Por Iluska Lopes –
Oferecendo Enoturismo e vinhos finos de alto grau de especificidade que resgatam a cultura italiana, a Vinícola Cristofoli vem perpetuando a tradição e o nome da Família na Capital do Vinho brasileiro, Bento Gonçalves (RS). Bruna Cristofoli – enóloga e empresária, revelou, em entrevista exclusiva para o jornal Tribuna da Imprensa Livre que a família trabalha incansavelmente com a missão de encantar amantes do vinho e turistas.
Trabalhando na empresa da família desde criança, quando era orientada por seu pai a ajudar com pequenas tarefas do negócio, Bruna destacou: “brevemente vamos inaugurar o restaurante da vinícola, pretendemos ampliar o nosso portfólio de vinhos e espumantes, ampliar a distribuição e mais no futuro, oferecer opções de hospedagem para os clientes, os turistas pedem isso. Não queremos trabalhar com volumes enormes e sim menores, diferenciação, valor agregado, e a mesma lógica segue no enoturismo, nada de grupos grandes, trabalhar em grupos pequenos, privacidade, personalização“.
A Vinícola Cristofoli, referência da Serra Gaúcha, faz parte da Rota Turística Cantinas Históricas e Vale do Rio das Antas, um lugar belíssimo que vale muito conhecer. Perguntada sobre qual vinho podemos saborear nesse período, Bruna Cristofoli recomendou sem hesitar: “Como estamos entrando no verão, a minha dica é o Moscato de Alexandria, é adequado e delicioso”.
Hoje a quarta geração da Família no Brasil, Bruna, Letícia e Lorenzo Cristofoli fazem parte dos negócios, administrando, cuidando da vinificação e do atendimento aos visitantes. Os fundadores da Vinícola, Loreno e Mário são responsáveis pelos vinhedos, e as suas esposas, Maria de Lourdes e Roseli, além de todo o apoio no empreendimento, são responsáveis pelo preparo das deliciosas refeições, receitas da família. Confira a entrevista.
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Iluska Lopes: Fale sobre você, qual é a sua formação?
Bruna Cristofoli: Estudei sempre aqui em Bento Gonçalves, nasci em 1986, em 2001 fiz o curso técnico em Enologia, em 2004 entrei no curso superior de Enologia. Essa é minha formação acadêmica. Fiz uma pós-graduação em Viticultura, e trabalhei por menos de um ano na vinícola Dal Pizzol logo que ingressei na faculdade. Desde criança trabalho na Cristofoli. Também tive experiência de vindima na Itália e Alemanha – é o processo que transforma a uva em vinho.
Iluska Lopes: Qual é a história da vinícola?
Bruna Cristofoli: Fui criada nesse ambiente, estou na vinícola desde pequena, a gente fazia pequenos trabalhos de criança, tipo entrar nos tanques de madeira para limpar por dentro, depois minha tarefa era ajudar a limpar copos. Na Cristofoli havia outro enólogo que dava assistência para meu pai, ele tinha um laboratório, eu limpava esse laboratório, coisas assim sabe… a gente sempre teve essa cobrança, para ajudar nas coisas da família, foi assim que eu entrei na vinícola. E depois de estudar, comecei a ver e aprender mais sobre as coisas que a gente precisava fazer, que precisava melhorar, aí aos poucos, de acordo com a demanda que a gente tinha, fui criando meu espaço.
Iluska Lopes: Como e quando iniciou o cultivo na cidade de Bento Gonçalves?
