Redação –
A mulher ouvia uma série de ofensas racistas e chegou a ser ameaçada com uma arma pelo delegado de Proteção ao Meio Ambiente.
O delegado de Proteção ao Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Mauricio Demétrio, é acusado de cometer injúria racial contra uma ex-faxineira da delegacia onde trabalha. A mulher, que não teve o nome divulgado, trabalhou entre 2002 e 2008 no local e relata que, durante o período, escutou do delegado ofensas racistas como “frango preto de macumba” e “macaca” e chegou a ser ameaçada com uma arma.
O medo de registrar o crime na delegacia de polícia na época era grande, por medo de represálias, e por isso ela decidiu relatar a ocorrência em cartório de registro de notas.
Em entrevista ao O Globo a vítima relatou como era a atmosfera na delegacia, enquanto trabalhava lá. “Esse cara (Demétrio, cujo nome evita pronunciar) entrou lá. Tudo ficou muito ruim para mim. O clima era péssimo”, descreveu.
“Num dia de chuva, quando eu puxava (com o rodo) a água da frente da delegacia, ele (Demétrio) escorregou e caiu de bunda no chão. Não era culpa minha, mas ele se levantou irritado. Sacou a arma e disse: ‘Vou te matar, sua filha da puta. Eu vou te dar um tiro nessa sua cara, sua preta. Ele me chamou de todos os nomes: macaca, macumbeira, frango preto de macumba”, ela relatou também.
E as ofensas não se limitaram à mulher. Segundo ela, Demétrio chamava seus filhos de “coisa ruim do capeta” e “ sementinhas do mau”. A irmã da vítima conta que sugeriu que ela denunciasse o caso, mas que a mulher tinha muito medo de sofrer represálias. “Era todo dia uma agressão. Às vezes, ela chegava até chorando, dizendo que aquele homem a agredia com ofensas racistas. Ela sempre chegava para baixo. Cheguei a falar com ela para registrar o caso na delegacia, mas ela dizia: ‘Não, não, não. Ele conhece muita gente e pode fazer alguma coisa comigo’. Ela tinha pavor desse delegado”.
Segundo depoimentos dela, outras pessoas da delegacia a protegeram de momentos como esse, como o titular da delegacia, Marco Aurélio Castro. “Eu procurei o cartório porque o doutor Marco Aurélio (Castro), que me ajudou muito, me orientou. Eu tinha medo de registrar na delegacia ou na corregedoria (da Polícia Civil), porque ele comandava tudo. E também porque não daria em nada. O Marco Aurélio nunca concordou com as altitudes do Demétrio. Por isso saiu de lá”, contou.
Sobre o assunto, o delegado Marco Aurélio Castro, que atualmente é titular da 50ª DP (Itaguaí), confirmou ao O Globo a história da mulher, mas negou ter assistido a cena em que Demétrio xingou a ex-faxineira. Ele indicou ainda que ofereceu ajuda à mulher e se lembra de que ela nunca seguia em frente com as denúncias, justamente por temer perder o emprego.
Delegado já foi preso
Em 30 de junho de 2021, Maurício Demétrio foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), na Operação Carta do Corso.
As investigações começaram em 2019, quando um empresário em Petrópolis, acusou o delegado de exigir propina para liberar a venda de produtos falsificados na cidade. Demétrio, na época, era o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).
Em dezembro de 2021, o MPRJ, por meio GAECO do estado, denunciou Demétrio e outro policial civil por fazerem parte de uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de obstrução de Justiça e violação de sigilo funcional.
Esta denúncia deu origem à realização da segunda fase operação Carta de Corso e é um desdobramento da primeira fase da operação.
Sobre as acusações de injúria racial, o O Globo entrou em contato com o advogado Raphael Mattos, que defende Mauricio Demetrio e informou que não fará pronunciamento sobre a denuncia envolvendo a ex-faxineira e o cliente.
Fonte: Correio Braziliense
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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.
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