Por Sérgio Cabral Filho –
A causa ecológica, da década de 70 do século passado até o início desse século, foi tida como preocupação secundária.
O Partido Verde alemão foi o primeiro a se destacar no cenário político e demonstrar vigor na sociedade germânica. Por lá, a existência do partido no parlamento exige percentual de votos para ter assento e constituir bancada no Bundestag. Os verdes alemães foram bem sucedidos.
Por aqui, gente como Alfredo Sirkis, Fernando Gabeira, Fábio Feldman, Chico Mendes, Carlos Minc, Ailton Krenak, entre outras pessoas, lideravam a luta ambiental de maneira quixotesca. A sociedade brasileira não tinha na agenda principal a preocupação com o clima e suas consequências.
Hoje, a barra pesou de maneira assustadora. O planeta tá mais quente e o mundo sente na pele o que isso significa.
A expansão econômica da China nos últimos 45 anos foi a maior da história da humanidade. 400 milhões de chineses têm padrão de consumo norte-americano e europeu. Sendo que há mais de 1,4 bilhão de habitantes na China e diariamente milhares são incorporados à classe média do país.
Na Índia, 1,4 bilhão de habitantes e um crescimento vertiginoso de seu PIB. Esse ano a Índia alcança quase 3,5 trilhões de dólares de produto interno bruto.
Tudo o que desejamos para a humanidade é prosperidade e distribuição de renda. Entretanto o mundo acordou para a questão central: como crescer? Como expandir a economia e a produção sem explodir o planeta em temperaturas insuportáveis?
Os exemplos são diários, de calor e tempestades que matam milhares de pessoas. Eventos climáticos assustadores.
O presidente Lula segue para a COP 28 em Dubai com uma grande delegação. Por aqui temos um grande ativo ambiental, biomas extraordinários que precisam ser preservados e, por outro lado, uma produção agropecuária espetacular mas que precisa se adequar às exigências de práticas ambientais contemporâneas.
O extrativismo mineral é outro desafio de nosso país.
O Brasil precisa e pode se reindustrializar com modelos ambientais adequados. Nossa participação industrial no planeta é pequena. Ela precisa crescer com muita tecnologia, qualidade e focada em novos métodos ambientais. A Embraer é exemplo nessa direção.
Só assim teremos condições de competir no mercado internacional.
O modelo ESG, com foco prioritário no meio-ambiente, no social e na governança, passou a ser o sarrafo dos grandes investidores do planeta. Sem o selo ESG fica difícil captar investimentos no exterior com os grandes players do mercado.
Os países europeus já dataram o fim dos carros, ônibus e caminhões movidos a combustível fóssil. A China lidera a produção de energia solar, eólica e mobilidade elétrica no mundo junto com os Estados Unidos.
Os países nórdicos inovam o tempo todo. A Noruega, grande produtora de petróleo, decidiu abandonar projetos de campos já detectados com grande quantidade de óleo. Antiga Statoil norueguesa se transformou na Equinor, empresa que converte seus resultados em novas tecnologias ambientalmente corretas.
Como estará o Brasil em 2040? Um país de matriz econômica com práticas ambientais modernas ou uma nação com seus setores primário, secundário e terciário atrasados e poluentes?
Para a primeira opção, há que se ter um esforço conjunto dos três níveis de governo e a sociedade civil e seus líderes em todos os segmentos.
Um pequeno exemplo: aqui no Estado do Rio criamos o ICMS Verde. Caso o município alcançasse os critérios e padrões ambientais estabelecidos pela lei, como recolhimento do lixo e seu descarte, preservação de rios e encostas, etc, recebiam um valor a mais no repasse do ICMS.
O caminho é uma pauta consensual para investimentos públicos e privados em tecnologia, meio ambiente e distribuição de renda.
Pactuados majoritariamente na sociedade brasileira, viveremos em melhores condições e iremos respirar mais aliviados.
SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.
Instagram @sergiocabral_filho
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