Por Michelle Meneses

A partir da luta incessante das mulheres pelos seus direitos, por melhores condições de vida e por seu reconhecimento dentro da sociedade em todo mundo, foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) a data de 8 de março para celebrar o Dia Internacional da Mulher.

Aqui no Brasil, infelizmente não temos muito a comemorar nessa data, basta um giro diário pelas notícias na imprensa e nas redes sociais para constatarmos a “Via Crucis” de como é ser Mulher em um país extremamente machista.

Nos últimos anos a violência física contra a mulher aumentou absurdamente em nosso país, tornando rotina os casos de feminicídios, onde na maioria das vezes, as mulheres são assassinadas por seus maridos, companheiros ou namorados.

Nunca tantas mulheres foram mortas pelas mãos de seus parceiros, em nome do ” Amor”, “Honra” ,”Ciúmes ” ou pelo simples fato de serem Mulheres.

É uma rotina macabra de abusos sexuais, morais, assassinatos e desrespeito às mulheres brasileiras!

Conforme os dados do relatório elaborado pela Rede de Observatórios da Segurança, “Elas Vivem: dados que não se calam” : 495 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, em 2022.

São Paulo foi o estado com mais registros de mortes: 109 casos.

São dados alarmantes que demonstram a situação de vulnerabilidade da Mulher brasileira.

Qual seria o motivo de tanto ódio contra as mulheres?

Por que os homens brasileiros têm tanta dificuldade em lidar com uma separação, com a rejeição ou simplesmente com o término de um relacionamento amoroso?

A pergunta que não quer calar: Por que o homem brasileiro está tão violento e com tanto ódio das Mulheres?

Precisamos urgentemente fazer essa reflexão para que possamos entender e combater o motivo de tanta Violência contra a Mulher.

O acesso facilitado e descontrolado às armas de fogo, o desmonte das políticas públicas para as mulheres no Governo Bolsonaro, a violência desenfreada dos homens, a falta de rede de apoio para as vítimas de violência doméstica, a morosidade da Justiça e a sensação de Impunidade no país são fatores fundamentais no aumento dos Crimes Contra as Mulheres brasileiras nos últimos quatro anos.

É certo que o Brasil sempre foi um país machista e patriarcal.

Porém, mediante lutas intensas, a mulher brasileira foi conquistando seu lugar na sociedade, no mercado de trabalho e na vida familiar, segundo o PNAD/IBGE em quase metade dos lares brasileiros a mulher é a chefe da família.

Entretanto para muitos homens a ascensão da mulher na sociedade causa um certo desconforto e até mesmo raiva.

Para esse tipo de homem, a mulher é vista como “sua propriedade”, como um objeto a ser usado, abusado e destruído.

Infelizmente muitos se escondem sob o manto de “homens amáveis”, mas ao longo da convivência mostram suas garras de macho dominador e agressivo, e lentamente vão destruindo a autoestima de sua mulher.

É o que se chama de uma relação abusiva que em muitos casos tem um fim violento e trágico.

Essa escalada de violência de gênero é também, o triste resultado da carência de políticas públicas eficazes para combater à violência contra a Mulher.

Mesmo com a aplicação da Lei Maria da Penha na proteção da vida feminina, isso ainda não é suficiente para diminuir os casos de Violência doméstica e feminicídios no país.

Ser Mulher no Brasil é sofrer todo tipo de violência, ataques, insultos, ofensas e agressões, simplesmente por SER MULHER.

Além da violência física e moral, o preconceito contra a mulher é muito grande em nosso país, ainda recebemos salários menores que os dos homens, mesmo quando desempenhamos funções semelhantes; o acesso ao mercado de trabalho é prejudicado pela falta de oportunidades, e para as mulheres que são mães é ainda mais difícil o retorno e a manutenção do emprego.

E para complicar ainda mais essa dura realidade, somos nós mulheres quem arcamos com a dupla jornada de trabalho e afazeres domésticos.

Segundo os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitor), mesmo sendo a maioria do eleitorado brasileiro (53%), a participação da mulher na vida pública e política do país é ainda muito pequena e tímida, refletindo diretamente na ausência de políticas públicas para combater a desigualdade, a violência, o preconceito, a falta de oportunidades e empregos formais para as mulheres.

Diante desse quadro social caótico e desanimador, Convoco todas as Mulheres Brasileiras para que no Dia Internacional da Mulher, possamos usar nossa Voz para conscientizar a sociedade e as autoridades públicas sobre a importância do nosso papel como Cidadãs, exigir que nossas Vidas sejam Respeitadas e nossos Direitos sejam Garantidos.

Ser Mulher no Brasil é um ato de Resistência.
Ser Mulher no Brasil é Nunca Desistir dos nossos sonhos e planos.
A luta continua!
Feliz Dia Internacional da Mulher🌹

MICHELLE MENESES – Advogada, Cientista Política, Escritora, Mãe de 4 filhos e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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