Por Carlos Pronzato –
No inicio de abril, o Professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, fez um alerta: “Todas as outras invasões dos EUA no passado, sempre foram feitas com informações falsas, como no Iraque, por exemplo, sob o pretexto de que havia armas de destruição massiva. Agora, dizem que a Venezuela está envolvida no tráfico de drogas, sendo que o 90% da cocaína que chega aos EUA vem da Colômbia, aliada dos norte americanos, e não da Venezuela. Portanto, neste momento, há uma iminente invasão dos EUA na Venezuela”. A presença militar norte-americana na região foi anunciada pela própria Casa Branca e o comandante do Comando Sul, antes da pandemia, no inicio de março. O presidente Maduro, diante das ameaças de Trump na época, denunciou se tratar de “uma tentativa desesperada de desviar a atenção da trágica crise humanitária que os EUA estão enfrentando como resultado do tratamento errático de suas autoridades antes do Covid-19”.
As tentativas de desestabilização da democracia venezuelana se sucedem desde fevereiro de 2019, quando os EUA, sob o pretexto de uma “ação humanitária”, promoveram uma agressão militar, em conjunto com opositores ao presidente constitucional da Venezuela. Estas tentativas sempre gravitam em torno da figura do autoproclamado presidente Juan Guaidó, com o fundamental aval e suporte financeiro do governo norte-americano e reconhecido pelo governo brasileiro, mesmo depois de o STJ daquele país ter considerado nula a sua autoproclamação. Tampouco devemos esquecer a tentativa de invasão da embaixada do país de Bolívar em Brasília, em novembro do ano anterior, durante a reunião do BRICS, quando 30 pessoas participaram da frustrada ação, que contou com o incentivo do governo de Jair Bolsonaro. A tudo isto devemos acrescentar o oficio enviado pelo Itamaraty à Embaixada venezuelana recentemente, para pressionar a saída do seu corpo diplomático, dois meses depois de declarar que todos os funcionários do governo do país vizinho deveriam deixar o Brasil, e quem ficasse seria considerada “persona non grata”. Em texto oficial, Venezuela acusa o presidente brasileiro de estar “abertamente subordinado” ao governo de Trump.
Neste domingo, um grupo armado de mercenários tentou entrar pelo litoral na Venezuela, com o objetivo de gerar desestabilização, aumentar a espiral de violência e promover a execução de um golpe de Estado, mas foi desbaratado pela Força Armada Nacional Bolivariana. A velha cartada do “combate ao narcotráfico” entra novamente em cena e não se descarta a opção de uma invasão militar tradicional maior para garantir o domínio norte-americano das fontes de petróleo venezuelanas.
CARLOS PRONZATO – Cineasta documentarista, poeta, escritor, membro do IGHB.
MAZOLA
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