Por Pedro do Coutto –
O tenente-coronel Mauro Cid, repetindo em 2022 e também em 2023 um papel semelhante ao que o coronel Jurandir Mamede representou em 1955 contra a posse de Juscelino Kubitschek, seguindo a liderança de Carlos Lacerda que através do microfone da Rádio Globo pregava o golpe militar sob a falsa alegação que seria um contragolpe, transformou-se num personagem da extensa obra de Nelson Rodrigues assumindo o papel de um homem fatal.
Nessa condição, ele se tornou o centro da conspiração e um personagem que centralizava em si as articulações e preocupações do movimento antidemocrático, cujo objetivo era o de violar o resultado das eleições de outubro que levaram Lula novamente à Presidência da República.
DESCONFIANÇA – Pela transcrição de conversas de oficiais superiores do Exército contidas em seu telefone celular, e agora amplamente divulgadas pela Revista Veja na edição que está nas bancas e pelo O Globo deste sábado, ele refletia tanto a profundidade do movimento quanto as dificuldades, baseando-se, como ele disse ao coronel Jean Lawand Junior, na falta de confiança de Jair Bolsonaro no Alto Comando do Exército.
O homem fatal é alguém, para Nelson Rodrigues, capaz de desencadear desfechos impactantes seja no esporte, caso do atacante Valdo, maior goleador da história do Fluminense, campeão carioca em 1959, até figuras semelhantes a do cabo Anselmo, protagonistas de situações extremas.
COMUNICADO – Comandante do Exército, general Tomás Miguel Paiva, divulgou comunicado de importante reflexo no panorama nacional dizendo que a posição do Exército é de respeito total à Constituição do país e ao regime democrático. Com o documento, o general Tomás Miguel, tanto de forma indireta quanto diretamente, condenou todas as articulações subversivas e o eixo localizado na sala de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Mauro Cid tornou-se também em uma fonte de preocupação e acusação contra os que se comunicaram com ele pensando na ofensiva golpista. De personagem fatal e centralizador, Mauro Cid passou a ser um fantasma da conspiração. Os conspiradores temem outras revelações no celular em que dialogavam com o tenente-coronel.
INELEGÍVEL – Em reportagem na Folha de S. Paulo de ontem, Mateus Teixeira destaca que no julgamento que nesta semana que se inicia, o Tribunal Superior Eleitoral deve declarar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível pelo prazo de oito anos. O julgamento está marcado para quinta-feira, dia 22, e produzirá reflexos nos quadros políticos da direita que passará a procurar um nome que o substitua como provável candidato do PL às eleições presidenciais de 2026, sucessão do presidente Lula da Silva que deve disputar a reeleição.
O afastamento de Bolsonaro do universo do voto vai, como é natural, produzir movimentações nas bases conservadoras para encontrar um nome capaz de representá-las nas urnas que decidirão a extensão ou a substituição do presidente da República. Mateus Teixeira destaca o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas como o que apresenta maior densidade e base de votos capazes de torná-lo candidato.
EXTREMISTAS – Mas há o problema, acentuo, da corrente extremista dos conservadores que poderá apresentar alguma resistência ao nome e procurar outro candidato para 2026. De qualquer forma, haverá uma divisão do conservadorismo, a exemplo dessa que ocorre nos Estados Unidos no Partido Republicano.
Entre os republicanos, Donald Trump é apoiado por 61%, o que lhe garante a indicação. Mas não é muito em termos gerais, pois as pesquisas devem procurar saber como vão agir os 39% restantes, se votarão em Biden ou se vão se abster, pois o voto nos Estados Unidos não é obrigatório.
Voltando ao Brasil vemos que também sem Bolsonaro a direita se divide. Tarcísio de Freitas, no fundo da questão, fica aliviado com a ausência de Bolsonaro, mas também preocupado e empenhado em obter os seus votos num eventual combate com Lula da Silva.
CRÍTICA – O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, a quem a Petrobras está vinculada, criticou a atuação do presidente da estatal, Jean Paul Prates, principalmente em relação à política do gás natural, e ao mesmo tempo cobrou publicamente mudanças no desempenho da empresa. É uma nova crise que surge no governo Lula da Silva.
Na Folha de S. Paulo, a matéria é destacada e analisada por Leonardo Vieceli e Nicola Pamplona. No Globo, por Letícia Cardoso, Glauce Cavalcanti e Manuel Ventura. As restrições de Alexandre Silveira a Jean Paulo Prates começaram com uma entrevista ao Valor na qual Silveira discorda do imobilismo da Petrobras em construir novos gasodutos para escoar a produção, mas os projetos não saem do papel.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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