Redação

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, dia 26, que a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi um “divórcio consensual”. Em pronunciamento no Palácio do Planalto ao lado do escolhido para assumir a pasta, o oncologista Nelson Teich, o presidente afirmou que Mandetta não tratou a crise relacionada à pandemia do coronavírus da forma como ele gostaria.

“É direito do ainda ministro defender o seu ponto de vista como médico. E a questão de entender também a questão do emprego não foi da forma que eu achava, como chefe do executivo,que deveria se tratada. Não condeno, não recrimino e não critico o ministro Mandetta. Fez aquilo que como médico achava que tinha que fazer”, disse Bolsonaro, com um semblante abatido e falando de forma pausada.

CONSENSUAL – Segundo o presidente, na conversa em que comunicou o ministro de sua demissão, Mandetta se colocou à disposição para auxiliar na transição. “Foi realmente um divórcio consensual”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou que a preocupação do governo é uma volta “à normalidade o mais breve possível”. O presidente  destacou que o governo não tem como manter o auxílio emergencial de R$ 600 reais para informais e outros medidas econômicas de socorro durante a pandemias por muito mais tempo. Ele disse que conversou com Teich para que a volta ao trabalho ocorra de forma gradativa.

AUXÍLIO – “E o que eu conversei  com o doutor Nelson é que, gradativamente, nós temos que abrir o emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa dentro de casa, e o que é pior, quando voltar, não ter emprego. E o governo não tem como manter esse auxílio emergencial ou outras ações por muito tempo. Já se gastou aproximadamente R$ 600 bilhões, e podemos chegar a R$ 1 trilhão”, disse.

No fim do discurso, Bolsonaro voltou a reclamar sobre medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos para evitar a propagação do vírus. O presidente tem defendido a flexibilização de restrições, contrariando o que dizem especialistas e autoridades sanitárias de todo o mundo.

CRÍTICAS – “Jamais cercearemos qualquer direito fundamental de um cidadão. Quem tem poder de decretar estado de defesa ou de sítio, depois de uma decisão obviamente do Parlamento brasileiro,  é o presidente da República, e não o prefeito e o governador. O excesso não levará a solução do problema. Muito pelo contrário, se agravará”, afirmou o presidente.

A declaração é uma referência a uma declaração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que na semana passada falou da possibilidade de mandar prender quem descumprisse a orientação de isolamento social.

DEMISSÃO –  Em mensagem no Twitter em que anunciou sua demissão, Mandetta agradeceu a oportunidade de gerenciar o Sistema Único de Saúde (SUS) e planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus. “Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, postou.

Desde o início da crise do coronavírus, Mandetta e presidente vinham se desentendendo sobre a melhor estratégia de combate à doença. Enquanto Bolsonaro defende flexibilizar medidas como fechamento de escolas e do comércio para mitigar os efeitos na economia do País, permitindo que jovens voltem ao trabalho, o agora ex-ministro manteve a orientação da pasta para as pessoas ficarem em casa.

A recomendação do titular da Saúde segue o que dizem especialistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o isolamento social a forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus.


Fonte: Estadão