Mas não residiria ali. O imóvel seria ocupado por seus funcionários.

Fonte: Poder360


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