Por Luiz Carlos Prestes Filho

O prefeito de Valença/RJ, candidato à reeleição, Luiz Fernando Furtado da Graça Filho, afirma que: “Precisamos avançar com uma profunda revisão no pacto federativo e na questão tributária. Como está hoje, não dá! Os municípios estão inviabilizados, são reféns dos Estados e do Governo Federal. É no município que a vida acontece! Mas se as obrigações do dia-a-dia estão por conta dos prefeitos, os recursos não podem continuar concentrados em Brasília e nos Estados.” Em entrevista exclusiva ao jornal Tribuna da Imprensa Livre, Fernando Graça afirma que:

“No turismo Valença alcançou a nota B do Ministério do Turismo. Isso aconteceu, muito graças a Conservatória e a toda a sua estrutura de hospedagem e de serviços”

Luiz Fernando Furtado da Graça Filho

Luiz Carlos Prestes Filho: Como Valença sobressai no cenário nacional?

Fernando Graça: Valença hoje é destaque nacional por conta de seu centro universitário, que abriga uma das melhores faculdades de Direito do Estado e a terceira melhor faculdade privada de medicina do Brasil. Além disso, nestes quatro anos de meu mandato, Valença foi saneada. Desta maneira, recuperou a credibilidade e o protagonismo na região sul fluminense. Hoje estamos entre os 2% de municípios brasileiros que possuem o Cadastro Único de Convênios (CAUC), o que, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, prova que cumprimos todos os requisitos fiscais exigidos pela União. Uma situação de saúde financeira e burocrática. Estamos aptos para qualquer transferência de recursos púbicos. Isto nos dá orgulho e a certeza de ter cumprido nosso dever de zelo e responsabilidade da gestão.

Prestes Filho: A cidade tem grande importância histórica?

Fernando Graça: Fomos o maior produtor de café do Brasil Império. Preservamos boa parte desta história através das fazendas e de prédios históricos. Hoje o centro de Valença é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). Mas tivemos um segundo momento histórico com os imigrantes que trouxeram, além de suas culturas que permeiam a vida valenciana, as tecelagens que imprimiram na arquitetura seus traços.

Prestes Filho: O Meio Ambiente foi prioridade para sua gestão?

Fernando Graça: Sim. Hoje temos uma Secretária do Ambiente habilitada para atender todos os temas referentes pertinentes da área. Damos toda atenção, até porque possuímos no município um dos maiores parques estaduais no distrito de Barão de Juparanã – o Parque da Serra da Concórdia. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) está presente no município, tem muita força e conta com total apoio da prefeitura.

O prefeito Fernando Graça e o vice-prefeito Hélio Suzano

Prestes Filho: A parceria com o iniciativa privada marcou seu governo?

Fernando Graça: Com certeza. E foi exatamente uma marca. Mesmo com toda crise econômica e política do Estado do Rio de Janeiro, que estrangulou os municípios fluminenses, avançamos. Hoje voltamos a ter um parque industrial em desenvolvimento com grandes empresas como a Plásticos Valença, a Metalúrgica Valença e a empresa de alimentos, “Chinezinho”. No turismo nosso município alcançou a nota B do Ministério do Turismo. Muito graças a Conservatória e a toda a sua estrutura de hospedagem e de serviços. Temos ainda que avançar, mas demos o primeiro passo.

Prestes Filho: Quais são as suas prioridades em um novo mandato?

Fernando Graça: Estamos buscando a reeleição por conta do nosso trabalho austero e responsável, que recuperou o crédito da prefeitura. Colocou em dia as contas; a situação fiscal e tributária; recuperou o Instituto Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Valença (PREVI Valença), dando novo fôlego a esta instituição importante; tornamos Valença numa cidade apta ao investimento e ao crescimento. Acredito que seja quem for o próximo prefeito recebera uma cidade saneada e pronta para avançar, para voltar a ser a Princesinha da Serra de outrora. Eu gostaria muito de ter esta oportunidade, de poder investir mais em saneamento e em obras estruturantes para o turismo, para o desenvolvimento econômico e social.

Prestes Filho: A cidade estava preparada para a pandemia da Covid 19?

