Redação

Em meio às pressões do governo Lula pela queda nos juros, mas ainda no escuro em relação à proposta da equipe econômica de novo arcabouço fiscal para o País, o Banco Central seguiu o plano de voo e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quinta vez seguida.

O comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) não trouxe nenhuma menção ao início de um ciclo de redução dos juros. Em um texto curto, o comitê destacou a deterioração das expectativas de inflação para prazos mais longos e voltou a citar a possibilidade inclusive de voltar a aumentar a Selic.

ERA DA INCERTEZA – O órgão enfatizou que incertezas forçam o BC a continuar vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.

Diferentemente do comunicado anterior, porém, a autoridade monetária não citou dessa vez a possibilidade de estacionar a Selic por mais tempo que o previsto em seu cenário de referência.

“O comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, afirma o comunicado.

CONSENSO NO MERCADO – A segunda manutenção da Selic pelo Copom neste ano era consenso no mercado financeiro diante da estratégia anunciada pelo órgão de estabilidade da taxa por um período “suficientemente prolongado”. Os juros estão no maior nível desde janeiro de 2017. Conforme pesquisa do Estadão/Broadcast, todas as 45 instituições financeiras consultadas esperavam a estabilidade em 13,75% ao ano.

Além das reiteradas críticas do presidente Lula e do PT à condução da política monetária sob o comando de Roberto Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não perde a oportunidade de atacar o “maior juro real do mundo”.

Após a volta parcial da tributação sobre a gasolina no começo de março, a equipe econômica dobrou a cobrança por uma sinalização do Copom sobre o início de um ciclo de queda na Selic.

CULPA DA PETROBRAS – O comitê que reúne os diretores do BC até citou a reoneração dos combustíveis como responsável por reduzir a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, mas disse permanecerem alguns fatores de risco: a maior persistência das pressões inflacionárias globais; a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e uma desancoragem duradoura das expectativas de inflação para prazos mais longos.

“Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, afirmou a nota divulgada após o encontro.

Fonte: Estadão

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