Por Siro Darlan e Silvana do Monte Moreira

Tribuna de Imprensa Livre inicia hoje (11) uma série sobre adoções.

O número de crianças inscritas para adoção no Brasil, através Sistema Nacional de Adoção (SNA) é bem menor do que os interessados em adotar. Sendo assim, por que há tantas crianças nos abrigos, tanta morosidade nos processos de adoção e tantas crianças na fila aguardando a chegada de pais adotivos? Por inúmeras razões. Uma delas é o perfil da criança idealizado pela maioria dos pretendentes. Enquanto a maioria dos adotantes buscam filhos pequenos (em geral até no máximo 5 anos), a grande maioria das crianças aptas à adoção têm entre 6 e 17 anos, além de grupos de irmãos e crianças com algum nível de deficiência.

A adoção é precipuamente um ato de amor. Mas essa não é a única razão, pois um processo de destituição do poder familiar pode durar até 7 anos e meio, fazendo com que crianças e adolescentes envelheçam no acolhimento. Outro ponto é a inflexibilidade com relação a manutenção de grupos de irmãos em uma mesma família em detrimento das adoções compartilhadas com manutenção dos vínculos fraternos. A escolha do mês de dezembro foi intencional. Por que é Natal, e a imagem da Sagrada Família nos é apresentada como exemplo, ideal de família. Concordamos e vamos explicar porque. José estava noivo de Maria, uma linda jovem e pura mulher predestinada. Maria aparece grávida sem que José a tivesse conhecido. José, bom homem, se conforma e adota Jesus, o filho de Maria. Cuida dele, protege-o levando para o Egito quando sua vida, ainda bebê, é ameaçada. Ensina-o a arte de carpinteiro e aguenta suas crises de adolescência, quando Jesus some, abandona seus pai e vai pregar para os doutores do Templo.

Posteriormente Deus se declara Pai de Jesus e o rebelde Jesus segue sua vida perguntando: “Quem são os meus pais e quem são os meus irmãos?”

Esse é o exemplo de pai adotivo que temos na sagrada Escritura. Quantos pai e mães se dispõe a essa paternidade ou maternidade? Muitos, por isso vamos contar histórias de adoções que tiveram seus atropelos de qualquer família, mas que servem para confirmar o texto constitucional, que não existe um tipo de família apenas, mas FAMÍLIAS.

Iniciamos a série contando a história de um casal apaixonado e casados há mais de 30 anos, que adotou não apenas um, mas três filhos. Vamos mostrar a experiência da Família Harrad Reis na versão dos adotados Alisson, Filipe e Jéssica:

Jéssica Alice Harrad Reis

Quando você foi adotada? Porque estava acolhida? Como é a sua família? O que você entende que mudou na sua vida com a adoção? Escreva sobre você hoje, quem é você e o que a adoção representa na sua vida.

Qual a sua idade hoje? Qual sua idade quando foi adotado(a)?

Eu fui adotada após completar 11 anos.

Eu estava acolhida porque eu não tinha condições e nem estudava.

Minha família é unida e divertida.

Mudaram minha educação, meu modo de viver, meu jeito de agir com o próximo e até mesmo minha rotina.

Graças à adoção, hoje sou uma menina estudiosa, educada e muito muito bem criada. Tenho meu ensino básico completo e um ótimo trabalho.

Hoje eu tenho 18 anos, fui adotada aos 11 anos.

Filipe Augusto Harrad Reis

Quando você foi adotado? Porque estava acolhido? Como é a sua família? O que você entende que mudou na sua vida com a adoção? Escreva sobre você hoje, quem é você e o que a adoção representa na sua vida.

Qual a sua idade hoje? Qual sua idade quando foi adotado(a)?

Eu fui adotado aos 8 anos

Por causa que minha mãe não tinha condições de nos manter. A minha família é única, divertida. Mudou a minha condição de vida e tive uma segunda chance de vida e eu sou uma pessoa divertida, e a adoção foi importante para mim e eu tenho conseguido ter uma vida muito boa.

Alyson Miguel Harrad Reis

Quando você foi adotado?

Fui adotado em 2011.

Porque estava acolhido?

Por que minha mãe perdeu o pátrio poder e eu fui pro abrigo!

Como é a sua família?

À família Harrad Reis me ensinou tudo que eu sei e eu serei eternamente grato por isso! Eu amo minha família!

O que você entende que mudou na sua vida com a adoção?

Praticamente tudo, eu aprendi a ler, escrever, a me comportar e me portar como pessoa nos lugares, aprendi a estudar e muitos outros aprendizados que ocorrem todos os dias na minha casa.

Escreva sobre você hoje, quem é você e o que a adoção representa na sua vida.

Hoje eu me vejo um menino forte, que passou por tudo e mais um pouco na vida e hoje sabe lidar com tudo e todos, eu sou um menino muito extrovertido aprendi a amar o próximo e ter empatia com todos, a adoção representa pra mim um ato de amor e carinho, de pessoas que querem compartilhar suas vidas e querem ter filhos e uma vida com eles.

O casal Toni Reis e David Harrad publicou um livro denominado Família Harrad Reis – Uma família de todas as cores e todos os amores, da Editora Artera Cultural em 2021, que conta a história de amor dessa família incrível e maravilhosa.

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Dia 11 estreia a série “Adoções”, por Siro Darlan e Silvana do Monte Moreira

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

SILVANA DO MONTE MOREIRA – Advogada, militante da Adoção Legal, mãe sem adjetivos. Presidente da Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da OAB/RJ (2016/2018, 2019/2021), coordenadora dos Grupos de Apoio à Adoção Ana Gonzaga I e II, membro fundador da Comissão de Direito Homoafetivo da OAB-RJ, Representante para o estado do Rio de Janeiro da Associação Brasileira Criança Feliz, dentre outras atividades que desempenha. @silvanamonteadv


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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.