Redação –
Dirigentes do Aliança pelo Brasil aconselharam seus apoiadores a usarem as manifestações de domingo para coletar assinaturas para o partido que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar.
A orientação é não se envolver com as pautas dos atos, que originalmente eram contra Congresso e Judiciário, mas “aproveitar” o evento para aumentar o número de apoiadores.
SONHO DISTANTE – A menos de um mês para o fim do prazo de criação da legenda, o Aliança ainda não conseguiu registrar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o número mínimo de assinaturas necessárias para a sua criação, de 492 mil.
Até a última quinta-feira, o TSE havia analisado mais de 22 mil apoiamentos, dos quais 7.298 foram considerados aptos e 15.032 inaptos. Há ainda 55.407 apoiamentos em prazo de análise.
ATÉ FALECIDOS – Dados da semana passada demonstram que a maior parte das assinaturas negadas, 78%, ocorreram porque o eleitor que preencheu a ficha de apoiamento já era filiado a outro partido. Na lista de apoiadores do Aliança, havia ainda a assinatura de eleitores mortos.
Dirigentes do Aliança dizem não pretender entrar na discussão da pauta das manifestações. Reservadamente, eles minimizam que a missão de domingo é “estar onde a população está, sem entrar no mérito da pauta dos protestos”.
CONVOCAÇÃO – No último sábado, em escala em Boa Vista (RR), a caminho dos Estados Unidos, o próprio presidente Jair Bolsonaro convocou a população a participar de manifestações de rua a favor do governo e afirmou que “quem tem medo de movimento de rua não serve para ser político”.
Bolsonaro, porém, refutou que os atos fossem contra o Congresso e o Judiciário. A declaração do presidente acirrou os ânimos de ministros do Supremo Tribunal Federal e de líderes da Câmara e do Senado, que avaliam retaliações.
INCÔMODO – Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), e da Câmara, ficaram incomodados com as declarações. O Globo apurou que Alcolumbre procurou membros do Judiciário para avaliarem juntos um posicionamento dos dois Poderes.
No final do sábado, porém, tanto Alcolumbre como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), concordaram que, às vésperas dos atos, a melhor estratégia é evitar declarações públicas e atuar nos bastidores pela pacificação.
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a declaração do presidente tinha dois objetivos evitar que o Congresso se fortaleça mediante uma manifestação esvaziada e reagir às críticas de Rodrigo Maia.
FAKE NEWS – Durante evento do Instituto Fernando Henrique Cardoso, na sexta-feira, em São Paulo, Maia afirmou que o entorno do governo tem estrutura para “viralizar o ódio” por meio de fake news e disse ainda que Bolsonaro afasta investidores ao gerar incertezas sobre seus compromissos com a democracia e com o meio ambiente.
“Não temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas últimas semanas”, afirmou Maia, durante palestra sobre a agenda parlamentar em 2020.
Originalmente, o alvo das manifestações era o Congresso e o STF. Porém, a repercussão negativa após o presidente compartilhar um vídeo sobre os atos teria feito o presidente a tentar mudar o viés dos protestos.
Fonte: O Globo
MAZOLA
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