O grave momento por que passa nossa vizinha Venezuela precisa ser examinado com olhar mais complexo do que as simplificações grosseiras, de lado a lado, têm tentado nos impor.
Lula parecia começar a tentar corrigir seus erros históricos em relação ao assunto ficando ao menos calado, enquanto os fluxos “legais” de divulgação das atas com os resultados oficiais das apurações fossem divulgados. O PT e os pelegos de suas centrais sindicais queimaram a largada defendendo como legitimas e regulares as eleições. E Lula foi com os dois pés na casca de banana que ele mesmo jogou no chão. Falou besteira grave, de novo!
Este episódio ao redor das eleições recém promovidas no país vizinho é “apenas”, se se pode usar esta palavra diante do que estamos vendo acontecer, o desdobramento de uma novela gerada pelo acúmulo de erros das diplomacias americana e brasileira.
Sim, a situação atual, independentemente das tragédias históricas que foram se somando (monocultura ao redor de reservas gigantescas de petróleo e elites locais muito corruptas, tanto à direita quanto à esquerda do espectro político) é também um fruto maduro dos graves erros tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos. Os dois países foram se deixando mover por anacronismos ideológicos, de um lado, e por submissão a ditames plutocráticos do outro.
Para entender os “erros” grosseiros de Lula e do PT é necessário que se recuperem as memórias podres de sua promiscuidade com as empreiteiras. Tanto ali quanto cá, é nas tramas da roubalheira promovida pelos dois regimes com as mesmas empreiteiras brasileiras que deve se achar as razões do alinhamento automático de Lula e do PT com o regime do ditador Maduro.
Para entender os erros grosseiros dos sucessivos governos norte americanos, é necessário entender sua submissão, também corrupta, aos ditados de suas megaempresas de petróleo. Tanto faz se democratas ou republicanos na Casa Branca.
Em assim agindo, deixaram o terreno livre para a mais profunda perfuração de nossa região aos interesses de Rússia e da China, os primeiros e apressados em reconhecer a “legitimidade” das eleições sob pesada contestação.
Hoje os especialistas afirmam que a Venezuela tem mais poder de fogo do que o Brasil, sob o ponto de vista de defesa. E possui artefatos capazes de alcançar Manaus de onde provém 8% de nossa produção industrial. O acesso à região de Essequibo, reclamada como sua pelo regime de Maduro, só seria possível através do território nacional no estado de Roraima, dado que na outra ponta da fronteira é floresta fechada, impenetrável a uma força de ocupação, por exemplo. Petróleo na margem equatorial em abundância é do que se trata!
O zigue-zague de Lula está enfraquecendo de forma inédita a natural liderança do Brasil nesta banda do mundo.
Prisões em massa e já quase duas dezenas de mortos são o dia seguinte de eleições contestadas amplamente não só pela oposição, mas por entidades teoricamente equilibradas, como a fundação Carter ou a agência de direitos humanos da ONU.
As urnas da Venezuela são eletrônicas. Melhores do que as brasileiras porque trazem redundância que permitem sua checagem de forma simples. Cada uma delas emite um relatório completo da votação nela realizada – eles chamam de atas – de maneira que a exibição delas pelo órgão eleitoral – obrigação da lei deles – permite totalização incontestável. Por que, até o momento em que escrevo domingo 4 de agosto, de noite, não divulgaram estas atas?
A inferência parece óbvia. Há uma fraude a ser encoberta!
O Brasil não pode tolerar isto! Seja por nossa obrigação histórica, seja especialmente pelos episódios recentes em que quase sofremos um golpe de estado ao redor de tentativa de manipulação justo de suspeita sobre resultados eleitorais. É simplesmente impossível ser um democrata aqui dentro e sancionar uma muito provável fraude em nossa vizinhança.
Mais do que isto, é imoralidade repugnante que a promiscuidade corrupta do lulopetismo com o ditador Maduro, ofenda o interesse nacional e nosso dever com a democracia!
Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente.
DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013).
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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