Bruna Cristofoli: O cultivo da uva em Bento Gonçalves, aqui no Rio Grande do Sul, começa com a chegada dos imigrantes italianos em 1875. Os italianos daqui da nossa região foram pegar mudas de uvas, principalmente a Isabel, com os alemães da região do Vale dos Sinos. O meu tataravô pagou a terra dele em 1896, e eles sempre plantaram uvas, e além das uvas tinham todas as culturas que precisavam para sobreviver, tinham animais de criação, plantavam trigo, milho, cana, tinham horta, tudo que precisava… minha mãe nos conta que na família dela, só compravam café, açúcar cristal e sal, mais nada. Então temos a mesma origem. Naquela época eles cortavam o mato aonde tinha os troncos das árvores, depois os troncos apodreciam, e eles plantavam perto as videiras para aproveitar esse adubo natural, eram terras super férteis, e ainda são. Os primeiros vinhedos antigos eram chamados de le viti seminate, as videiras semeadas, porque eles não faziam fileiras, e todo trabalho era feito à mão, plantavam as videiras aleatoriamente, e não plantavam somente um tipo uva no vinhedo, plantavam mais de uma variedade de uva, assim meio misturado.
Iluska Lopes: Quantas pessoas estão envolvidas com a vinícola?
Bruna Cristofoli: Hoje são 11 pessoas, toda nossa família trabalha lá, e temos mais 4 funcionários. 1 trabalha nos vinhedos, 1 no escritório, 1 rapaz na cantina e 1 moça que trabalha meio turno na vinícola e meio na loja.
Iluska Lopes: Enoturismo é o caminho para o desenvolvimento da região do Vale dos Vinhedos?
Bruna Cristofoli: É um dos caminhos, mas ele não paga a conta toda. É o principal caminho para trazer mais pessoas e turistas para nossa região, para conhecerem o nosso trabalho e tirem alguns mitos da cabeça. O enoturismo é bem importante para isso, mas como disse não paga toda a conta, nossa empresa e muitas outras daqui não podem depender só das vendas nas lojas, é preciso expandir a distribuição do vinho da Serra Gaúcha para todo o Brasil, só assim muitos que talvez não tiveram oportunidade de vir para cá, poderão conhecer os nossos produtos. O enoturismo é um fator importante para a geração de renda, principalmente das empresas menores, ele é vital, mas também é fundamental por uma questão de marketing, por exemplo: uma pessoa vem para cá conhece e gosta, depois acaba virando um divulgador do vinho brasileiro. Isso por conta do enoturismo, ele veio aqui conhecer as pessoas, conhecer o lugar, mas a gente precisa ir além, podemos mais do que isso, precisamos expandir o vinho nacional para todo o Brasil, exportar nosso vinho, criar realmente uma marca forte do nosso país, primeiramente aqui e depois no exterior.
Iluska Lopes: Fale sobre a importância do trabalho da Cristofoli na área de enoturismo?
Bruna Cristofoli: Só existe enoturismo porque existe a vinícola. E aí, o nosso trabalho tem um outro valor quando as pessoas vêm aqui e nos veem realmente trabalhando, recebendo a uva, mexendo no vinho, é muito importante, como dizemos aqui: “mata a cobra e mostra o pau”.
Iluska Lopes: Quais os atrativos e serviços que a vinícola oferece para os visitantes e para os turistas do enoturismo? A Cristofoli conta com um restaurante? Se sim, como foi pensado o cardápio em relação aos vinhos produzidos?
Bruna Cristofoli: Muitos, já convido os leitores para depois da entrevista acessarem nosso site, onde está bem descrito cada opção. Falando de maneira geral, temos a degustação dos vinhos e servimos refeições harmonizadas todos os sábados, também tem passeio pelos vinhedos, temos o edredom nos parreirais que é o nosso piquenique, servimos tábuas com produtos regionais todos os dias. Nós também temos duas experiências de vindima para quem quer vir pisar as uvas à moda antiga, óbvio que hoje a gente não faz mais o vinho assim, mas para quem quer ter essa vivência a gente faz, então isso é no geral. A Vinícola Cristofoli ainda não conta com um restaurante, mas estamos construindo e esperamos inaugurar já no primeiro trimestre de 2021. Sobre o nosso cardápio, servimos comidas regionais, geralmente a comida que nasce numa região também tem a ver com os vinhos daquele lugar, é uma simbiose, servimos as receitas da nossa família, massas caseiras, tortei, nhoque, ossobuco, tudo que tem a ver com a nossa origem, nosso lugar. Combinamos o cardápio com o nosso portfólio de vinhos, diria que para além dessa questão da harmonização está a questão do uso dos produtos locais, servimos o queijo da região e não o queijo brie ou queijo gorgonzola por exemplo, a gente serve azeite gaúcho, nós mesmos fazemos os pães, as focaccias, as massas, isso para nós é bem importante, e a harmonização com os vinhos acaba sendo uma consequência. O paladar e as comidas que existem aqui na nossa região, naturalmente tem haver com os vinhos que são produzidos aqui.
