Redação

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, enviou uma carta na 5ª feira à chefe do INADI (Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo), Victoria Donda, pedindo que avaliem se suas declarações sobre argentinos, brasileiros e mexicanos correspondem a um ato de indiscriminação.

No documento, ele pede desculpas pela declaração sobre brasileiros e mexicanos  e afirma estar à disposição do INADI. “Observando que foi interpretada por alguns de uma forma que contradiz minhas ações e as nossas decisões de governo, permito-me colocar estas reflexões à sua consideração para os fins que considerais adequados“.

Fernández disse que deseja esclarecer suas convicções “profundas e sinceras sobre a população argentina e latino-americana“. O presidente destacou que a Argentina tem sido um dos países do mundo que mais recebeu imigração européia entre o final do século 19 e o início do século 20, o que permitiu gerar um “inevitável vínculo cultural.”

Por causa das críticas que recebeu após suas declarações, o presidente disse que, segundo “importantes investigações“, cerca de metade da população argentina tem ascendência indígena. “Nós, argentinos, somos o produto dessa história, à qual se soma a presença de muitos outros povos, inclusive migrações de países latino-americanos. Somos a diversidade da qual devemos nos orgulhar. O resultado de um diálogo entre culturas”.

Na 5ª feira (10.jun), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “não existe vacina” para os presidentes da Argentina e da Venezuela. A fala foi uma resposta à declaração de Fernández sobre brasileiros terem vindo da selva. Apesar do comentário, o chefe do Executivo disse que a rivalidade com os argentinos só existe no futebol.

O presidente da Argentina falou que eles vieram da Europa de barco e nós viemos da selva. Eu lembro uma coisa que logo depois que o [Hugo] Chávez morreu assumiu o [Nicolás] Maduro [na Venezuela] e ele falava que conversava com os passarinhos que estavam encarnados na figura do Chávez. Eu acho que para eles não tem vacina, tá ok?”, disse Bolsonaro.

Fernández concluiu a carta para o INADI afirmando que tem orgulho da diversidade do país e que seu governo trabalha por uma convivência intercultural baseada no respeito e no reconhecimento das diferenças. “Espero que estas palavras permitam a compreensão das principais ideias para as quais sempre trabalhei e continuarei trabalhando no futuro”.


Fonte: Poder360