Por Isa Colli

Brincar no quintal de casa, na rua ou em outros lugares ao ar livre é uma experiência rara para muitas crianças nos dias de hoje, principalmente para quem vive nos grandes centros urbanos. Um dos motivos é que os telefones celulares, videogames, as mídias sociais e até o passeio no shopping center tomam cada vez mais tempo na vida dos nossos pequenos. O resultado é que as brincadeiras tradicionais, como bambolê, pular corda, pular elástico, jogar peão, bola de gude, amarelinha, pique-bandeira e pique-pega estão sendo esquecidas. Essas atividades, no entanto, trazem muitas vantagens para o desenvolvimento da criança e são de grande importância na educação.

Escolas participam de movimento mundial 

A Escola Municipal Jansen Pereira de Melo, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, participa da Semana Mundial do Brincar, que acontece sempre em maio em vários países com o objetivo de incentivar o brincar livre. Em 2018, o colégio realizou diversas atividades para ensinar as crianças de forma lúdica.

Segundo a diretora Sheila Marangoni, a programação faz parte do calendário da Secretaria Municipal de Educação e irá acontecer novamente. Para ela, estimular a brincadeira traz muitos ganhos para toda a comunidade escolar. “Acredito que numa sociedade cada vez mais informatizada, voltada para as tecnologias, nossas crianças ficaram no prejuízo no desenvolvimento de habilidades físico-motoras tão importantes para seu crescimento, também no aspecto intelectual. As brincadeiras antigas possibilitam esse pleno desenvolvimento pois levam ao experimento de suas próprias habilidades, sem falar no desenvolvimento das relações de sucesso e frustrações, afirma Sheila.

O evento mundial, que foi criado pela organização comunitária “Aliança pela Infância”, terá como tema na próxima edição  “O brincar como território de convivência das diferenças”. Segundo os idealizadores, cada vez mais países estão aderindo à ideia do brincar livre.

Explorar na natureza 

A principal proposta deste movimento é mostrar que para brincar não é preciso ter inúmeros brinquedos e equipamentos. Estar na natureza, por exemplo, já dá conta do recado, já que é possível interagir com pedrinhas e folhas, sentir a textura do chão ao brincar descalça, pular corda, correr, escalar, subir em árvores, batucar no corpo, cantar e imitar os bichos.

Brincadeiras antigas ajudam no desenvolvimento 

Quando as crianças correm e saltam, estão construindo seus músculos. Elas queimam energia e isso as deixa cansadas e famintas, melhorando a ingestão de alimentos. Além disso, elas desenvolvem força, resistência e equilíbrio. As brincadeiras antigas também ajudam na coordenação do corpo e até a ter um sono mais tranquilo.

Jogos de amarelinha, pular corda ou pular elástico, por exemplo, ensinam a importância de seguir regras e permitem que as crianças criem noção de espaço, coordenação motora e equilíbrio. O bambolê, como requer esforço e movimentos repetitivos, ajuda no combate à obesidade, além de melhorar a psicomotricidade. A bola de gude estimula a coordenação motora. Já o esconde-esconde, o pique-bandeira e o pique-pega promovem agilidade, estratégia, autoconfiança e a convivência em grupo.

Estímulo à concentração e memória 

Essas atividades são capazes, ainda, de ajudar crianças com hiperatividade, falta de concentração e memória. É importante que tanto pais como professores incentivem e até participem das brincadeiras ao ar livre. Certamente, a garotada terá muito a ganhar em saúde e qualidade de vida.


ISA COLLI – Escritora ítalo-brasileira, de Presidente Kennedy, Espírito Santo, atualmente reside em Bruxelas, na Bélgica. Jornalista, membro do Conselho Consultivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Começou a escrever aos 12 anos, sempre preocupada com o futuro do meio ambiente, e como ensinar as crianças a preservá-lo, atenta aos anseios humanos e às suas dúvidas em relação à vida. Seu primeiro livro foi editado em 2011. O romance, ‘Um Amor, um Verão e o Milagre da Vida’. Porém a partir de 2013, consagrou seu tempo à literatura infantil e conta em 2019 com mais de dez títulos editados, que abordam temas como a sustentabilidade e a necessidade de proteção ao meio ambiente, o respeito pelo próximo, a tolerância às diferenças e a valorização do consumo de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. A autora tem por alicerce a família, em especial, o esposo José Alves Pinto e os filhos Valdeir e Philip. E o sonho de transformar o mundo por meio da escrita, que é o seu principal combustível. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2018 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.