Por Bolivar Meirelles

“Ser ou não ser, eis a questão”. William Shakespeare, frase sua, “roubada” no bom sentido.

Quem não vê o outro, a outra, pensa que vê, nada vê. A introspecção em seus individuais “problemas” nada exercem de prazeroso viver. O introspectivo, ensimesmado “ser”, vagante com seu espelho narcísico, perambula morto por um mundo concreto, vivo. Nada vê, apenas a si. Inexistente num mundo existente. Problemas são os dos outros, refletindo em cima de quem vê. Vivo ser a vagar na Terra. Concreto. Absolutamente real, verdadeiro. Sofredor e pensante. Caminha o caminhar angustiado de quem sofre o sofrimento alheio. Viver apenas a alegria de seus depósitos bancários, o “patrimônio” adquirido, sempre explicável por si, por uma labuta individualizada, sempre verdadeira, quando excessivamente acumulada, na rapina ao trabalho alheio. Sofredor angustiado por incapaz de ver ao seu redor o sofrimento do explorado.

Amenidades percebidas, consumo desnecessário.

Acúmulo de sofrimento. Lá e cá. Morte vivida. Morte vívida. Infortúnio despercebido. Sofrimento do outro. Da outra. Gorduras acumuladas. Corporais e mentais. Nas finanças desnecessárias também. Pesa ao bolso. Pesa à mente, consciente ou não. Navegar ao infortúnio dos que não percebem a morte do outro na morte de si próprio. Explorador de plantão. Na morte contingencial dos seres vivos mortos viventes…Expoentes. Exploradores insensíveis. Caminhantes nessa guarida inexplicável do explorar. Volúpia desagradável de ver multidões de explorados sucumbirem, fisicamente, a sua frente. Rasteira no pensar. Desequilíbrio corporal. Terão, naturalmente, na esbórnia de seu viver, de serem afastados do convívio social. Matadores de seres humanos. Violadores ambientais. Assassinos de florestas, de animais selvagens. Índios, quilombolas resistentes.

Trabalhadores que produzem e necessários são.

No turbilhão de conflitos, mortos vivos desnecessários, exploradores sugadores céleres ao cativeiro de sua inexistência viva e, rápidos, que caminhem para o túmulo de sua desnecessária existência.

BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina.


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