Redação

“A Amazônia brasileira é brasileira. É responsabilidade nossa preservá-la e protegê-la. Quero deixar isso claro”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão em Roma, assinalando que o governo brasileiro não aceita ficar com o papel de vilão no debate sobre a preservação da Amazônia, região que é tema do sínodo da Igreja Católica que acontece desde a última segunda-feira (dia 7) no Vaticano.

Em entrevista na Embaixada do Brasil na Itália, Mourão reforçou a soberania brasileira no que diz respeito aos assuntos relacionados ao bioma e disse que se reunirá com representantes do papa Francisco.

DEIXAR CLARO – “A mensagem que eu quero passar, em nome do nosso governo, é que a Amazônia brasileira é brasileira. É responsabilidade nossa preservá-la e protegê-la. Quero deixar isso claro.”

“Nós não queremos ser colocados como vilões, como o governo da motosserra, governo exterminador de indígena, que não respeita direitos humanos. Quero mostrar que estamos comprometidos com os grandes temas do século 21, a preservação da vida na terra”, afirmou. “É um recado pequeno, mas firme.”

O vice-presidente chegou nesta sexta-feira a Roma para representar o governo brasileiro na cerimônia de canonização da Irmã Dulce, neste domingo (13), na Praça de São Pedro, e anunciou que encontrará, na segunda (14), os secretários do Vaticano Pietro Parolin (Estado) e Paul Richard Gallagher (Relações Exteriores). O presidente Jair Bolsonaro alegou oficialmente problemas de agenda para não participar da cerimônia de canonização, em que estarão também outros políticos brasileiros.

O SÍNODO – Convocado pelo papa em 2017, o Sínodo da Amazônia é uma assembleia chefiada por ele com religiosos e especialistas dos nove países da região. Começou nesta semana e acontece até o dia 27 de outubro.

O objetivo é discutir a ação pastoral da igreja na área, além da situação do meio ambiente e dos moradores. Muitas das apresentações feitas nas sessões do evento trataram, nesta primeira semana, do desmatamento na porção brasileira da floresta e da situação dos povos indígenas.

É um mecanismo de consulta do papa. Os convocados debatem e fornecem material para que ele dê diretrizes ao clero, expressas em um documento chamado exortação apostólica. As últimas duas exortações pós-sinodais foram publicadas cerca de cinco meses depois de cada assembleia.

REAGIU MAL – Questionado sobre se os temas prejudicam a imagem do Brasil no exterior, Mourão fez um mea culpa e disse que o governo reagiu mal no início das queimadas, em agosto.

“Óbvio que isso não é bom”, respondeu. “Esse pacote todo gera um certo ruído, e a gente faz nosso mea culpa porque, nos primeiros momentos da crise das queimadas, que é algo que ocorre todo ano, não tivemos uma reação correta.”

“Agora temos que buscar um diálogo melhor, mais positivo, e usar todas as capacidades dos governos federal e estaduais para que as ilegalidades sejam proibidas e que sejam dadas assistências às pessoas que trabalham e produzem ali”, disse.

PAPA FRANCISCO – Mourão declarou ainda que o governo brasileiro não pode considera o papa Francisco um adversário. “O governo brasileiro em nenhum momento pode julgar que o papa é inimigo. Pelo contrário, é o líder maior da Igreja Católica. O que está ocorrendo no Sínodo da Amazônia é algo que está planejado há algum tempo, eu e o governo entendemos a problemática que a igreja enfrenta na região.”

Segundo ele, o presidente Bolsonaro deve organizar uma viagem para a Itália no ano que vem, na qual poderá se encontrar com o papa.

Fonte: O Tempo (Folhapress)