Por Siro Darlan

Foi a jornalista Josefina Álvares de Azevedo a primeira mulher a reivindicar o voto feminino no Brasil em seu artigo publicado no jornal A Família em 30 de novembro de 1889.

Com o surgimento da República ela oportunamente reivindicou o direito ao voto feminino. A jornalista sabendo que viria uma nova Constituição deu início a uma campanha pelo sufrágio feminino. Um sua campanha, Josefina incluiu uma peça teatral “O voto Feminino”, escrita em 1890. Essa peça de teatro foi levada até a França, onde também as mulheres não podiam votar e ser votadas.

A primeira Emenda à Constituição propunha que tivessem direito a voto as mulheres “diplomadas com títulos científicos e de professora, que não estivessem sob o poder marital, nem paterno, bem como as que estivessem na posse de seus bens”. Mesmo assim as emendas foram rejeitadas sob a legação de “perigo da desagregação da família e da degradação da figura da mulher”.

Foi outra mulher quem liderou um movimento sufragista na década de 1910, professora Leolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, assim como outra ilustre mulher Bertha Lutz que também lutou bravamente pela bandeira do sufrágio, tendo sido a segunda mulher a ser aprovada em concurso público no Brasil. O voto feminino só foi permitido em 1932, sob o governo provisório de Getúlio Vargas.

Ainda outra mulher, a professora Celina Guimarães foi a primeira mulher a conseguir sua inclusão no rol de eleitores no Município de Mossoró, em 1927, por força de uma Lei Estadual n° 660, de 25 de outubro de 1927, tendo sido a primeira eleitora, não apenas do Brasil, mas da América Latina. Já a primeira mulher eleita também é do Rio Grande do Norte, Alzira Soriano, prefeita da cidade de Lages (RN) em 1° de janeiro de 1929 com 60% dos votos.

A Associação Brasileira de Imprensa, fundada em 7 de abril de 1908, tendo como principal objetivo assegurar à classe jornalística os direitos assistenciais e tornar-se um centro poderoso de ação, tem cumprido seu destino de ser referência para as ações em favor da democracia, da ética na política e nas comunicações sociais e está prestes a entrar na história com uma primeira mulher presidenta da ABI. Esse desejo está no âmago de todos os jornalistas que defende a igualdade de gênero e estampada nas duas chapas, por enquanto concorrentes. 

A chapa encabeçada pelo ilustre jornalista Octávio Costa, tem como Vice-Presidente a jornalista Regina Pimenta, já a outra chapa encabeçada pelo brilhante jornalista Cristina Serra, tem como Vice-Presidenta outra mulher, a não menos ilustre ex-ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Dilma Rousseff, a jornalista Helena Chagas.

A ABI, no ano em que comemoramos 90 anos do voto feminino, está pronta para fazer história elegendo não apenas uma, mas duas mulheres, as pioneiras na administração dessa centenária e histórica associação de jornalistas.

Para alcançar essa conquista, podíamos nos unir e ir para o pleito com apenas uma chapa e eleger a primeira mulher presidenta da Associação Brasileira de Imprensa.

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ. siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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