Por Osvaldo González Iglesias –
A Argentina é um país que passou por décadas de convulsões, marcadas por constantes altos e baixos que deixaram marcas profundas no tecido social. Esta falta de estabilidade afecta directamente os cidadãos, gerando em muitos casos distúrbios emocionais e, noutros, doenças psicológicas de vários tipos.
Neurose, ansiedade, instabilidade emocional e vícios são algumas das manifestações mais frequentes desta crise, que, longe de oferecer alívio, acabam por deteriorar o potencial criativo e social dos indivíduos. Isto leva, em muitos casos, ao isolamento e a estados depressivos difíceis de superar.
Fatores que intensificam a crise emocional
A falta de previsibilidade económica é um dos principais desencadeadores de desconforto emocional. O medo de não conseguir cobrir as dívidas, manter um nível de vida digno ou garantir o bem-estar familiar gera um sentimento constante de desesperança.
A isto soma-se o impacto da corrupção e da impunidade política, fenomenos que se manifestam na arrogância de líderes que, a partir de posições imorais, tentam ditar o que fazer, o que pensar e como se comportar. Este autoritarismo, combinado com um sistema de justiça que muitas vezes não age com firmeza, corrói a confiança nas instituições e exacerba os sentimentos de vulnerabilidade.
Além disso, os meios de comunicação social, confrontados com a concorrência das redes sociais, adoptaram um discurso sensacionalista e agressivo, muitas vezes carente de substância e verificabilidade. Esta tendência fragmentou a informação, tornando-a superficial e confusa, contribuindo para a desinformação generalizada e para o aumento da incerteza.
O impacto da desinformação na sociedade
Neste cenário, as pessoas ficam presas num labirinto de discursos vazios, sem lógica e significado. Isto facilita a aceitação de argumentos falsos e tendenciosos destinados a manipular a opinião pública em direção a pensamentos hegemónicos.
A política, com a sua falta de bases sólidas e a sua obsessão em perpetuar-se no poder, desempenha um papel central neste fenómeno. Os líderes procuram manter privilégios, garantir a sua impunidade e usar o sistema como meio para enriquecer, deixando o cidadão comum atolado na incerteza. Este modelo não só perpetua a deterioração institucional, mas também promove uma admiração acrítica por aqueles que estão no poder.
Um país que precisa de previsibilidade e liderança honesta
A instabilidade emocional que predomina nos argentinos tem raízes profundas. Desde os traumas de uma economia instável até às consequências do confinamento durante a pandemia, o impacto tem sido severo. A falta de segurança, tanto económica como social, leva muitos a recorrer a vícios e comportamentos autodestrutivos.
No entanto, há uma necessidade urgente de mudança. A Argentina exige uma liderança política séria, capaz, honesta e comprometida com o bem comum. É essencial construir um país previsível, onde as instituições funcionem com transparência e os cidadãos possam recuperar a confiança no futuro.
Só assim será possível reverter os efeitos emocionais de décadas de crise e fomentar uma sociedade criativa, estudiosa e transformadora, capaz de superar os enganos do passado e construir um destino mais promissor.
Esta reflexão não aponta apenas para os desafios que a Argentina enfrenta, mas também para a oportunidade de repensar o seu rumo e curar as feridas emocionais que a marcaram como sociedade.
OSVALDO GONZÁLEZ IGLESIAS – Escritor e Dramaturgo. Director do jornal eletrônico Debate y Convergencia, correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre na Argentina.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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