Por Luiz Carlos Prestes Filho –
Faz um ano que o dono de uma das potentes e belas vozes da música romântica brasileira, Agnaldo Timóteo, venceu grave crise de saúde. Hoje, plenamente recuperado, ele tem a convicção de que o Brasil – também – vai se restabelecer após a pandemia Covid-19: “Vivemos um momento trágico, principalmente os artistas que como eu não conseguiram fazer fortuna. Estava tudo pronto para minha volta ao trabalho, depois do AVC e do princípio de infarto que tive em maio de 2019. A pandemia atrapalhou, mas tenho a certeza que tudo isso vai passar e os nossos palcos vão voltar a se encher de luz. Eu voltei, a cultura brasileira vai voltar”.
Mestre e exemplo na arte, com multidões de seguidores apaixonados, o cantor destaca: “Tenho 83 anos bem vividos; 56 de carreira profissional; 76 discos, CDs e álbuns musicais gravados; e, finalmente, milhões de espetáculos realizados, sempre lotados com fãs fieis. Imagine Luiz Carlos, como é difícil para mim ficar em isolamento social! Mas o que fazer, faço parte do grupo de risco. Consequentemente, sou um dos detentos. Raramente saio de casa, quando isso acontece é porque vou marcar na lotérica as cartelas da Mega Sena ou na esquina para apostar no Jogo do Bicho. Claro que sempre vou de mascara, esse grande antidoto da epidemia. Quem está de mascara não passa, quem está de mascara não recebe o vírus”.
Lembro ao amigo que existem os jogos legais ilegais no Brasil: “Quando fui eleito pela primeira vez deputado Federal, com 500 mil votos, num universo de seis milhões de eleitores, briguei pela legalização de cassinos, bingos e jogo do bicho. Até porque com essa infraestrutura teríamos grandes salas de espetáculos, tínhamos no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e no Quitandinha, em Petrópolis. Não teríamos cantoras e cantores desempregados com os casinos funcionando. Maestros com sua orquestras teriam abrigo, assim como bailarinos, cenógrafos, iluminadores e maquiadores. Voltaríamos aos tempos da Carmem Miranda e do Grande Othelo. Mas, lamentavelmente fomos derrotados nas nossas proposições legislativas e não conseguimos transformar essa realidade. Hoje, imagino os cassinos e bingos no Brasil com palcos musicais, gerando muito emprego. Por outro lado, como podemos deixar de reconhecer que o Jogo do Bicho é quem banca o Carnaval da Cidade Maravilhosa”.
Agnaldo diz que o momento vivido tem o seu lado positivo: “Tive colegas no Congresso Nacional que souberam tirar proveito pessoal do mandato e hoje estão milionários. Pessoas que, em momentos difíceis, precisaram da minha ajuda e eu atendi. Quando eu tive que pedir ajuda, os mesmos viraram as costas. Mas, para minha felicidade, eu tenho a família Beija-Flor de Nilópolis ao meu lado. Sem nada pedir recebi todo apoio desse povo maravilhoso que encanta o Brasil com alegria e criatividade. Não posso deixar de registrar que durante o AVC, quando eu estava no interior da Bahia, o atual governador, Rui Costa, sem me conhecer pessoalmente, deu todo suporte. Apoio que garantiu eu estar vivo”.
Profundamente religioso, Agnaldo Timóteo, pede para registrar a letra da canção que fez para o momento.
“Deus, estamos de joelhos para Vós
Rogamos piedade para nós
Venha nos libertar
Deus a epidemia é uma maldição
Bilhões de inocentes na prisão
A espera de um milagre seu
Deus sabemos sua força contra o mal
Vivemos um momento irreal
Com medo da infecção
Deus, derrame sua benção, limpe o ar
De novo a humanidade irá ganhar
A paz e a liberdade de ir e vir
(Deus, Jesus Cristo, tenha piedade de nós
a cada segundo de nossas vidas, seus filhos
agradecem)
LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).
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