Por Pedro do Coutto –

O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, nomeado pelo governador Ibaneis Rocha como secretário de Segurança de Brasília, e que nomeado, num dia logo em seguida, entrou de férias e viajou para os Estados Unidos,  onde se encontra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, Moraes determinou a prisão do comandante da Polícia Militar do Distrito Federal por omissão total diante da movimentação de milhares de terroristas que invadiram os Três Poderes da República, cometendo depredações em série num episódio trágico de repercussão, inclusive mundial, em larga escala.

ORGANIZAÇÃO – Está evidente que o ataque foi organizado com o conhecimento de Anderson Torres, inclusive como prova da organização, o jornal Estado de S. Paulo publicou na edição de ontem mensagens captadas entre integrantes da turma, comprovando a existência de orientações prévias e mesmo durante os ataques ao Planalto, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.

Torres anunciou que voltará ao país e se entregará às autoridades policiais. É claro, pois caso contrário seria preso pelo FBI e transportado até o Brasil. Mas essa é outra questão. A ação firme do ministro Alexandre de Moraes está destacada nas edições de ontem, nas reportagens excelentes de Aguirre Talento, Renan Monteiro, Patrik Camponês e  Jeniffer Gularte, O Globo, na reportagem Júlia Chaib, Camila Mattoso, Fabio Serapião e Constança Rezende, Folha de S. Paulo, e também na matéria de Felipe Frazão, Pepita Ortega e Rayssa Mota, Estado de S. Paulo.

O episódio de 8 de janeiro ingressou na história criminal da política brasileira e deixou nítida a intenção de fomentar um golpe de Estado, cuja consequência seria depor o governo Lula legitimamente eleito e implantar uma ditadura no país.  Os subversivos contavam com a adesão de parte das Forças Armadas que não aconteceu. Foi mais um ensaio alucinado de tentar violar a Constituição brasileira e as leis do país.

SUBVERSÃO – Tentativa semelhante havia acontecido no dia 19 de dezembro quando da diplomação de Lula da Silva pelo Tribunal Superior Eleitoral, data em que incendiaram automóveis em Brasília e tentaram explodir um caminhão nas proximidades do aeroporto. Posso adicionar a esses ensaios da subversão a resistência do ex-deputado Roberto Jefferson no ato de transferi-lo de prisão domiciliar em prisão comum determinada também pelo ministro Alexandre de Moraes.

Contavam com relações militares de porte que felizmente não se evidenciaram e com isso o desfecho das investidas foi o que se observa no momento no país. Sem dúvida, Ibaneis Rocha é culpado de omissão criminosa porque não atingiu a segurança da capital do país para conter a multidão que caminhava livremente pela via central de Brasília rumo à Praça dos Três Poderes. Pelo contrário, há filmes transmitidos pela GloboNews e pela TV Globo comprovando diálogos entre PMs e os invasores da democracia.

EXPOSIÇÃO – O governo federal ficou exposto e desguarnecido quando ele mais precisava da segurança e que o quase ex-governador Ibaneis Rocha tinha por obrigação assegurar. Não acredito que ele retorne ao governo de Brasília, inclusive porque o presidente Lula rejeitou o seu pedido de desculpas. A vice que o substituiu afirmou na reunião entre Lula e os governadores que Ibaneis Rocha foi mal informado.

Mal informado? Que governador é esse que assiste a destruição de patrimônio público com risco de vidas humanas e tenta se justificar que foi mal informado. O destino dos envolvidos será entregue ao Judiciário. Por pouco não aconteceu em Brasília uma tragédia ainda maior do que a que ocorreu.

Um capítulo trágico e imundo que ficará registrado para sempre na história do Brasil.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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