Categorias

Tribuna da Imprensa Livre

Com Mercadante à frente, o BNDES poderá ser fundamental ao desenvolvimento do país – por Carlos Newton
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante posse do novo presidente do banco no Rio de Janeiro. (Foto: Agência Brasil)
Política

Com Mercadante à frente, o BNDES poderá ser fundamental ao desenvolvimento do país – por Carlos Newton

Por Carlos Newton –

Muito se fala sobre o BNDES, mas pouco se conhece sobre sua importância para a economia do país. Por motivos meramente políticos, o banco de fomento brasileiro, que já foi o maior do mundo, tem sido administrado por gestores verdadeiramente patéticos e até criminosos. Mas o presidente Lula da Silva, apesar de sua notória ignorância, sabe o que significa o BNDES e por isso colocou na presidência do banco um dos melhores quadros do PT, o economista Aloizio Mercadante, ex-deputado, ex-senador e ex-ministro.

Quando Lula assumiu em 2003, tinha de agradar ao aliado PMDB e nomeou para o BNDES o então reitor da UFRJ, Carlos Lessa, que já tinha sido diretor do banco e era respeitado como um dos maiores especialistas em macroeconomia. E Lessa convidou para a vice-presidência o engenheiro e consultor Darc Costa, funcionário de carreira do BNDES e professor da Escola Superior de Guerra.

CADÊ O PROGRAMA – Ao assumir, Lessa se espantou ao constatar que o PT não tinha um programa econômico. Foi procurar Lula no Planalto e o presidente somente lhe pediu que reativasse a indústria naval e procurasse incentivar o setor ferroviário, apenas isso.

Lessa voltou ao Rio, reuniu-se com Darc Costa e os dois traçaram um projeto completo para que o BNDES alavancasse a economia nacional. Para atender a Lula, Lessa incentivou o setor do banco dedicado a ferrovias, depois atravessou a pé a Avenida Chile e foi à sede da Petrobras, que aceitou dar pleno apoio à indústria naval.

Ao mesmo tempo, Lessa e Darc transformaram o cartão de crédito BNDES num importantíssimo instrumento de crédito para micros, pequenas e médias empresas, com juros baixíssimos (1% ao mês) e sem burocracia. Para conseguir o cartão, bastava o empresário requisitá-lo ao gerente do banco no qual a empresa tinha conta corrente. Simples assim.

UMA REVOLUÇÃO – A gestão de Lessa e Darc foi uma revolução econômica. O BNDES entregou aos bancos comerciais as operações indiretas, com gestão dos financiamentos até R$ 10 milhões, e quem liberava era o gerente da agência do banco comercial, que atuava como garantidor do empréstimo.

Acima de R$ 10 milhões, eram as operações diretas, com os recursos liberados pelo próprio BNDES e juros ainda mais baixos do que os do cartão de crédito (cerca de 6,5% ao ano).

Foram beneficiados setores estratégicos da indústria e comércio, como informática, medicamentos, novas tecnologias, shopping centers etc. Ao mesmo tempo, o BNDES ampliou expressivamente o apoio às exportações.

SEM FAVORECIMENTOS – Na gestão de Lessa e Darc, não havia favorecimentos nem restrições, e a economia decolou. Mas todas as operações tinham garantias reais e o índice de inadimplência do BNDES era ridículo, inferior a 1%.

Somente depois da demissão de Lessa, por ter criticado a política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é que o BNDES passou a apoiar financiamentos de obras das empreiteiras no exterior, sem exigir garantias reais.

Esta inovação ocorreu na gestão de Guido Mantega. Na época, ao saber que ia ser substituído pelo então ministro do Planejamento, Lessa até ironizou a nomeação, dizendo que Mantega era um brasileiro com “b” minúsculo.

SEM GARANTIAS REAIS – Esta política de financiar obras da Odebrecht, Camargo Correa, OAS etc. no exterior, sem garantias reais, foi mantida pelos presidentes do BNDES que sucederam Guido Mantega (Demian Fiocca e Luciano Coutinho).

Foram operações que desprezaram as regras prudenciais do BNDES e mostraram ser ruinosas. Além da notória corrupção disseminada pelas empreiteiras nas “nações amigas”, houve o calote da Venezuela, Cuba e Moçambique.

O BNDES jamais teve prejuízo, porque o calote vem sendo coberto pelo Fundo de Garantia à Exportação, criado com recursos públicos oriundos de ações do Banco do Brasil e da Telebrás, com aportes também do Orçamento da União. Quem suporta o prejuízo, portanto, é o cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes.

Morre, aos 83 anos, o economista Carlos Lessa, vítima de Covid-19 Folha1 - Geral
Mercadante precisa seguir o exemplo de Lessa no BNDES

P.S. 1- É muito provável que alguns comentaristas aqui na Tribuna da Internet, adoradores de Lula, tentem contestar essas informações. Em nome da verdade, porém, qualquer interessado pode acessá-las, buscando no Google o endereço Fundo de Garantia à Exportação – FGE , no site do BNDES. É rápido e rasteiro.

P.S. 2 – Quanto a Aloizio Mercadante, ele era senador na época e desde sempre manteve sólidas relações de amizade com Carlos Lessa e Darc Costa. Mercadante conhece bem o trabalho que foi feito e agora pode dar seguimento e até aprimorá-lo.

CARLOS NEWTON é jornalista, editor do blog Tribuna da Internet.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


PATROCÍNIO


Tribuna recomenda!

Related posts

Deixe uma resposta

Required fields are marked *