Fernando Graça: Valença destaca-se no Estado pela estrutura de saúde. Hoje possuímos uma Maternidade Escola de primeiro mundo com 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de neonatal. É uma referência no Estado. Somos 100% integrados com o Sistema Único de Saúde (SUS). Possuímos três hospitais públicos no município, sendo que o Hospital Escola e a sua Organização Social (OS) são uma referência na região. Nossos PSFs são todos geridos em parceria com a Universidade, através do COAPs, com médicos especialistas. Em saúde sempre há o que melhorar. Precisamos de uma estrutura de informática de melhor qualidade, com uma internet mais confiável para melhorar a marcação de consultas. Precisamos trazer um serviço na área do tratamento de quimioterapia. Enfim, sempre precisamos melhorar. Durante a pandemia Covid 19 fomos referência: menor letalidade do Estado (proporcional). Implantamos, por nossa conta, 10 leitos de UTI e 40 de enfermaria, só para a Covid 19 dentro do Hospital Escola. Criamos um PS específico para Covid 19. Fechamos a cidade quando foi necessário e flexibilizamos quando a saúde permitiu.

Luiz Fernando Furtado da Graça Filho

Prestes Filho: Nas áreas da educação e do esporte também obtiveram êxito?

Fernando Graça: Sim. Estivemos entre as melhores escolas no IDEB na região sul fluminense. Fomos exitosos com experiências pedagógicas. A escola “Pingo de Mel” de Parapeuna foi uma das melhores do Brasil. No Ciep do bairro Chacrinha foi implantado o regime de tempo integral com enorme sucesso. Mas a crise econômica do município, combinada com a crise dos precatórios, comprometendo o orçamento do município, e principalmente a crise política e econômica do Estado, nos deixou numa situação de abandono. Comprometeu os investimentos no esporte. Ainda assim voltamos com a liga de futebol; investimos em quadras modernas e cobertas; e estabelecemos parceria com as universidades. Parceira foi uma marca do nosso governo. Principalmente, em eventos e festas tradicionais da cidade. Tanto que a expressão “cultura da parceria” marcou nossa gestão.

Prestes Filho: Sua família tem tradição politica em Valença?

Fernando Graça: Meu pai, saudoso Fernando Graça, foi vice-prefeito e prefeito quatro vezes. Marcou seu nome na história não só de Valença, mas do Estado. Amado pelo povo, em cada canto tem uma obra dele. Nossa família cresceu com os seus valores de honestidade, austeridade. Principalmente, de uma enorme preocupação com os mais necessitados. Recebi esta herança, este legado e procuro levar adiante imprimindo minha visão de mundo sem perder, contudo, a humanidade e o respeito ao social. Hoje vivemos tempos difíceis, onde dizer não foi necessário. Nenhum político gosta de dizer não. Mas foi estes “nãos” que me permitiram andar de cabeça erguida e poder hoje estar candidato à reeleição, com meu vice Hélio Suzano, obtendo grande aceitação. Com a morte de meu pai, logo no primeiro ano de seu quarto mandato de prefeito, minha família me escolheu para a levar adiante o legado. Fui vereador mais votado e presidente da Câmara quando economizei mais de R$1 milhão que foram devolvidos ao executivo para investir na saúde. Quis o destino que o então prefeito fosse afastado, quando tive que assumir o cargo por seis meses e demonstrar minha seriedade. O que me habilitou a novos voos.

Luiz Fernando Furtado da Graça Filho

Prestes Filho: A eleição é uma importante ferramenta do regime democrático?

Fernando Graça: As eleições são – com absoluta certeza – a base da democracia. Possibilitam a oxigenar o sistema e promover o cidadão ao importante protagonismo no destino de suas cidades. As eleições se configuram naquele mais importante momento do sistema democrático. Fortalecer o processo eleitoral é uma obrigação de todos nós.

Prestes Filho: O Brasil está atravessando um período de reformas, elas vão mudar o cenário municipal?

Fernando Graça: Precisamos avançar com uma profunda revisão no pacto federativo e na questão tributária. Como está hoje, não dá! Os municípios estão inviabilizados, são reféns dos Estados e do Governo Federal. É no município que a vida acontece! Mas se as obrigações do dia-a-dia estão por conta dos prefeitos, os recursos não podem continuar concentrados em Brasília e nos Estados.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).