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EDITORIAL – Trump e o papel do Brasil
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EDITORIAL – Trump e o papel do Brasil

No dia 10 de novembro de 2024, escrevi: “Senti muita vergonha de ser brasileiro testemunhando a bizarrice de vermos certos setores da vida nacional em relação às eleições recém realizadas nos Estados Unidos. O pior de tudo foi ter que assistir a declarações provincianas e descabidas dos dois “líderes” da tal polarização entre nós. Ridículo, não fora trágico, Lula declara apoio a Kamala Harris e Bolsonaro declara entusiástico apoio a Donald Trump. Não é próprio. Não guarda coerência com o interesse nacional brasileiro. Tem potencial de prejudicar nossos interesses, seja na relação bilateral, seja no grande jogo diplomático multilateral. Iguala o Brasil a certas repúblicas de banana”.

Como não podia deixar de ser diferente, o potencial devastador dessa vassalagem de nossos “líderes” só produzem o que há de pior para nosso país. E como líder regional, também para toda a América Latina. Veja o que disse Trump no início de janeiro:

Mas, ainda existe espaço para o Brasil ao menos tentar manter uma relação diplomática com o governo americano. Prossegui em meu texto de novembro passado: “Para o Brasil, bem, eu francamente não creio que haverá grandes mudanças nas nossas relações bilaterais. Elas são mais ou menos as mesmas desde sempre. Se os governos brasileiros cumprem o script que eles esperam de nós especialmente em questões práticas como petróleo, as simpatias e antipatias de nossos respectivos governantes pouco alteram a intensidade de nossas relações.

Vi a calorosa amizade de George Bush filho, de “direita” com Lula, de “esquerda”. Claro que o erro diplomático grosseiro de Lula interferindo, sem necessidade, no processo eleitoral de outro País, e as afinidades toscas de Bolsonaro e sua gangue com Trump vão atrapalhar o diálogo interpessoal, mas a diplomacia vai ter mesmo que agir é em relação à coordenação dos EUA com a Argentina em vários temas, sendo o mais imediato a questão da Venezuela (petróleo).”

“Contas externas estão se deteriorando a uma velocidade preocupante”

No dia 24 de janeiro de 2025, foi divulgado pelo Banco Central o déficit do Brasil do ano anterior:

Na edição de 10 de novembro do ano passado, eu já explicava as razões, ao acompanhar os números a cada mês. Escrevi em editorial: “O Brasil tem hoje um déficit em suas transações correntes com o estrangeiro de mais de 2% do PIB. Esta conta é a diferença entre o que sai de dólares do Brasil e o que entra a cada ano. A grande mídia só fala dos saldos (hoje também declinantes) na balança comercial. Se esquece oportunisticamente dos imensos saldos negativos nas contas de serviços, inclusive financeiros. Trata-se de remessas de lucros e dividendos sem tributação, juros, fretes, royalties pelo aluguel de inteligência alheia e por aí vai. Vejam a erosão das nossas contas externas nas palavras do próprio Banco Central.

Você não lerá isto na grande mídia: “as transações correntes do balanço de pagamentos foram deficitárias em U$ 6,5 bilhões em setembro de 2024, ante SUPERÁVIT de U$ 268 milhões em setembro de 2023. O saldo comercial somou U$ 4,8 bilhões, RECUO de U$3,7 bilhões na comparação interanual, e o DÉFICIT em serviços somou U$ 5 bilhões, aumento de U$1,5 bilhão. O DÉFICIT em renda primária somou U$ 6,5 bilhões.(…) (sendo assim) O DÉFICIT em transações correntes nos doze meses encerrados em setembro de 2024 somou U$ 45,8 BILHÕES (2,07% do PIB) ante U$ 39 bilhões no mês anterior (1,76% do PIB) e U$ 25,3 BILHÕES em setembro de 2023″. Vejam como nossas contas externas estão se deteriorando a uma velocidade preocupante.

Qual o efeito deste fenômeno? É a desvalorização do real. Este é o efeito (a desvalorização) que uma das pernas do “tripé macroeconômico” almeja, que o câmbio flutue para resolver selvagemente este desequilíbrio.”

Nesta terça-feira, dia 28 de janeiro, dia que vocês recebem esta newsletter, acontecerá a primeira reunião do Copom chefiada pelo presidente do Banco Central indicado por Lula, Galípolo. Na última ata do Copom, já estava indicado que os juros deveriam seguir subindo, pelo menos 1 ponto nas próximas duas reuniões. A imprensa iniciou o dia de ontem, segunda-feira (27/01), já vaticinando:

Escrevi em novembro: “A grande mídia em uníssono chantageia o governo fraco de Lula de que o dólar está subindo por falta do corte de gastos. Consequência? Inflação de custos. Consequência estúpida? Alta de juros para conter uma inflação de custos como se fora de demanda.”

Como sempre disse, o governo Lula é aliado de primeira ordem dos banqueiros. Não seria diferente agora com o presidente lulista do Banco Central.

Após esse período que considerei importante de retrospectiva, retornarei aos textos factuais na próxima semana. Neste janeiro pudemos ver como o Brasil segue um caminho, por mim seguidamente alertado, de deterioração das contas públicas e de rendição a um modelo econômico que beneficia o rentismo e estrangula o povo. Vou seguir acompanhando de perto as movimentações em Brasília e nossa economia, para que vocês, assinantes da newsletter O Brasil Desvendado, possam seguir bem informados com assuntos que a grande mídia simplesmente ignora ou deturpa.

Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente, também é editorialista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013). 

SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


 

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