O Congresso Nacional volta a trabalhar hoje, segunda-feira (3). Focados na corrida eleitoral, veremos Rodrigo Maia entrar em conflito com Jair Bolsonaro, e vice-versa. Maia insistirá na importância da reforma administrativa, e já cobra que o governo envie um projeto sobre o tema que causa repulsa a 90% dos servidores públicos.

Sabemos que mexer nas carreiras do nosso Estado patrimonialista é apagar fogo com gasolina. Na atual correlação de forças institucionais, parece missão impossível de se cumprir. Por isso, Maia cobrará de Bolsonaro o que tem quase certeza que o Presidente terá poucas condições de realizar.

Ao que tudo indica, o Presidente da Câmara dos Deputados quer viabilizar seu nome para disputar a próxima eleição presidencial como vice do apresentador e empresário Luciano Huck. A marketagem de Rodrigo Maia já tem até slogan: “O Brasil é agora”. A frase é usada em todas as coletivas e entrevistas.

Maia tem outros assuntos espinhosos que dificilmente conseguirão se resolver no ano eleitoreiro de 2020 – no qual os parlamentares só pensam em eleger as bases, e deixam as votações da Câmara e do Senado em quinto plano. A listinha de desgastes inclui reforma tributária, reformulação do Bolsa Família, autonomia do Banco Central, PEC da prisão em 2ª Instância, novo marco legal das Parcerias Público Privadas (PPPs) e novo marco de Licenciamento Ambiental.

O Presidente da Câmara fará o jogo de cena de que trabalha para que toda a pauta se concretize, quando, na verdade, nos bastidores, atua para que nada aconteça. Com isso, o presidente da República terá que melhorar a negociação direta com parlamentares, para ficar menos dependente de Rodrigo Maia. Só mesmo a pressão da opinião pública poderá estancar esse jogo duplamente eleitoreiro, forçando a retomada de uma agenda em defesa do Brasil.


DANIEL MAZOLA é Jornalista, Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional. Pós-graduado, especializado em jornalismo sindical. Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio). Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Conselheiro efetivo da ABI (2004 a 2017). Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ). Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/13), editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ), editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF), editor do jornal Folha do Centro (RJ), editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação), subeditor de política do jornal O POVO, repórter do jornal Brasil de Fato, radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ)