Por José Macedo

As crianças do Sul e do Sudeste, em idade escolar, pouco sabem da história do Nordeste e do Norte brasileiros.

Na verdade, não há interesse dos professores ou, é desconhecimento, talvez preconceito, para ensinar sobre essas Regiões. Desmerecer a importância do nordestino e do Nordeste brasileiro significa ignorância.

É importante, do mesmo modo, ler nossa história, ir ao início do processo de colonização.

Esse início ocorreu em direção ao Nordeste, com a plantação e cultivo da cana de açúcar, com criação de gado, com a exploração do pau-brasil.

O Nordeste foi a porta de entrada de nosso descobrimento. Pedro Álvares Cabral pisou, pela primeira vez, em solo nordestino, em Porto Seguro, Bahia.

Não esqueçamos que, foi na Bahia, onde, descobriu-se a primeira jazida de petróleo, em Lobato, no ano de 1939, significando resistência e nacionalismo, apesar do enfrentamento ao negacionismo e a interesses imperialistas.

A primeira capital brasileira foi Salvador, de 1549 (sua fundação) a 1763.

Foi no Nordeste brasileiro, onde iniciamos a formação de nossa identidade política e cultural, expressando-se na música e na literatura. Aqui, faço, em poucas linhas, algumas indicações para mostrar a ignorância de brasileiros, residentes no Sudeste e Sul do Brasil, não só ignorando o Nordeste, emitindo frases de comportamento racista e xenófobo contra os brasileiros, nascidos nessa Região.

Entendo que, esse comportamento racista é a tradução do preconceito contra o pobre, contra os pretos, contra o índio (a população).

Esse preconceito e racismo são marcas que, se estruturaram, ao longo de nossa história, nas Regiões mais ricas e brancas das Regiões citadas.

O Nordestino que vive ou viveu nessas Regiões, certamente, já presenciou ou sofreu algum tipo de discriminação. Porém, é o nordestino pobre e preto quem mais sofre pelo desdém, deboche, piadas ou desprezo.

É comum em determinadas épocas, sobremodo, em tempo de eleição, presenciarmos ameaças contra o nordestino, através de xingamentos, ameaças de morte e até, sugestões para o Brasil separar o Nordeste, preservando o Sul e o Sudeste. Para estas Regiões o Nordeste e Norte são estorvos e sanguessugas, famintos e preguiçosos, que se alimentam de porcaria, de rato e de lagartixa.

Essas pessoas desconhecem das centenas de brasileiros que contribuíram com a cultura, com a ciência do direito, com a literatura e com os movimentos de libertação política de nosso país, que iniciaram o território brasileiro.

A estrutura e desenho geográficos resultaram das lutas de brasileiros nordestinos, como a expulsão de holandeses e franceses e o 02 de Julho de 1823, na Bahia. Estava lendo um texto, no qual, o Carlos Bolsonaro e o pai, Bolsonaro, declaram-se favoráveis à limpeza étnica, começando com os pobres, começando com o controle demográfico entre pobres, dizendo que, eles sobrecarregam o orçamento nacional, com muitos filhos e sem condição de criá-los.

A manifestação do Bolsonaro e do filho Carlos espelha-se no pensamento de Hitler, a limpeza étnica, preservando a raça ariana.

Charge do Aroeira. (Humor Político)

A limpeza ou a higienização étnica têm como escopo a homogeneização da população, eliminando aqueles considerados “ração inferior”, os pobres, conceito, herdado do médico legista, psiquiatra, italiano, Cesare Lombroso e no Brasil, seu representante, o Médico, também legista, Nina Rodrigues, teoria aceita entre nós, no final do século XIX e parte do XX.

Quem leu “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, encontra essa influência cientificista, darwinista, cujo pensamento foi recepcionado por muitos brasileiros. Após o 1° TURNO das eleições, o Bolsonaro, raivoso, afirmou que, a Vitória do Lula da Silva foi resultado do analfabetismo do nordestino e, entre outras afirmações, de cunho racista e preconceituoso.

Após suas afirmações discriminatórias e xenófobas, houve um eco entre indivíduos, que comungam com suas ideias racistas e higienista.

Assim e por isso, assistimos a xingamentos e ameaças: “os nordestinos devem morrer, não devemos dar empregos a esses famintos e preguiçosos, sanguessugas”, além de sugestões para expulsá-los do Sul e Sudeste.

Dizem: “Morram os nordestinos, miseráveis famintos e analfabetos”, entre outros xingamentos, uma repetição do que disse o Bolsonaro, ao justificar sua derrota no primeiro turno, disse: “ao nordestino burro, sem cultura e analfabeto”.

JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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