Testemunhando a fraqueza e a falta total de disposição de Lula para o enfrentamento dos graves problemas brasileiros atuais e, pior, sua conciliação barata com o que há de mais abjeto na política brasileira e com os interesses das minorias abastadas do País, sinto a sensação de rever Nero tocando lira, enquanto Roma pegava fogo.
Lira é um trocadilho perfeito, pois, se lá na velha Roma, o tresloucado imperador tirava uma música da lira, plangente instrumento de corda, aqui, nosso cansado presidente toca a fisiologia, o clientelismo e a corrupção de seu modelo de governança política com o Lira das emendas parlamentares.
Não parece chocar a quase ninguém mais, nesta república apodrecida, que Lula e o PT, de forma despudoradamente corrupta e clientelista, acabaram de fazer um acordo com o PL de Bolsonaro, para eleger o candidato à presidência da Câmara mais reacionário, e mais comprometido com a esculhambação geral da manipulação do orçamento nacional. Isto apenas uma semaninha depois que as moçoilas arrogantes das globonews da vida exerciam uma patrulha grosseira, e desinformada, sobre os desdobramentos do segundo turno das eleições municipais.
O preço público que comprou o PT foi ridículo: uma vaga para um dos seus para o Tribunal de Contas da União e uma sinecura na mesa diretora da Câmara. O preço verdadeiro: o PT é o maior usuário das verbas da esculhambação geral das emendas parlamentares. O PL de Bolsonaro é só o segundo maior, e igualzinho na prática.
Na velha Roma é histórico que Nero mandou incendiar a cidade para culpar os cristãos. Aqui Lula faz de conta que não foi ele quem conduziu o acordo imoral, mas os petistas.
O pretexto é sempre a rendição covarde, vestida no bordão “não tem outro jeito”. Tem sim! O PSD está ainda apresentando um candidato alternativo. Não creio que seria grandes coisas na prática, mas a mera existência de alguém que confronta o acordão sujo, do PT de Lula com o PL de Bolsonaro, revela as possibilidades que teria um governo minimamente comprometido com a decência e com o mínimo de eficiência no manejo do orçamento público.
É que Lula está visivelmente cansado e totalmente desmotivado para qualquer coisa que não seja o exercício da perfumaria do poder. Do jeito que caminha a cada vez mais notória fraqueza de Lula, é de esperar que chovam mais algumas aberrações deste despudorado e sem contraste ativismo parlamentar, da ala mais extremista da direita do Congresso Nacional.
Os próximos passos já frequentam as conversas da petezada picareta com seus iguais no bolsonarismo: anistia para os vândalos do 8 de janeiro, com uma redação esperta que possa ser estendida ao próprio mentor da tentativa frustrada de golpe de estado, o célebre Jair Bolsonaro.
Mas tenhamos clareza, este pacto oportunista visa mesmo proteger a agenda ultra reacionária dos donos, em comum, de petistas e bolsonaristas, a indestrutível banqueirada. Vem aí o golpe contra o estado de bem-estar social determinado pela constituição federal brasileira.
As moçoilas desvairadas das GloboNews da vida, tão ciosas do patrulhamento ideológico em eleições municipais com sua arrogância desinformada, aqui tocam liras em loas ao “equilíbrio fiscal”. Sem ter sequer noção do que isto significa…
Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente, também é editorialista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013).
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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