Por Miranda Sá

“Um besteirol, mesmo repetido por vinte quatro milhões de bocas não deixa de ser um besteirol” (Anônimo)

Nos Estados Unidos, o presidente Franklin Roosevelt tinha um secretário que aqui e acolá cometia uma asneira, chegava atrasado, esquecia recados e trocava horários, sua mulher, Eleanor, ouvindo suas reclamações sobre o rapaz perguntou-lhe porque não o despedia; e Roosevelt justificou-se por não o fazer: -“Porque ele me diverte, sempre me surpreende, nunca se repete”…. Coisas comezinhas que dão exemplo de uma visão simplista e humana.

Tratava-se de um caso pessoal; na administração pública é impossível ver as coisas com este toque divertido, e Roosevelt neste sentido, era duro com seus auxiliares. Ao se tratar de atender à Nação, ao Povo, não é possível a um governante ser tolerante com mal feitos de qualquer medida.

É como a corrupção: Tanto faz que se reflita pelos milhões ou tostões apropriados do dinheiro público; os seus culpados ou motivadores cometem um crime; e quando se trata de um cristão, deve ser condenado pelos homens e por Deus, como pregava São Crisóstomo, patriarca de Constantinopla e um dos “Padres da Igreja”, título honrado para poucos….

Quando íamos aos milhões às ruas contra a corrupção dizíamos pelas redes sociais que não tínhamos “bandidos de estimação”, uma forma de enfrentar os que queriam defender, por partidarismo ou ideologia, os lulopetistas envolvidos em falcatruas.

Isto só ocorreu antes das eleições e nós só nos demos conta depois, apesar do genial Millôr ter alertado que “acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder”….

É triste constatarmos que o problema criminal no Brasil se torna político. Não é por acaso a campanha contra a Lava Jato que juntou a direita e a esquerda contra Sérgio Moro. Mostra como é difícil enfrentar o crime organizado e a corrupção política.

Confira-se a leniência com que alguns ministros do Supremo Tribunal Federal julgam os corruptos e grandes doleiros, e legalizam os áudios do Juiz e procuradores federais colhidos ilegalmente por hackers. Uma sentença que ajuda condenados por corrupção, como Lula e Sérgio Cabral, desmerecendo a JUSTIÇA (com maiúsculas).

Veja-se, por exemplo, o trabalho que o senador Flávio Bolsonaro está tendo para não provar a sua alegada inocência no caso das “rachadinhas”.  Assim, uma passagem d’ olhos pelo cenário jurídico e as coloridas cortinas da corrupção, assiste a divinização do “besteirol” como contra-argumento em defesa dos “bandidos de estimação”.

Ensinou “herr” Goebbles, que a repetição de uma mentira termina por torna-la verdade nos ouvidos de quem ouve…. Na minha opinião trata-se de um Besteirol; nunca a mentira se tornará verdade. “Besteirol” é uma gíria consagrada pelo povo como “besteira” que chegou sisudamente aos dicionários significando “absurdo”.

Do mesmo jeito como há filmes de bang-bang, policiais, românticos e de terror, o cinema criou “filmes de besteirol” que estão rodando pela televisão como “As Branquelas”, “Os Farofeiros”, “American Pie” e “O Mentiroso”….

Falando n’ “O Mentiroso”, escrevi outro dia um texto mostrando como o presidente Bolsonaro foi de “mito” a “mitômano” pela repetida inconsequência em ignorar a verdade, como tem feito durante toda pandemia do novo coronavírus, receitando remédio da malária para a covid-19 e condenando com xenofobia a vacina chinesa, Coronavac, que está salvando o Brasil.

Como mitômano, Bolsonaro é ignorado pelos seus fanáticos seguidores reduzidos hoje a 24,5% dos brasileiros que o defendem como “Pai da Vacina”. Para esses tolos, tudo o que ele diz e faz é aceito surda e cegamente….

Será curioso saber se esses patetas aplaudirão a medida populista, “à la Dilma”, intervindo na Petrobras, dando um prejuízo de R$ 100 bilhões â empresa. Não duvido; num País onde corruptos festejam a ida dos seus processos às cortes superiores, vai haver alguém aplaudindo o besteirol de Bolsonaro mesmo pagando muito caro por isso….


MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.