Por Wladmir Coelho

1 – A refinaria Landulpho Alves (RELAM) na Bahia foi vendida por US$ 1,65 bilhão, metade de seu valor real segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), para o fundo de investimentos Mubadala controlado pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, sim um fundo de controle estatal dirigido pelos príncipes sócios da dinastia Bush comprou a reinaria baiana. O fato venda da RELAM foi amplamente divulgado, mas temos até aqui além da metade do preço a metade da informação e vejamos o motivo; o jornal Valor Econômico do dia 10 de fevereiro informa o seguinte: “Mubadala pode ter fundo americano como sócio na RLAM” segundo o jornal da burguesia nacional o agente oculto seria a Diatoms chefiada por Todd Morley um conhecido especulador de dividas públicas e privadas aquelas controladas pelos famosos fundos abutres compradas a preço de banana e cobradas com juros de agiota através da justiça estadunidense – com jurisdição internacional em função dos cercos denominados genericamente de sanções econômicas e quando estes não funcionam através dos mísseis –  proporcionando elevados lucros aos seus detentores e prejuízos gigantescos aos endividados perdendo estes, quando países, a soberania nacional, quando indivíduos a moradia, a dignidade, a vida.

2 –Retornando ao fato valor de venda da RELAM devemos ainda observar a condição de oscilação destes conforme os interesses dos especuladores e apenas para ilustrar a fraude recordo a recente questão envolvendo, segundo os jornais, pequenos investidores que utilizando as conhecidas técnicas dos grandes inflaram as ações da decadente  GameStop elevando o valor total desta de US$ 1,3 bilhão, em apenas dois dias, para US$ 21 bilhões com ações alcançando, em 10 de fevereiro após a denúncia de manipulação e sucessivas quedas, US$ 50,31 enquanto a Petrobras era negociada em US$ 10,28.

3 – O mundo da especulação encontra-se completamente distante da realidade permitindo a valorização de uma rede decadente de lojas de jogos para adolescentes enquanto desvaloriza uma empresa petrolífera detentora de tecnologias sofisticadas, mão de obra altamente especializada, vasta rede de plataformas, rede de refino e distribuição de combustíveis. O valor atribuído a RELAM pode ser entendido como ainda mais reduzido quando observamos a sua condição estratégica para o abastecimento regional correndo os estados e  municípios atendidos, e nestes as atividades econômicas privadas e públicas, o risco de desabastecimento considerando a transferência da elaboração da política econômica do petróleo para Wall Street a partir dos interesses dos acionistas dispostos, conforme observado, a elevar ou diminuir o valor das ações utilizando de todos os meios para este fim. Imaginem amanhã a RELAM utilizada como espécie de boi de piranha a ser dilapidada para garantir os meios necessários a especulação como fica a situação econômica regional? O exemplo da empresa privada responsável pela distribuição da energia elétrica no Amapá revela o quanto a irresponsabilidade constitui um componente da forma capitalista de administrar e os compradores da refinaria baiana são conhecidos por participarem do chamado mercado de risco, manipulador por natureza.

4 – O governo brasileiro pouco ou nada preocupa-se com a segurança energética nacional dedicando seus esforços a entrega dos setores estratégicos amparado em justificativas ideológicas legitimando um verdadeiro saque semelhante aos sofridos por nações ocupadas por forças militares estrangeiras a serviço das elites econômicas vencedoras. O caso brasileiro apresenta, para nossa vergonha, a conivência daqueles encarregados constitucionalmente pela defesa dos interesses nacionais apresentando uma parcela considerável destes a preocupação em manter cargos de chefia (ministros, secretários…) ignorando totalmente a política da morte física e simbólica de nosso povo.

5 – Como é possível observar o governo brasileiro entregou a sanha das hienas da especulação internacional uma refinaria detentora de monopólio regional – outras estão prometidas aos ditos investidores internacionais –  agora incluída na lista de ativos a gerar recursos aos muito ricos as custas dos trabalhadores brasileiros submetidos aos interesses de um monopólio privado.


WLADMIR COELHO – Professor do Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG; Superintendente de Juventude da SEE-MG; Editor do blog Política Econômica do Petróleo e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2018 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.