Por Wladmir Coelho –
1 – O PIB do Texas ocupa a segunda posição nos Estados Unidos perdendo para a Califórnia apresentando o primeiro um valor superior ao verificado no Brasil a liderança do Estado do Vale do Silício revela a importância do desenvolvimento e inovação tecnológica para a economia estadunidense possibilitando desde o comentarista econômico da Globonews ao mais ingênuo telespectador perceber as origens da disputa com a China em relação ao controle do 5G.
2 – O Texas e a Califórnia pertenciam originariamente ao México anexados aos EUA a partir dos planos imperialistas justificados, para os consumidores de obras de ficção, na superstição conhecida por “destino manifesto” ainda hoje presente nas ações do império a percorrer o mundo com seu potente armamento a intervir aqui e ali em nome da democracia, dos valores cristãos do ocidente.
3 – Destes valores cristãos, ocidentais do imperialismo estadunidense destaca-se a crença no culto a dita liberdade de mercado permitindo a transformação do ar, da água, da vida em mercadoria aspecto traduzido no conhecido modelo de saúde daquele país a conferir a quem pode pagar o acesso aos cuidados médicos o mesmo verificando-se no setor habitacional caracterizado pela eternização do pagamento de tributos aos banqueiros apresentando a mesma sorte os jovens interessados em frequentar uma universidade reservando ao modelo civilizatório de mercado, como é possível verificar, o elemento dinheiro como forma de acessar as mínimas condições de sobrevivência. Veja bem, sobrevivência.
4 – A civilização cristã de mercado proporciona uma espécie de seleção daqueles em condições de sobreviver confundindo como mais apto aquele possuidor de dinheiro para pagar e desta forma garantir a reprodução do modo de vida, veja bem agora refiro-me a vida, repleta de liberdades e luxos dos controladores dos hospitais, supermercados, universidades, empresas de tecnologia, bancos todos entrelaçados pelo interesse e necessidade de explorar ao máximo em nome da valorização de suas ações em Wall Street. Este modelo de base religiosa, confundindo os interesses do capital com aqueles de uma nação a rotular de fracassado todo explorado a residir em seu automóvel, alimentando-se da caridade permite, sem o menor constrangimento, a morte de milhares em nome da liberdade do mercado, este considerado um deus, da ausência de legislação a proteger a população da intemperes, do frio extremo. Vejamos um caso concreto:
5 – O Estado do Texas – aquele detentor de um PIB trilionário – não consegue oferecer aos produtores deste valor, a quem chamamos de trabalhadores, as garantias de sobrevivência durante o rigoroso inverno com temperaturas de até 18 graus negativos no segundo Estado mais rico da maior economia do mundo. No Estado da estrela solitária os trabalhadores estão a sofrer com o frio em função dos constantes cortes – parciais e totais – no fornecimento de energia elétrica utilizada, inclusive, para o funcionamento dos aquecedores. As empresas do setor de eletricidade naquele Estado encontram-se controladas pelo competente – e aqui não faço ironia – setor privado. Competente em sua dimensão lucrativa graças aos métodos administrativos a reduzir qualquer tipo de investimento na rede explorando ao máximo o equipamento existente resultando na sobrecarga e pane optando, os distribuidores, pela receita mais simples: cortar o fornecimento para retardar o colapso total e também evitar a compra de energia mais cara em função do aumento do consumo tudo dentro das normas capitalistas.
6 – A CULPA: Os jornais estadunidenses, aqui em nosso amado torrão traduzidos nas páginas dos grandes veículos com as características coloniais amplamente conhecidas, andam a culpar o corte de energia como decorrência da inesperada onda de frio e devem existir por lá aqueles acreditando em castigos sobrenaturais preferindo os capitalistas a transferência das responsabilidades ao Estado resultando este último aspecto a corrida e exigência de novos incentivos dos cofres estatais. Sim, os controladores do setor de eletricidade do Texas querem mais dinheiro público para investir na ampliação da capacidade da rede e recebem da imprensa dominante o devido apoio cobrando esta a imediata satisfação dos muito ricos. O Estado, por sua vez, representado pelo governador republicano, Greg Abbott, resolveu culpar as empresas capitalistas do setor de energia eólica e as forças da natureza protegendo os donos do petróleo e aqueles da eletricidade. A disputa pelo setor energético não é brincadeira e sua desorganização provoca mortes.
7 – O modelo texano de energia elétrica aproxima-se daquele defendido pelo governo brasileiro da fragmentação – aplaudido pelos comentaristas e defensores da democracia da Globonews, Band News, CNN e outras empresas com nome e atuação colonizadas – substituindo a prática adotada anteriormente de centralização criando, o modelo “modernizante”, uma série de geradores e distribuidores com políticas econômicas diferenciadas impedindo o planejamento e intervenções imediatas em momentos de crise gerando a lucratividade e valorização das ações em Nova Iorque e péssimos serviços no Brasil.
8 – O discurso privatista – vide o caso estadunidense – não exclui a presença do Estado transformado este em simples financiador dos apetites do capital e neste ponto encontramos os fundamentos, os interesses presentes nas chamadas reformas implantadas no Brasil todas, sem exceção, a enfraquecer, deturpar, afrontar, desrespeitar os princípios presentes na Constituição – essa exaltada em sua dimensão política nos editoriais dos grandes meios de comunicação e execrada em seu elemento econômico notadamente nos aspectos relativos aos direitos sociais – introduzidos a partir da necessidade de superação do modelo econômico de base colonial decorrendo desta as determinações para o planejamento econômico considerando, inclusive, a constituição de empresas nos setores da energia, abastecimento alimentar, da água, do esgoto da comunicação e precisamos entender; a partir da Petrobras, Eletrobras, Telebras as empresas estaduais de energia, saneamento e telefonia o Brasil criou as bases para a superação do atraso econômico.
9 – Criou as bases, note bem, todavia a superação foi sabotada, travada pelos interesses do capital interno e externo combinado o primeiro ao segundo revelando a necessária revisão do modelo proposto um tema a confundir os ingênuos com a necessidade de privatização e entrega do patrimônio do povo brasileiro aos interesses do lucro de Nova Iorque.
WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG; Superintendente de Juventude da SEE-MG; Editor do blog Política Econômica do Petróleo e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2018 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ
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