Iluska Lopes: O enoturismo segue em expansão na região?
Bruna Cristofoli: Sim, segue em expansão, todo ano surgem opções novas, desde experiências em vinícolas, até restaurantes, locais para aproveitar ao ar livre, pousadas novas, isso é ótimo para que os visitantes tenham sempre novidades para aproveitar a nossa região. É bom que tenha vários lugares e opções, assim aumenta a estada do turista em Bento Gonçalves e região.
Iluska Lopes: Quais parcerias a Cristofoli desenvolve? Quais são as perspectivas para o futuro?
Bruna Cristofoli: Como aqui tudo é em família, trabalhamos com um casal de primos nossos que são parceiros no tour de vinho e paisagem, também tem um roteiro de vindima que é chamado ‘fascínios da vindima’, desenvolvido em parceria com a vinícola Salton, a vinícola Cainelli, e com a Giordani Turismo. Existem parcerias com outras agências da região. Para o futuro a perspectiva é inaugurar nosso restaurante, pretendemos ampliar o nosso portfólio de vinhos e o portfólio de espumantes, ampliar a distribuição e mais no futuro, quando o restaurante estiver redondinho, ter opções de hospedagem para os nossos clientes, porque os turistas já nos pedem isso. Não queremos trabalhar com volumes enormes e sim menores, diferenciação, valor agregado, e a mesma lógica segue no enoturismo, nada de grupos grandes, trabalhar em grupos pequenos, privacidade, personalização, é isso.
Iluska Lopes: Existe algum rótulo de vinho alternativo ou estudo para elaborar um?
Bruna Cristofoli: Se for rótulo alternativo tipo, ah vamos fazer um vinho laranja, um natureba, isso por enquanto a gente não tem planos. Eu particularmente gosto muito da agricultura biodinâmica, mas isso seria uma mudança para toda a família, então tem que ir devagarinho. A opção que oferecemos de vinhos diferentes, são pequenas vinificações que elaboramos, temos esses vinhos de reserva guardados na nossa adega, e temos um canal direto com nossos clientes chamado ‘Confraria Família Cristofoli’, que funciona como uma lista de transmissão pelo WhatsApp. Nessa canal enviamos todo mês um conteúdo sobre vinhos e uma opção de compra, também algum kit, disponibilizamos para os clientes que participam da confraria esses rótulos diferentes, que sempre tem uma masterclass ou um talk, para explicar que produto é aquele, o que nos inspirou para elaborar aquele vinho. Para participar da ‘Confraria Família Cristofoli’ não paga nada, basta salvar o número na agenda do telefone para receber a lista, e nos escrever dizendo o nome e a cidade pedindo para participar da confraria, essa é nossa política de privacidade, e assim todo mês enviamos novas mensagens. Venha nos visitar, esperamos vocês na Vinícola Cristofoli.

Acesse: https://vinhoscristofoli.com.br/
Confraria Família Cristofoli: (54) 99693-5189

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ILUSKA LOPES – Jornalista, Especialista em Turismo, Professora, Locutora, Colunista e Diretora de Redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
iluska@tribunadaimprensalivre.com

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