Por Jeferson Miola

O ministério bolsonarista da Educação [MEC] é palco de vários escândalos de corrupção, em regra abafados, como ocorre em outros ministérios e órgãos do governo militar, inclusive nas Forças Armadas.

Antes do esquema de corrupção de pastores que controlavam a agenda e os repasses de verbas públicas, outros escândalos do MEC ficaram conhecidos, como, pelo menos [1] a fraude milionária com gráficas para impressão das provas do ENEM; [2] a licitação fraudulenta de R$ 3 bilhões para compra de computadores para escolas públicas, por meio da qual 255 estudantes de uma determinada escola receberiam 30 mil laptops, uma média de 117,6 laptops por aluno; e [3] a licitação, também fraudulenta, com superfaturamento de R$ 700 milhões para a compra de ônibus escolares.

A prisão do reverendo e ex-ministro Milton Ribeiro [22/6] recoloca em outros termos a discussão não só sobre a notória e sistêmica corrupção do governo militar, como a respeito da responsabilidade direta de Jair Bolsonaro no esquema de corrupção que derrubou o reverendo do MEC.

Pastor Milton Ribeiro. (Agência Brasil)

roubalheira “em nome de deus”, operada pelos pastores evangélicos Gilmar Santos e Hamilton Moura a mando do próprio Bolsonaro, consistia na cobrança de propinas pelos “agentes de deus” – inclusive em barras de 1 kg de ouro – como pré-requisito para viabilizarem a transferência de verbas do MEC para municípios.

Quando estourou o escândalo, o então ministro Milton Ribeiro declarou que “foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar [dos Santos]”.

Além de não contestar e, portanto, de dar como verdadeira e fidedigna a versão de Milton Ribeiro sobre a atuação corrupta dos pastores em seu nome, Bolsonaro ainda declarou que “eu boto a minha cara [não só a mão] no fogo pelo Milton” [sic].

Desta vez, sem a decretação de sigilo de 100 anos das ilegalidades e ilicitudes para abafar mais este escândalo de corrupção, o governo militar ficou nu.

O bordão eleitoral de Bolsonaro – “Brasil acima de tudo, deus acima de todos” – que, por sinal, é lema do Exército brasileiro [Brasil acima de tudo] é, na verdade, uma corruptela picareta de “roubai em nome de deus”.



A perversão da perversão: a juíza-monstruosa violentou a menina

A perversão da perversão: uma menina de 11 anos de idade, estuprada e engravidada em decorrência do estupro, sofreu dupla violação.

Ela foi violentada pelo estuprador e, depois, não menos grave, esta criança de 11 anos foi violentada pela juíza Joana Ribeiro Zimmer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

A juíza se mostrou absolutamente inapta e inepta para exercer o cargo de juíza, uma vez que comprovou desconhecer aspectos comezinhos da legislação pátria.

Ela cometeu várias violências e violações em série. São violências e violações que, pelos danos materiais e psicológicos produzidos à criança, são equiparáveis aos danos provocados pelo estuprador da menina.

Conforme denunciou reportagem do site The Intercept, a juíza decidiu pelo afastamento da menina da própria família, submetendo-a ao suplício de suportar a gravidez sozinha, desamparada, em um abrigo.

A monstruosa juíza pediu paciência à menina: “mais um pouquinho […], para ele [o feto] ter a chance de sobreviver mais, ele precisa tomar os medicamentos para o pulmão e se formar completamente”, argumentou ela, que asquerosamente chegou a perguntar à menina: “quer escolher o nome do bebê?”.

Para violar os direitos da criança de 11 anos, a juíza Joana Ribeiro Zimmer violou também o Código Penal, que garante o direito ao aborto, independentemente do estágio da gravidez, quando há risco de vida para a gestante e quando a gravidez é resultante de um estupro.

A juíza se assumiu como homicida em potencial, uma vez que a gravidez em criança de 11 anos, além de extremamente arriscada, sujeita a gestante infantil a efetivo risco de morte. Especialistas alertam que gravidez em crianças até 14 anos causa maior mortalidade materna que em mulheres de 40 anos.

A juíza foi afastada do caso. Não porque deveria ser demitida do poder judiciário, mas porque, segundo institucionalmente alegado , alguns dias antes tinha sido promovida na carreira [sic].

É preciso, no entanto, não só demitir a juíza Joana Ribeiro Zimmer do judiciário, como processar esta figura monstruosa e vomitável pelos crimes hediondos que cometeu.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista, Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.


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