Redação

O presidente da CPI mista das Fake News, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), pretende colocar em votação todos os 80 requerimentos de convocação e convite nesta semana. Entre os possíveis convocados estão o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho e responsável pelas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, e os ex-presidentes Lula e Dilma.

Coronel também deve submeter ao plenário do colegiado a reconvocação de Hans River do Nascimento, ex-funcionário da empresa Yacows, acusada de disparar mensagens em massa durante as eleições de 2018.

Após seu depoimento à CPI, na semana passada, Hans foi denunciado pela relatora da CPI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), à Procuradoria-Geral da República por falso testemunho. Diante de deputados e senadores, ele sugeriu que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, se insinuou sexualmente para ele em troca de informações que embasassem sua reportagem.

A versão dele foi desmontada pela própria Folha, que divulgou as trocas de mensagem que manteve com o funcionário. A declaração também foi repudiada por entidades e autoridades, mas explorada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e outros bolsonaristas.

Palanque político

Em eventual novo depoimento, Hans poderá sair preso da CPI, adverte o senador. “Se confirmar que mentiu, pode ser preso. Qualquer testemunha sob juramento poderá ser preso se mentir”, afirmou o senador ao Congresso em Foco. A mesma observação vale para o filho do presidente, alvo da oposição, e aos depoentes. Parlamentares ligados a Bolsonaro, por sua vez, querem levar à CPI os ex-presidentes Lula e Dilma, o ex-ministro Antonio Palocci e o empresário Marcelo Odebrecht.

Para Coronel, a comissão está chegando a um momento decisivo. “Estamos afunilando as investigações para descobrirmos qual partido ou político usou WhatsApp para disparo em massa ferindo a lei eleitoral. Se chegarmos à conclusão que o Carlos utilizou esse expediente, será importante a sua oitiva. Chegamos a uma fase que não dá mais para ficar focado em ilações. Temos que ouvir pessoas, reunir provas e testemunhas. Não temos tempo para palanque político”, afirmou. “Agirei com total imparcialidade em todos os casos”, acrescentou.

Carlos

O requerimento de convocação de Carlos Bolsonaro foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado. O senador destaca a importância do papel exercido por Carlos na campanha eleitoral do presidente da República.

“O vereador da cidade do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, foi o responsável pela estratégia e operacionalização da campanha de seu pai nas redes sociais em 2018. O próprio presidente da República admitiu que Carlos ‘se destacou à frente das mídias sociais’ durante sua campanha”, argumenta Randolfe no pedido.

“É inegável que o fenômeno das fake news teve grande influência e foi amplamente utilizado na campanha eleitoral de 2018 e no atual governo. É preciso, agora, descobrir os responsáveis pela disseminação dessas notícias falsas, e entender o modus operandi”, emenda o líder oposicionista.

Lula e Dilma

A convocação de Lula é requerida pelo deputado Pastor Marco Feliciano (sem partido-SP), que acusa o partido do presidente de ser uma “máquina de destruir reputações” desde a década de 90. “O que se pretende com a oitiva do condenado é entender como foi montado o primeiro grande aparato político-partidário de produção de notícias falsas com a finalidade de destruir a reputação de adversários políticos”

Já na metade de seu tempo de duração, a CPI das Fake News foi criada para apurar denúncias de utilização das redes sociais para difamar candidatos nas eleições presidenciais de 2018. Segundo Ângelo Coronel, a CPI também avançará com propostas para aperfeiçoar a legislação sobre as redes. “Esta CPI não vai acabar em pizza. Precisamos legislar sobre o que fazem com nossos dados nas redes sociais. Vendem nossas informações sem nos pedir autorização. Eles sabem tudo da nossa vida privada.”

A convocação de Dilma é solicitada pela deputada Carolina de Toni (PSL-SC). “Em delação premiada realizada pela Lava Jato, os marqueteiros, JoãoSantana e Mônica Moura, declararam que foi utilizado dinheiro da Lava Jato – R$ 200 mil – para reativação do perfil digital ‘Dilma Bolada’, com o fim de propagar postagens favoráveis ao governo da época”, justifica a deputada.

A comissão mista deve ouvir, na próxima terça (18), representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Imunizações. Já na quarta-feira (19) a CPI tomará o depoimento de Flávia Alves e de Lindolfo Antônio Alves Neto, sócios-proprietários da empresa Yacows, para a qual Hans River trabalhava. Eles serão ouvidos individualmente. Ângelo Coronel diz que se não conseguir concluir a votação dos requerimentos de convite e convocação nesta semana, devido aos depoimentos, pautará a deliberação para na primeira semana após o Carnaval.


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Fonte: Congresso em Foco