Redação

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) assumiu a liderança do PSL na Câmara nesta segunda-feira (21) prometendo colocar “panos quentes” na crise do PSL e rearrumar o partido. A sua condução ao cargo, porém, deflagrou uma nova guerra de listas entre bolsonaristas e bivaristas e provocou a destituição de todos os vice-líderes do partido na Câmara.

Eduardo assumiu a liderança do partido no fim da manhã, depois que o antigo líder, o Delegado Waldir (GO), disse que deixaria o cargo por conta de um acordo que teria sido costurado com o governo para que o novo líder do partido fosse escolhido através de uma eleição interna. O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse, por sua vez, que não havia esse acordo e logo apresentou uma lista com 29 assinaturas para que Eduardo Bolsonaro assumisse a liderança do PSL.

A lista a favor do terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro foi validada pela Secretaria Geral da Mesa da Câmara. Logo que Eduardo foi confirmado líder do partido, contudo, os aliados do Delegado Waldir e do presidente do PSL, Luciano Bivar, apresentaram outra lista de assinaturas para tentar recuperar o cargo. Essa lista ainda não foi avaliada pela Câmara, que deve entregar a liderança a quem conseguir recolher mais assinaturas. Mesmo assim, os aliados de Bolsonaro já apresentaram outra lista a favor de Eduardo para tentar se precaver de qualquer nova mudança no entendimento da Câmara. E eles dizem que já estão buscando o apoio de outros deputados para aumentar a relação de defensores de Eduardo e apresentar mais uma lista se for preciso. “Vamos ver quem tem mais lista”, chegou a dizer um deputado.

Nesse meio tempo, Eduardo Bolsonaro reuniu a parte da bancada que é alinhada ao governo. Na foto, compartilhada por alguns deputados nas redes sociais, ele aparece ao lado de aliados como Major Vitor Hugo, Carlos Jordy (RJ), Filipe Barros (PR), Chris Tonietto (RJ), Bia Kicis (DF), Coronel Armando (SC). “Liderança do Governo e Liderança do PSL traçando estratégias para pacificar o partido e representar, de fato, os anseios da população brasileira”, comentou Filipe Barros.

Logo depois disso,  Eduardo anunciou a destituição de todos os 12 vice-líderes do PSL na Câmara – a maior parte deles é alinhada a Bivar. Os novos vice-líderes ainda não foram anunciados, mas a expectativa é de que nomes ligados a Bivar e a Waldir fiquem fora desses postos. Para deputados ligados à família Bolsonaro, é natural que isso aconteça, já que Waldir também tentou suspender os aliados de Eduardo de suas atividades parlamentares enquanto era líder.

Também há uma expectativa, por sinal, de que esses deputados que foram retirados das comissões da Câmara por conta da briga do PSL sejam reconduzidos aos colegiados por Eduardo Bolsonaro nos próximos dias.  “Tudo vai voltar a ser como antes desses atos arbitrários. Deputados reassumirão suas atribuições nas comissões. Vamos em frente!”, confirmou Bia Kicis. “Até quarta-feira, tudo deve ser normalizado”, concluiu Carla Zambelli (SP).

Em vídeo publicado nas redes sociais pelo deputado Daniel Freitas, Eduardo Bolsonaro reforçou que chegou a hora de “deixar a confusão para trás”. “O PSL tem que retornar a ser o partido que era antes. Chegou o momento de botar panos quentes, deixar a confusão para trás e focar no pacote anticrime, na defesa da família, da pauta a favor da legítima defesa, que são as pautas que nos colocaram aqui”, defendeu o novo líder do PSL na Câmara.

Eduardo minimizou o fato de parlamentares como o próprio Daniel Freitas terem assinado uma das listas a favor do Delegado Waldir e agora saírem em defesa de Eduardo. “Peço a compreensão dos colegas internautas porque aqui no meio político foi uma semana muito conturbada, muito cinfusa. Tiveram pessoas de boa fé sim que assinaram as duas listas”. Ele ainda ainda agradeceu o apoio dos deputados que o conduziram à liderança, dizendo que esse apoio é “para que o partido do presidente retornar a ser um partido a favor do governo”. Veja o vídeo:

Aliados do Delegado Waldir e de Luciano Bivar, contudo, continuam conversando sobre o que pode ser feito para reverter essas últimas decisões. Essa ala do PSL deve, por sinal, se reunir logo na manhã desta terça-feira (22) para avaliar os próximos encaminhamentos.

Fonte: Congresso em Foco, por Marina Barbosa