Redação

Embora tenham dinâmica diferente, as disputas municipais indicam cenários que podem influenciar nas eleições de 2022. O resultado das urnas indica o fortalecimento dos partidos do chamado Centrão, grupo de legendas de centro-direita e direita, uma derrota expressiva da extrema-direita, liderada pelo PSL, e uma esquerda ainda dividida.

“A extrema-direita precisa refletir se existe mesmo um movimento conservador no país. Ou se a eleição de 2018 foi atípica e eles foram beneficiados com uma onda antipetista e anticorrupção. Não creio que haja um movimento conservador no Brasil”, observa o cientista político Ricardo de João Braga, do Farol Político, serviço de análise política do Congresso em Foco. “Um movimento conservador precisaria ter organização, consistência, e o que se vê são ideias que mobilizam diferentes vertentes políticas, com foco em geral disperso. Por isso se fala em onda”, acrescenta.

Para Ricardo, partidos de centro e centro-direita, como o PP, o PSD e o DEM, saem fortalecidos pelo número de prefeituras que conquistaram e pela vitória e cidades importantes e devem endurecer as negociações para um eventual apoio ao presidente Jair Bolsonaro em 2020. “Partidos com maior vazio ideológico que ganharam maior espaço agora aumentaram seu capital político e vão cobrar mais pelo apoio na próxima eleição”, considera.

Já no campo da esquerda, segundo o cientista político, a disputa pela hegemonia não teve vencedor. A ida de Guilherme Boulos (Psol), em São Paulo, foi o resultado mais expressivo da esquerda. O PT não elegeu qualquer prefeito nos cem maiores colégios eleitorais do país. PDT e PSB, que se projetavam como forças capazes de superar os petistas, também não conseguiram avançar no xadrez eleitoral. “A disputa por essa hegemonia não avançou para uma solução”, emenda.

Na avaliação do analista do Farol, a falta de protagonismo do PT e do PSL, partidos que tinham acesso à maior verba pública para a disputa, não significa que a polarização política acabou.”A eleição municipal não se polarizou em cima dos temas nacionais. Mas a polarização está na sociedade, nas opiniões políticas. Apenas não foi energizada pela grande maioria das campanhas”, afirma o cientista político.

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Fonte: Congresso em Foco