Por Pedro do Coutto –

O IBGE divulgou na tarde de terça-feira o resultado de uma pesquisa sobre a taxa de inflação em julho e, omitindo o preço dos alimentos, chegou a identificar uma deflação de 0,68% no mês passado. A meu ver, o resultado é impossível. Primeiro porque o IBGE se baseia nos preços da gasolina e das tarifas de energia elétrica, atribuindo uma redução de 4,51% no setor de transportes.

A que se refere esse percentual? Ao custo das passagens de ônibus não foi, pois elas não tiveram os seus valores reduzidos. Fica-se sem saber qual a realidade em matéria de transportes, partindo-se do princípio que se trata de transportes públicos.

COMBUSTÍVEIS – O preço da gasolina reduziu R$ 0,20 por litro nas bombas. Mas o IBGE tenta fazer acreditar que a redução abrange todo o setor de transportes. Mas essa redução não se refere às tarifas de ônibus urbanos, por exemplo. Amatéria foi publicada com grande destaque por Carolina Nalin e Camila Alcântara, O Globo, e Leonardo Vieceli, na Folha de S.Paulo, nas edições desta quarta-feira.

Lembrando o pensamento do ministro Roberto Campos, assinalo que a porcentagem por si não diz nada. Ela ganha significado quando abrange sobre qual valor ela incide. Para que houvesse deflação seria preciso que o movimento de redução de preços fosse além da taxa de inflação de junho.

As próprias matérias focalizam que os preços dos alimentos não baixaram de forma alguma, significando que para as classes pobres que o IBGE encontrou em seu armário de técnicas, não se reflete igualmente em todos os segmentos da população. O IBGE saiu pelo escapismo para aliviar a inflação anual.

PESQUISAS –  As próximas pesquisas do Datafolha e do Ipec vão aguardar, como é natural no setor, a repercussão e o reflexo da manifestação de hoje, dia 11 de agosto, no lançamento da Carta em defesa da democracia na Universidade de S. Paulo. A Carta será reproduzida em todas as regiões do país e seu impacto terá reflexos substanciais nas tendências do eleitorado.

Em matéria de voto, 1% ou 2% podem ser decisivos nas disputas. É preciso também verificar-se a repercussão nas disputas estaduais que forem para o segundo turno no caso de vitória de Lula logo no primeiro turno. No Rio de Janeiro, por exemplo, para Jan Niklas, O Globo de ontem, é bastante provável que as eleições para governador sejam decididas no segundo turno entre Cláudio Castro e Marcelo Freixo.

IMPACTO – Nesta semana, eles intensificaram suas campanhas na Baixada Fluminense. Agora, se Lula vencer no primeiro turno, o impacto ajudará sensivelmente a candidatura de Freixo, a menos que até o dia 2 de outubro, Claudio Castro revele também o seu apoio a Lula, independentemente de sua veiculação a Jair Bolsonaro.

Como em política, apoio não se rejeita, o panorama federal influenciará bastante no desfecho estadual. Não só no Rio de Janeiro, aliás, mas em diversos outros estados da população. Não há como numa eleição polarizada entre Lula e Bolsonaro, deixar de considerar a influência das candidaturas nacionais em relação às disputas estaduais.

SEGURANÇA DE LULA  – Camila Mattoso e Fábio Serapião, Folha de S. Paulo, publicaram matéria revelando que a equipe da Polícia Federal encarregada da segurança pessoal de Lula da Silva está pedindo apoio maior diante de manifestações de opositores radicais que estão sentindo que o ex-presidente se aproxima da vitória.

A iniciativa da Polícia Federal é de grande oportunidade e a sua importância crescerá a partir da repercussão do manifesto de 11 de agosto pela democracia que atingirá setores da classe média que por um motivo ou outro encontram-se indecisos quanto ao voto em outubro. Cada ponto é um ponto, a exemplo do futebol onde cada gol é um gol.

ISENÇÃO –  O Estado de S. Paulo, edição de terça-feira, informa, de acordo com matéria de Adriana Fernandes, que o governo está tentando assegurar no Senado a aprovação de um projeto que isenta os investidores estrangeiros de Imposto de Renda pelos investimentos feitos no país.

A isenção pode abranger aplicação de capital da ordem de R$ 800 bilhões. No momento, é de 10% a participação estrangeira nos títulos públicos corrigidos pela Selic que lastreiam a dívida interna brasileira. Aliás, o ministro Paulo Guedes, em mais uma de suas ideias confusas, está defendendo que o teto de gastos, que se transformou em uma peça de ficção, seja substituído pelos resultados da redução da dívida nacional que oscila em cerca de R$ 5,8 trilhões de acordo com o Banco Central.

Para reduzir o estoque da dívida, é indispensável que o resgate efetivo previsto pelo ministro ultrapasse o valor dos juros pagos por sua rolagem. Portanto, é necessário que o pagamento supere a incidência mensal de 13,75% (valor da Selic) sobre o montante de R$ 5,8 trilhões.

*Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ)

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