Por Karlos Holanda –
100 anos da descoberta da insulina.
Completando em 2021, 100 anos da descoberta desse hormônio, vamos hoje conversar sobre essa molécula que está diretamente relacionada ao Diabetes, doença que atinge aproximadamente 12 milhões de Brasileiros, segundo informações da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), e que após a sua descoberta, mudou a vida dos pacientes diabéticos. Para se ter uma ideia, crianças com diagnóstico de Diabetes Tipo 1 tinham até então, uma expectativa de vida que variava entre 12 e 18 meses, e o único controle para diabetes naquela época era através da alimentação.
A Insulina é produzida no pâncreas pelas células Beta pancreáticas, e é responsável pela regulação dos níveis de glicose no sangue. Para se ter uma noção da sua importância, ela leva a glicose para as células, onde essa mesma glicose é convertida em energia para manter nossas vidas. Ela também possui outras funções como por exemplo o armazenamento de proteínas, daí a explicação para a fraqueza e lesão renal que ocorre no diabético, pois na falta de insulina, a proteína presente nos músculos começa a ser degradada (perda de massa muscular), aumentando a excreção de uréia pelos urina, sobrecarregando os rins, e levando dessa forma a insuficiência renal.
Para entender melhor essa questão, vou colocar alguns pontos importantes. A Diabetes é dividida em Tipo 1, que representa 5 a 10 % do total, e Tipo 2. Na primeira o surgimento geralmente ocorre na infância e adolescência, e tem origem autoimune, ou seja, unidades de defesa do próprio corpo, começam a destruir o pâncreas, levando a uma deficiência insulínica, havendo a necessidade de repor esse hormônio para que haja a manutenção da vida. Já a Diabetes tipo 2, se inicia com um processo chamado de Resistência Insulínica, que nada mais é do que uma resistência para ação desse hormônio. A fase inicial para o desenvolvimento do Diabetes Tipo 2 é chamada de pré diabetes, e é caracterizada pela resistência insulínica. É importante ressaltar que aproximadamente 50% desses pacientes desenvolverão a Diabetes Tipo 2. É nessa fase que as pessoas devem mudar rapidamente os seus hábitos de vida, para impedir essa evolução. Porém para os pacientes diabéticos Tipo 1, essa fase não existe.
Em uma fase inicial da Diabetes Tipo 2, nosso pâncreas aumenta a secreção insulínica, mas chega um momento em que ele entra em falência, levando a queda dos níveis dessa molécula, o que só poderá ser controlado com o uso de Insulina exógena (não produzida pelo corpo), uma vez as células Beta pancreáticas não conseguem mais produzir a endógena (produzida pelo corpo).
No caso da Diabetes tipo 2 o tratamento inicial é baseado na redução da resistência insulínica, e isso é possível através da mudança do hábito alimentar e prática de atividades físicas, podendo associar ou não a medicações específicas. Pacientes que conseguem controlar de forma efetiva essa resistência, conseguem impedir a evolução para a dependência insulínica, que estará presente obrigatoriamente para o resto da vida.
E como são tratados os pacientes com Diabetes tipo 1 e os Tipo 2 que apresentam falência na produção de Insulina. Aqui vale citar o início dessa história. Em 1921 na Dinamarca, dois laboratórios iniciaram a produção da Insulina permitindo a sobrevivência de muitos pacientes, porém ao longo desse tempo houve um grande desenvolvimento, chegando ao que tempos hoje, onde um controle fino da diabetes é possível, permitindo a esses pacientes uma excelente qualidade de vida. A insulina disponível atualmente no mercado pode ser encontrada em 4 apresentações:
- Frascos de onde o paciente necessita aspirar a Insulina com uma seringa para injetar em seu corpo.
- Canetas duráveis, onde somente o refil de insulina é substituído.
- Canetas que após o término de seu conteúdo são descartadas.
- Bomba de insulina, implantada abaixo da pele, que libera a insulina de forma contínua, cabendo ao paciente apenas controlar a dose. Porém essa forma é utilizada apenas em casos específicos.
Por fim, nesse centenário da descoberta da insulina, podemos dizer que essa descoberta mudou completamente a vida dos pacientes diabéticos. Hoje é possível conviver com a doença por muitos anos, sem evoluir com quadros graves que levavam ao óbito rapidamente, antes de sua descoberta.
Vale ressaltar que a medicina está em constante evolução, e a ciência está sempre em busca de tratamentos que possam ser melhores que os atuais, mas sempre vale lembrar que a prevenção é o melhor tratamento.
Dr. KARLOS GUDDE DE HOLANDA MOURA – Médico, titular desta “Tribuna da Saúde”, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Residência Médica em Anestesiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa da São Paulo; Pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pela FATESA de Ribeirão Preto; Pós-graduando em Nutrologia pela USP de Ribeirão Preto; Professor da Pós-Graduação de Laser, Cosmiatria e Procedimentos na FATESA de Ribeirão Preto. @dr.karlosholanda
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