Por Miranda Sá –
Como a memória dos meus primeiros estudos não esmaeceu, recordo o princípio filosófico de que a improvisação não tem lugar num estado de guerra; o conflito armado entre dois países é tão importante que não admite improvisos… É por isto que produziu (ao que sei) três livros com o mesmo título: “A Arte da Guerra”.
O mais antigo, de Sun Tzu, traz as famosas “Quatro Lições” baixadas sob o preceito de “Conheces teu inimigo como conhece-te a ti mesmo; e não perderás a batalha”; outro trabalho com o mesmo tema, é de Maquiavel, que descortinou no Ocidente uma nova ideia de organização do exército, da hierarquia de comando e até então desprezada, a formação de soldados.
A terceira obra, que se fez presente até a 2ª Guerra Mundial é de Carl von Clausewitz, militar e pensador alemão que estabeleceu a doutrina de que a guerra é a extensão da política, conceito que o levou a admitir civis no Estado Maior do Exército.
Esta teoria – que passou à prática – é também do estadista francês, Georges Clemenceau, de quem citei num dos meus artigos por ser um grande admirador dele. Clemenceau escreveu: “A guerra é um negócio muito importante para ser deixada para os soldados”.
Na Era Atômica e o acelerado avanço da tecnologia dos foguetes, satélites, drones e a presença humana na Lua através de robôs, os conceitos do passado se modificam, sem abandonar, porém, dois princípios básicos da arte da guerra e dos estados maiores: a Estratégia e a Tática.
Em tese, atualmente, Estratégia e Tática estão intimamente relacionadas; aplicando as ferramentas da inteligência artificial faz-se pesquisa e se observa a distância, tempo e poder. Não mais para batalhas terrestres, mas para a conquista do espaço aéreo e as profundezas dos mares.
Hoje, o planejamento e a condução que antecedem uma guerra dependerão de uma tática que consiste em valorizar o papel da informação, fundamental para determinar a estratégia de movimento: seja para incursão inesperada pelo inimigo ou na ação retardadora como prevenção da própria defesa.
Para ver que nada há de extraordinário nisto, constatamos tais ações no dia-a-dia das nossas vidas em sociedade, e pela observação que fazemos, na sistemática política; vem dar razão à Clausewitz atestando a preeminência dos objetivos políticos em relação às guerras.
Fui cobrado semana passada por um colega tuiteiro sobre a defesa que faço para o diálogo e a paz afim de encerrar o trágico capítulo da guerra na Faixa de Gaza. Respondendo-o, declarei-me “um inveterado pacifista”. E sou.
As estratégias e táticas que conduzem a guerra são insensíveis e inclementes. Temos na História o exemplo de Winston Churchill – o herói inglês da 2ª Guerra – dizendo num discurso aos compatriotas que “na guerra os meios empregados não têm importância, já que é preciso causar o maior mal ao inimigo”.
Churchill não inventou nada. Aprendeu a lição dos antigos gregos e a estratégia de usar o cavalo oco para surpreender e derrotar os troianos e ocupar a sua cidade.
Enquanto isto, os exemplos da estratégia e da tática pelos polarizadores eleitorais no Brasil atual são tragicômicas: o capitão Bolsonaro usou generais de pijama para tramar um golpe; sem apoio da tropa, incentivou uma pá de babacas fanáticos irem para as portas do quarteis e fracassou.
Seu rival, o pelego Lula, foi mais malandro; infiltrou agentes ideologizados no STF para anular suas condenações por corrupção em três instâncias jurídicas, e conseguiu, mas desmoralizou a Justiça. Para sempre.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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